sábado, 5 de dezembro de 2015

Noite de festa e perguntas.

     Ontem foi a festa de final de ano da Escola de Educação Tia Miti, a qual, há 4 anos, a Laura faz parte. A ansiedade pela chegada desse dia, pela parte dela, era grande. Muito ensaio em casa e cantorias das músicas apresentadas fizeram parte da nossa rotina nas últimas semanas.

     Do núcleo Laura Turra Sala, estavam presentes eu, o Bruno e a Vó Lulu. Babamos muito na hora da apresentação da crespa. No último número do espetáculo, todos os alunos subiram ao palco e cantaram a famosa música que por anos fez parte das festividades de final de ano da Rede Globo (Hoje... é um novo dia... de um novo tempo... que começou...), e depois, o Papai Noel adentrou o recinto e, com microfone em punho, perguntou quem das crianças tinha sido nota 10 esse ano e merecia presentes. Obviamente que todos levantaram as mãozinhas e gritaram "Eeeeeeeeeu!!!!". Depois, ele se virou para a platéia e perguntou aos pais se aquilo procedia ou não. Prontamente a Laura espichou o pescoço o máximo que pode e olhou em nossa direção, pra certificar-se da nossa resposta. Depois de concluída a sua participação nas apresentações, a Laura e a Belli (que foi prestigiar o priminho que estuda na Miti) tiraram uma foto com o velhinho de barbas brancas.

     Esse ano, as apresentações de todos os alunos ocorreram e somente depois houve a "formatura" do nível III (alunos que ano que vem ingressarão no ensino fundamental e deixarão de estudar na Tia Miti). Os pais e convidados dos formandos ficaram nas primeiras fileiras de cadeiras, e os familiares dos demais alunos, ficaram dispensados de participar da solenidade, podendo confraternizar e participar das brincadeiras dos pequenos que corriam de um lado pro outro no local.

     Todos corriam, menos a Laura. Ela ficou o tempo todo hipnotizada observando a cerimônia de formatura. Nem pra comer e beber ela tirou os olhos do palco. Do hino nacional, passando pela homenagem do tio Ibirá (professor de capoeira da escola) até o tradicional arremesso do chapéu dos formandos ao alto, ela fez várias perguntas, e seguia com os olhos vidrados nos colegas do Nível III.

 - Por que o nível III tá usando essa roupa comprida e chapéu com pluma?
- Por que o tio Ibirá tá colocando essas cordas nas cinturas deles?
- Por que eles ganharam aquele lápis grandão?

     O lápis grandão representava o diploma dos formandos, e assim fui respondendo todas as indagações. Até que a turma prestou uma homenagem ao coleguinha Santiago, que pela idade, terá que repetir o nível III. Ele é filho de um casal de amigos nosso, e os dois convivem na Escola e já brincaram juntos fora dela (sempre que a Laura vê algo sobre Star Wars, ela fala do Santi, que gosta muito da Saga). Foi bem emocionante ver o carinho da turma pelo colega que fica. Esse momento tocou fundo na crespa.

- Por que tem gente chorando?
- Por que o Santi não se formou?

     Muitos outros  "por ques" se seguiram em alusão ao Santiago, até que convencemos a Laura a ir brincar com os colegas. Passado um tempo, fui dar uma conferida e lá estava ela, com os olhos no palco, conferindo os finalmentes da formatura. Ao final de tudo, como a maioria das pessoas já tinha ido embora, convencer a Laura de irmos pra casa foi tranquilo (ano passado ela saiu aos berros da festa, querendo ser a última a ir embora).

     No caminho de casa, depois de deixarmos a vó Lulu em casa, caiu a ficha na neninha de que ela não brincou nada durante a festa.  Ela ficou muito, mas muito maguary. Em meio a mágoa do momento de brincadeiras perdido, ela ainda indagava a situação do Santi. Ela ficou realmente sentida com a história do amigo não se formar.

     Aí me veio na cabeça todas as formaturas que eu já tive na vida. Também me formei lá na pré escola (no meu tempo só tinha Jardim e pré...), na faculdade, na especialização... (só não me formei no Segundo Grau - sim... era segundo grau lá em 1997 - porque deu um  arerê forte com um professor de física... isso dá uma postagem á parte...). A vontade que eu tive foi de dizer pra Laura aproveitar todas as fases, todos os colegas, o convívio com eles, todos os abraços das profes... e me dei por conta de que é exatamente isso que ela está fazendo. Talvez por isso que ela tenha ficado tão triste em perceber que não brincou ontem a noite.

- Então vamos combinar uma coisa, filha?
Entre lágrimas ela perguntou qual seria o combinado.
- Ano que vem, quando chegar o momento da formatura da festa da tia Miti, tu vais brincar, porque agora tu já sabes como é uma cerimônia de formatura.
Secando as lárgimas, um pouco mais conformada:
- Tá bom, então. Mas e o Santi, vai ficar bem??
- Sim, filha. Fica tranquila que o Santi vai ficar bem.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Respeitando a fila do amargo

     Quarta feira chuvosa, visita da vó Mari aqui em casa e chimarrão rolando. Enquanto eu e a mãe preparávamos o mate, a Laura nos convidou pra brincarmos de massinha.

      E assim foi feito, as três gerações se divertindo. E eu e a mãe, mateando. Depois que ambas tomamos uns 3 mates, a Laura nos olha e exclama:
- Olha, olha!!! Tem que respeitar a fila!!!
A mãe me olhou com um olhar de interrogação. Vendo que eu sorri olhando pra Laura, ela sacou que eu entendi o recado. Foi então que a pequena complementou a reclamatória:
- Agora é a minha vez de tomar um chimarrão.

     Enchemos a cuia até um pouco mais da metade e completamos com água fria. 


     Desde muito pequena (cerca de 8 meses) a Laura toma chimarrão. Não tão quente quanto estamos acostumados, mas é participativa na hora do mate. Por vezes ela quis um chimarrão no momento em que chegou na roda, e eu sempre explico que devemos esperar a nossa vez, que o chimarrão segue uma sequência...

     Nota-se que a informação foi processada com êxito. 
Degustando um amargo.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Sobre corrupção

     De uns anos pra cá, diminuí muito o tempo na frente da televisão, parei de assistir tele jornais,  de ler jornais, de seguir qualquer meio de comunicação nas redes sociais, principalmente quando o assunto é política, que aqui é sinônimo de corrupção, maracutaia. Isso me deixa enjoada. Resolvi não perder meu tempo discutindo que partido é mais idôneo, que político não é um imprestável...  Dos jornais., leio as colunas que não falam desse assunto e  quando a televisão está ligada aqui em casa (o que é raro...), assisto um desenho infantil com a Laura que ganho mais.

     Mas de vez em quando me caem no colo coisas que consigo ver uma luzinha no fim do túnel. Acabei de ler uma notícia: a Marta Suplicy, aquela do "relaxa e goza", e o marido, furaram a fila da Polícia Federal no aeroporto, rumo a Paris, escala deles (sim, aquela fila imensa, que demora, demora...). Os demais passageiros reclamaram e o comandante do avião (francês) fez os dois descerem do avião e passarem a bagagem pelo Raio X sim, como todos os outros passageiros. E aí dizem que os franceses são arrogantes... até podem ser! Mas o exemplo que esse cara nos deu, demonstra que é melhor ser taxado de arrogante de que povo feliz, alegre e dono de um "jeitinho" sem igual, como os brasileiros. Cheguei ao ponto de pensar que, se o comandante do vôo fosse brasileiro, iria deixar por isso mesmo, pois certamente ele ganharia algo mais tarde. Sei que é errado pensar assim, mas... 

     Me incomodo bastante com esse sistema, não me enquadro nesse modelo. Faço a minha parte pra tentar melhorar esse país, mas não tenho esperança em que a situação geral melhore. Não falo da crise atual, e sim dessa cultura de propina, jeitinho, cambalacho, corrupção descarada e aceita.

     Entendi, pesquisando um pouco (e sem querer me aprofundar pra não me desanimar mais ainda), que essa cultura é parte daqui desde os primórdios e que não será a minha filha ou meus netos que verão diferença. Arrego pra político (auxílio residência, auxílio isso, auxílio aquilo), compra de voto, memória curta ou até inexistente dos eleitores, estradas esburacadas, saúde totalmente deficiente (trabalhei 10 anos atendendo pelo SUS, sei do que estou falando, tentei fazer o meu melhor, mas não sei puxar saco de político... e deu pra mim), gente que ganha terra, arrenda e fica tudo por isso mesmo, impostos e mais impostos pra ver esse país desse jeito...  Já ouvi que quem não gosta nem discute política, é mandado por quem o faz. Aceito isso e não discuto. Meu voto é nulo e sempre será, não me conformo em ter que escolher entre o menos pior dos candidatos. Se ao menos os vereadores não recebessem remuneração, como há décadas atrás, até poderia acreditar em pessoas que querem o bem maior pra sua comunidade. 

     Sei que existem problemas em outros países, converso com pessoas que moram fora e concordo que é difícil um país perfeito, mas estou disposta a pagar pra ver. Não sei se vou conseguir, mas gostaria de criar a Laura longe daqui. Se não der, ao menos por hora,  farei o possível pra proporcionar pra ela a experiência de viver em um lugar mais correto. Assim que der, me mando daqui. Quero abandonar o barco, não sinto orgulho de ser brasileira e isso me deixa triste. 

     Certamente algumas (ou todas) as pessoas que lerem isso vão me achar radical. Ok. Respeito a opinião alheia e novamente cito que não discuto. Separei alguns vídeos que tocam no tema corrupção e sei que o buraco é bem mais embaixo. São opiniões que, de uma forma ou outra se fundem com a ideia que eu tenho a respeito desse assunto. 
Tirem um tempo pra assistir, é válido.

     Ah... antes de postar isso, procurei novamente o link sobre o que aconteceu com a Marta Suplicy, e, ao que tudo indica, foi tirado da rede. Apagou-se a luzinha no fim do túnel.




terça-feira, 10 de novembro de 2015

Dúvidas, dúvidas...

     Desde agosto estou frequentado o grupo de estudos do Caminho de Damasco, Centro Espírita aqui de Santa Rosa. Comecei a ler  "O livro dos Espíritos" que faz parte das obras básicas da Doutrina. Essa semana, entrei numa parte que me fez puxar do meu mini dicionário Aurélio, da pré adolescência, que custou 243,- (isso está escrito na primeira folha a lápis, com a vírgula e o travessão; sabe-se lá que em moeda foi pago - cruzeiro, cruzado, cruzado novo...). Ele me acompanha até hoje e reside na gaveta do meu criado mudo, volta e meia dou uma conferida em alguma palavra que desconheço.

     Hoje, ele foi bem usado. Numa das pesquisas (estou estudando a escala espírita), encontrei um resumo do tempo de colégio dentro do Aurelhinho, não sei de que série.  Mostrei pro Bruno e ele começou a rir. Fiquei meio sem jeito de dizer que não sabia utilizar mais aquelas fórmulas. Mal me lembro da existência do seno, do cosseno e da tangente!! Ri também, até que ele me perguntou:

- Tu te lembras disso?
- Não. Nada.
- Pois é... nem eu!
Me senti menos culpada em saber que ele também havia esquecido aquilo. Ele continuou divagando:
- Quanta coisa que a gente aprende no colégio, nunca mais usa na vida e fica lá... perdida.
- Isso me lembra o Divertida Mente, onde as lembranças e informações inúteis são excluídas pra dar lugar pras coisas novas...
- Pois é... acho que é bem assim que funciona mesmo. Mas será que a gente conseguiria usar isso aí hoje?

     Boa pergunta, Bruno. Acredito que essas fórmulas tenham sido excluídas da minha cabeça definitivamente quando passei no vestibular. 

     Daí comecei a questionar um monte de coisas: Em que série foi isso? Como eu pude esquecer dessas coisas? Será que pra ser um Espírito Sábio eu vou ter que dominar o Seno e Cosseno da Soma, da Diferença e toda a Matemática (justo a matéria que eu tenho mais dificuldade)? Se sim, quantas encarnações eu vou levar pra aprender de vez, dominar de cabo a rabo não esquecer essas coisas??

As fórmulas do cosseno da soma e da diferença.
???

Seno da soma e da diferença.
???

sábado, 7 de novembro de 2015

4 anos e "como o nenê vai parar na barriga?"

     Já dizia o sábio Raul Seixas: "Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...". Há algum tempo, nem cogitava a hipótese de ter outro filho, agora... surge lá no fundo a mesma vontade que me veio quando decidimos ter a Laura.

     Nada 100% decidido, até porque a decisão envolve variáveis bem consideráveis, mas estamos deliberando á respeito do assunto em casa. Quando falavamos de um maninho ou maninha com a Laura, ela  era curta e grossa:
- Não quero falar disso.
(E novamente eu sinto não poder reproduzir em palavras escritas certos jeitos dela falar. O "disso" tem o "i" mudo, por assim dizer.)
Há tempos, quando viu a mãe de um colega da escola grávida, ela me comunicou:
- Olha só, mãe; quero combinar uma coisa contigo.
- O que?
- Não quero maninho nem maninha, tá? 

     Isso não significa que ela não goste de bebês. Brinca, ajuda a cuidar... mas quando dissemos que seria legal ter um bebê em casa, a resposta é sempre a mesma:
- Não precisa! Não quero falar disso.

     Essa semana, estávamos eu e ela em casa, nos divertindo muito, e o assunto veio á tona. Muito pacienciosamente, fui perguntando, perguntando... até que descobri o motivo da recusa de ter um(a) irmão (a) mais novo:
- É que vão cortar a tua barriga, aí vai doer e tu vai chorar, mãe!

     Me comovi com a preocupação dela, e expliquei que isso não dói nada, que é bem legal ... etc, etc, etc. Mas estava difícil convencê-la que eu não iria sofrer com a saída do bebê da barriga.  Hipóteses surgiram da cabeça dela:
- E se a gente encontrasse um menininho ou uma menininha pra ser meu irmão ou irmã, sem que eles saíssem da tua barriga? Ia ser legal, né?

     Mais tempo de conversa (e eu me divertindo com o papo) até que ela começou a não rejeitar totalmente um novo membro da família (saído da minha barriga, porque se a gente "encontrasse" um nenê, tudo certo); eis que ela faz aquela pergunta indefectível:
- Mas mãe, como o nenê vai parar na barriga?

     !!!!! Segundos em que eu pensei: "Como assim??? Já me perguntando isso?!! E agora, o que vou responder???". Respondi exatamente o que ouvi da minha mãe, acredito que com uns 5, 6 anos:
- É uma sementinha que vai parar na barriga da mamãe e que vai crescendo, crescendo...
- Ah, tá... legal!

     Matei a curiosidade dela, por hora. Mas agora sou eu que não quer mais falar "disso". 

Terra, Brasil, Rio Grande do Sul e Santa Rosa

     Como a escola da Laura tem uma proposta pedagógica muito legal, sempre há projetos onde as crianças exploram tudo o que podem de um determinado assunto. Há a semana dos animais, da leitura, dos brinquedos de sucata, da natureza... na programação do mês de setembro, obviamente que não pode faltar a semana da pátria e a farroupilha. Durante esse mês, todos os dias a Laura chegava em casa com uma novidade, principalmente em relação aos gaúchos e prendas. Vestuário, comidas típicas, músicas... tudo na ponta da língua e rico em detalhes.
     
     Uma tarde, na volta da escola, ela me perguntou:
- Mãe, como é que a gente pode morar no Brasil, em Santa Rosa e ser gaúcho e prenda??
Imaginei o nó que estava a cabecinha dela, e, da maneira que achei mais lúdica e fácil, tentei explicar que: existe um planeta que parece uma grande bola, que é o planeta Terra. Sem entrar nos méritos de continente, hemisfério, nem nada dessas coisas, resumi que na Terra existe um país bem grande chamado Brasil e que, dentro do Brasil, existe um Estado chamado Rio Grande do Sul, onde nascem os gaúchos e prendas; e que, nesse Estado, existem muitas cidades, sendo uma delas Santa Rosa, a cidade onde moramos.

- Ah, tá... agora entendi.

     Então repeti mais umas duas vezes a sequencia da explicação, pra ter certeza de que tudo havia ficado claro pra ela. 
- Agora, vai completando o que eu disser, ok, Laura?
- Tá!
- Existe um planeta...
- Terra!
- Isso! Muito bem!!
- Na Terra existe o país...
- Brasil!
- No Brasil, existe o Estado...
- "Zunidos"!

      Tive que parar o carro pra rir! Estados "Zunidos" é onde mora a Mana Luiza, sempre citada lá em casa. Me impressionei com a ligação que ela fez! Expliquei isso a ela, em meio às nossas gargalhadas. Depois de mais algumas tentativas, a sequencia da Terra, Brasil, Rio Grande do Sul e Santa Rosa foi compreendida, mas os Estados "Zunidos" foi a parte mais divertida da volta da escola naquela tarde.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

4 anos e as tiradas

     O desejo de fazer aniversário tomou conta da Laura de tal jeito esse ano que me impressionou. Contava os dias, perguntava a todo instante quanto tempo faltava pra ela fazer quarto anos, queria festa, presentes... Os presentes da família foram sendo dados desde agosto, dependendo do desejo e das oportunidades, e se estenderam até o final de semana passado. 

     O maior desejo foi uma mochila de rodinhas, que vinha sendo pedida há muito tempo. A Camila (minha irmã) se comprometeu em presentear a Laura com a "muchi". Por várias noites ela dormiu segurando a alça da mochila.

     O nosso presente foi uma bicicleta, que foi dada no sábado, 24 de outubro, já que a previsão pro dia 25 (que se confirmou) era chuva. As primeiras andadas na bici nova foram tensas, pois o terreno escolhido tinha algumas descidas e a Laura não alcançava nos freios pra poder diminuir a velocidade. Feitos os ajustes, a coisa engrenou.
Na noite que antecedeu o aniversário, o Bruno foi trabalhar e eu e a Laura fizemos sessão cinema na sala. Lá pelas tantas, eu estava cochilando já e fiz o convite:
- Filha, vamos pra cama? A mãe tá com muito sono.
- Pode ir, mãe! - e colocou a mãozinha no rosto, como num toque de mágica. 
- Quando o sono "di mim" vier, eu vou deitar lá contigo, tá? Mas o sono "di mim" ainda não veio, então vou esperar terminar esse filme. Boa noite!

     No dia do aniversário, compareceram lá em casa a Vó Lulu, o tio Temi, a tia Márcia, o Tiago, a Dinda Ita, a Larissa e a Helena. Teve uma bolo com velinha, torta fria, suco e parabéns. 
A relação da Laura com a Helena melhorou bastante depois da sacada que a mãe teve em dizer que, como a Helena é pequeninha, a Laura, sendo maior, deveria cuidar da prima mais nova. Pronto! Agora a Helena é cercada de todo o cuidado e carinho do mundo pela crespa. Até a Lari deixou que a Laura cuidasse da Helena. Ambas pequenas no sofá, brincando e a Larissa pediu:
- Vou subir um pouco pra ficar com o pessoal e tu cuidas da Helena, tá Laura?
- Sim! Pode ir!
Então a Laura se abaixou, olhou bem nos olhos da Helena e disse, colocando as mãos nos ombros da pequena:
- Helena, olha só: a tua mãe vai subir ali na festa "di mim" e eu vou cuidar de ti. Tá?
- Tá! Respondeu a Helena, prestando a maior atenção do mundo.


     A festa da escola foi o apogeu da felicidade da Laura. Foi na quinta feira da semana passada, e na quinta dessa semana teve a festinha de uma colega:
- Filha, hoje tu tens uma festa de aniversário na escola.
- Nossa!!!! Vou fazer assim, agora (apontando os cinco dedos da mão)?!!!!
- Não! É a festa da Luiza, tua colega!
Cara de decepção.
- Ahhhh, mas eu quero fazer aniversário de novo.
- Mas agora só no ano que vem! Aí tu vais fazer cinco anos.
- Tá bom... mas podia chegar logo o meu outro aniversário, né mãe?

     Vai chegar, filha... quando a gente piscar os olhos, teus 5 anos estarão aí...

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

4 anos e o sono

     4 anos da Laura. Sei que é clichê de mãe, mas me pego pensando: "Já???". Sim, já. Não usa mais fraldas pra dormir, vai ao banheiro sozinha e já tem as suas poucas (mas não menos importantes) responsabilidades domésticas que consistem em: não deixar roupas e calçados espalhados pelo chão, tirar os sapatos assim que chega em casa e levá-los até a área de serviço, manter o quarto e o banheiro organizados (dentro do possível). O Bruno colocou um interruptor de luz mais baixo no quarto dela e no banheiro, e a independência foi total. Agora ela transita sem a cadeirinha á tira colo pra poder acender as luzes. 

     Como fiquei um tempão sem escrever, vou relatando as coisas em post diferentes, mas com algo no título que identifique o assunto.

     Até o horário de verão chegar, ela estava dormindo na hora certa, sem problemas. Muitas vezes, estávamos na sala, os 3, lendo, brincando... e ela avisava, dando um beijo em cada um: 
-Boa noite, tô indo pra cama.

     De algumas semanas pra cá, estamos tendo um certo desentendimento nas noites: eu e o Bruno, cansados, caindo de sono, anunciamos:
- Hora de dormir! Vamos lá!
     Dá-se início ao ritual de escovar os dentes, fazer xixi, colocar o pijama... e o beiço da Laura começa a aparecer, junto com afirmações do tipo:
- Eu nunca mais vou dormir.

     E as explicações começam: "dormir pra crescer poder brincar no outro dia", "aproveitar a manhã"... 
- Já disse, não vou dormir nunca mais!
- Bom, então tu podes ficar brincando ou lendo teus livros no quarto que eu e o papai vamos dormir. Beijo, tchau.

     Várias vezes, deitados na cama (muitas vezes ao som do ronco da Bella), enxergamos o vulto da Laura na porta do nosso quarto, de braços cruzados, repetindo que nunca mais vai dormir. Numa noite dessas, ela foi até o banheiro, acendeu a luz e ficou sentada na cadeira, por uns 10 minutos, até que eu fui até lá e a convenci que era hora de dormir.Rola choro, um pouco de  birra... até que ela deita na cama e dorme. 
Na noite seguinte, a cena se repete. 

     No domingo passado, estávamos em Santo Ângelo e o sono nos pegou antes da cena terminar e ela dormir. Acordei e vi que a laura não estava no quarto. Fui pra sala, onde a Camila estava e nada. Fui pro quarto da mãe e do pai, nada. Aí comecei a me preocupar!!!! Encontrei a bonita deitada na rede, esperando ser chamada a voltar pra cama.

     O bom é que depois do bailinho, ela dorme até o outro dia de manhã. 



quinta-feira, 22 de outubro de 2015

O dinheiro

     Acredito que nunca fiquei tanto tempo sem escrever aqui. E não é por falta de assunto, o que falta mesmo é tempo. Desde a última postagem, várias e diversas coisas aconteceram: o Bruno rompeu o ligamento cruzado do joelho direito, fomos (juntos!!!) ao meu tradicional retiro de Yoga no Mosteiro, ele operou o joelho, passamos uma temporada da casa da sogra pra evitar que ele subisse escadas, fiz cursos paralelos á especialização, dei entrevista pro RBS notícias, completamos 6 anos de casamento... ufa!

     E no meio de tudo isso estava a Laura, participativa em tudo, descobrindo uma série de coisas e surpreendendo com as suas tiradas quase que diariamente. Uma das mais marcantes foi relacionada á dinheiro. 

     Obviamente que pela idade, ela não tem noção de como se ganha dinheiro.  Tanto eu quanto o Bruno não somos consumistas, e estamos passando pra  Laura ensinamentos básicos sobre o verbo mais empregado no mundo capitalista: "comprar". Compra-se o necessário, sem deslumbres, sem exageros. 

     Estávamos eu e ela numa loja, e ela se engatou num carrinho de supermercado estilizado, que serve como porta frutas de cozinha (lindíssimo, mas totalmente sem serventia na nossa casa). Aí começaram os pedidos:
- Mãe, compra! Olha só que lindo!
Eu, conversando com a dona da loja, tentava distraí-la com outra coisa; sem sucesso.
- Olha só que legal esse carrinho! Compra mãe!
E se foi a Laura empurrando o carrinho em direção á porta.

     Quando percebi que ela ia mesmo saindo da loja com o carrinho, interrompi minha conversa, chamei-a e expliquei:
- Filha... não posso comprar esse carrinho porque a mãe não tem tanto dinheiro junto.
A resposta dela foi típica da inocência infantil:
- Mas é só ir no banco e comprar dinheiro, mãe!!

     Como eu iria explicar pra ela que o negócio não funciona assim? Esse foi meu pensamento enquanto todos riam dentro da loja. Resolvi não entrar em detalhes e comecei a negociação:
- Ok. Vamos até o banco comigo então?
- Tá bom, mas eu vou levar o carrinho.
- Mas a gente não pode levar o carrinho sem pagar, Laura!
- Mas eu quero levar!!!

     A dona da loja, que estava escutando e se divertindo com a cena, me deu uma mão:
- Vamos fazer o seguinte, Laura: eu guardo ele pra ti, tu vais no banco com a tua mãe "comprar" o dinheiro aí tu voltas depois e leva o carrinho!

     E a crespa, mais do que depressa, olhou pra ela com um olhar desconfiado, puxando o olho com o dedo:
- Tá bom... mas tia: fica de olho no carrinho. Não deixa ninguém comprar ele!!

     Mais risos do pessoal da loja e consegui voltar pra casa sem o item tão desejado. No caminho, comecei a explicar pra Laura que nem tudo o que a gente quer pode ser comprado, que o dinheiro se consegue através do trabalho... tudo numa linguagem adequada pra idade dela.
 - Mas mãe, vai no banco e compra dinheiro! É simples!
Decidi encurtar a coisa:
- A mãe não tem dinheiro, filha. Pronto. 
- E o pai, tem?
- Não sei... aí tu tens que perguntar pra ele...
- Então eu vou perguntar pra ele.
Fim da conversa, ela virou as costas e foi brincar no sol com as bonecas.

     Alguns minutos depois, precisei sair pra comprar um anti pulgas pra Bella:
- Filha! Vamos sair com a mamãe, temos que comprar um anti pulgas pra Bella.

     Ela me olhou séria, colocou as mãos na cintura e disse:
- Ué?? Tu "não tem dinheiro, não tem dinheiro"... pede pro pai comprar o remédio pra Bella!!!

     Depois desse episódio, ficou mais fácil a negociação dos desejos da Laura (isso mediante mais uma longa explicação sobre o valor das coisas e mais algumas tiradas sensacionais dela).

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O marido chegou...

     Uma brincadeira que a Laura gosta bastante é de "vizinha". Consiste em eu bater na porta, ela abrir e começarmos com o diálogo (que pode se estender por até 10 minutos...):
- Oi vizinha!
- Oi!! Tudo bem contigo?
Trocamos os beijinhos na bochecha.

- O chimarrão tá pronto?
- Sim!! E fiz bolo pra gente comer!

     A conversa segue adentrando os mais variados assuntos: filhos, trocas de fraldas, trabalho...  foi numa dessas variações de assunto que ela me saiu com uma esses dias que, juro, se eu soubesse o que iria acontecer, colocaria uma câmera escondida pra filmar a expressão da crespa. Perguntei do marido da vizinha:

- Ele tá trabalhando. Foi pagar umas contas...
- E como é o nome dele, Dona Laura?
- É Bruno. Ah! Ele chegou!
Aí ela olhou pro além, franziu a testa e olhou profundamente pro pseudo marido, lhe dizendo, incisivamente, com voz firme e alta:
- Marido, vem cá!!!

     Ri, mas como eu ri!!  Ao ver minha reação, ela riu também, provavelmente não entendendo minhas gargalhadas diante de um simples diálogo com o "marido".  Autenticidade, firmeza e olhar penetrante; essas foram as características que eu vi ao presenciar a crespa dizendo aquela frase.

     Não sei se consigo passar com veracidade algumas situações e diálogos que acontecem com a Laura, por isso a minha vontade de filmar as coisas. Aí entra outra questão: se eu filmar, não vou aproveitar nem curtir todos os momentos com ela.  Prefiro viver tudo e escrever da melhor forma que conseguir aqui, depois.

     Se algum dos leitores do blog ficar na dúvida quanto a entonação da voz, olhar ou trejeitos que por acaso eu não consiga reproduzir por meio de palavras, eu enceno ao vivo e a cores, sem problemas.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Chatos colorados, chatos gremistas.

Pauta do dia: a chatice dos torcedores de futebol.

     Meu time é o Grêmio. Fui em um único jogo lá no Olímpico, torci e comemorei muito durante a batalha dos aflitos e em outras ocasiões. Quando mais nova até chorei na derrota pro Ajax, mas não sou fanática de saber a escalação, discutir dribles e demais artimanhas futebolísticas.

    Acredito que a idade me fez amadurecer sobre esse assunto, e a parte do futebol apodreceu. Meu pai (que a cada dia que passa fica mais sábio, no meu ponto de vista), há muitos anos atrás, quando lhe perguntei o que o motivou a torcer pro Grêmio, me respondeu:

- Lá em Guarani, quando eu era bem novo, tinha uns 4 ou 5 colorados. Quando tinha jogo, tanto do Inter quanto do Grêmio, eles sarneavam tanto, eram tão chatos torcendo pro time dele ou secando o Grêmio que chegavam a ser desagradáveis. Acho que aí eu resolvi torcer pro Grêmio. Sim, porque "deusolivre" me tornar uma sarna daquelas.

     Jeito estranho de escolher o time? Pode ser, mas analisando a resposta dele, tive que concordar. Tenho muitos amigos e amigas colorados, gente boa, que eu gosto bastante. Mas quando acontece um sarseio como o de ontem, ou quando o Grêmio perde feio, alguns ficam insuportáveis. Ainda bem que não enchem uma mão, porque a chatice e o mimimi desses aí cansam a beleza tanto dos gremistas quanto dos colorados mais tranquilos.Não digo que não exita gremista mala por aí. Existe sim! Conheço alguns que dá vontade de atravessar a rua pra evitar cruzar com os chatos.

     O que conta é que flauta sempre houve e sempre vai haver, minha gente!!!! Ao vivo ou via rede social, o negócio é flautear sem ofender. Tigre, dancinha de bunda no gramado, Ajax, segunda divisão... é futebol!!!!!

     Ficou maguary porque o time perdeu? Ok, isso passa!!! Teu time tem menos títulos do que o aqui rival? Pensa pelo lado bom: menos troféus pra tirar o pó. Leveza e alegria! É disso que a vida é feita! Ou por acaso tua vida vai mudar drasticamente por causa da gozação dos torcedores do arqui-inimigo? Respira fundo, sorria quando fizerem piada com a derrota de hoje que garanto que amanhã o sol volta a brilhar e a vida seguirá o curso normalmente (ou no máximo vai continuar chovendo...).

     Em conversa via whatsapp com meus irmãos e o pai na quarta de noite, minha irmã comentou que durante o jogo do Inter e Tigres, estava assistindo um canal de receitas, e que, na visão dela, foi bem mais interessante do que assistir o tal jogo. Novamente, meu pai respondeu sabiamente ao comentário:

     "É isso aí, Casoidosa (o apelido da minha irmã). Hoje em dia ser eleitor e torcedor de futebol é sinônimo de ser palhaço... Os políticos e os cartolas não respeitam ninguém. Só se ligam nos percentuais de comissões em todas as negociações."

Precisa escrever algo mais?


segunda-feira, 20 de julho de 2015

O comentário pra Bela Gil e os vários lados de uma mesma moeda

     Ontem a noite, sapeando pelo Facebook, vi um post da Bela Gil (que tenho respeito e admiração pelo trabalho) sobre o uso da cúrcuma ao invés do creme dental na escovação. Segundo o que ela escreveu, o flúor é tóxico, faz muito mal à saúde, causa diversos problemas nos ossos e tal. Apesar de saber dos benefícios dele na odontologia, fiquei na minha.

     Hoje á tardinha, estava estudando e, na minha pausa, fui sapear novamente pelo Face. Pra minha surpresa, a Bela Gil  escreveu outro post, esclarecendo que aquela era a opinião dela, e que não quis desrespeitar nenhum dentista e que gostaria de diminuir as coisas tóxicas no seu dia a dia.  Muito naturalmente, postei um comentário expondo o meu ponto de vista sobre o assunto.

     Não vou transcrever nada (taí o link pra quem quiser conferir) mas em menos de 10 minutos, mais de 100 pessoas "curtiram" meu comentário, outras tantas elogiaram meu posicionamento educado diante do assunto e algumas me criticaram. Agora á pouco, me assustei com a repercução da coisa: quase 900 "curtidas" e 43 respostas. 

     Aí parei e fiquei pensando nas diversas, variadas e incontáveis opiniões sobre qualquer coisa que alguém publique.  Pensei além: na  falta de respeito de certas pessoas, na falta de conhecimento delas e de como a agressividade toma conta das pessoas pelos menores motivos. Assustador.

     O post da Bella dizia respeito aos malefícios do flúor, ao meu entendimento ao menos, daí já tem gente dizendo que os nazistas davam flúor pras crianças pra baixar o seu QI (sim... mas em que concentração??), que na Europa o flúor é proibido (algum motivo plausível deve haver...), que os dentifrícios fluoretados foram liberados para menores de 3 anos a fim da indústria farmacêutica obter mais lucro... mais um mundaréu de coisas.

     Como profissional que usa e recomenda flúor pros meus pacientes, sei muito bem que o custo de um creme dental fluoretado é muito menor do que um livre "desse veneno". Sei as concentrações que tornam o grande aliado dos cirurgiões dentistas realmente tóxicos, mas nem por isso esculachei a Bela Gil por causa disso. Muito menos dei mais pano pra manga pra continuar a discussão.

     Agora sim, vou transcrever um trecho de uma resposta minha depois de uns comentário sem noção: " Bueno, galera... vou reescrever: TUDO em excesso faz mal Flúor, cúrcuma, batata doce, aveia, farinha branca, tomate, abobrinha... até água!!! Quisera eu me isolar de todos os trangênicos, agrotóxicos, produtos químicos e outras porcarias que existem por aí... o fato é que não tenho como me manter numa redoma de vidro. Nem eu, nem ninguém!!! Paciência! E consciência do que pode ou não fazer mal. Isso já é meio caminho andado..."


     Acho difícil a Bela Gil ler esse post, mas, em todo caso, quero que ela saiba que admiro muito o trabalho dela, tenho o seu livro de receitas (faço várias e várias receitas dele) e respeito a sua opinião, apesar de discordar de certos pontos. Sigo o Ayurveda, pratico yoga, tento fugir de trangênicos, agrotóxicos, evito enlatados, embutidos... e respeito os outros, inclusive os que divergem das minhas opiniões.

     Respeito é bom, pena que nem todos gostam.



sexta-feira, 10 de julho de 2015

"Quero ser grande"

     Quem conhece eu e o Bruno pessoalmente, sabe que somos um casal compacto. Ele mede 1,68m e eu 1,55m. Combinamos. E nossa filha, consequentemente, é pitoca também. É a mais pequena da turma da creche, mas tem um charme irresistível!

     O maior desejo da Laura, nas atuais circunstâncias, é crescer. Isso se deve, em partes, por conversas que tivemos com ela por causa da hora de dormir e da comida. Outro motivo é o convívio com crianças um pouco mais velha que ela (Martina, por exemplo), que a faz querer tornar-se semelhante, tanto em tamanho quanto nas brincadeiras e no aprendizado. Ela tem se puxado muito em aprender os números (o que ainda está um pouco confuso na cabecinha dela) e está se saindo muito bem nas letras. Seguidamente ganha corações e estrelas desenhadas na mão por acertar a letra do seu nome.

Como anda boa de garfo, sempre que ela deixa o prato vazio, a parabenizamos e exclamamos:
- Que ótimo, filha!! Assim tu vais ter bastante energia pra brincar na escola e vai crescer forte!

     Quando ela se nega a dormir na hora certa, seja devido aos cuidados com as bonecas, ou porque o desenho que ela está assistindo ainda não acabou, contamos a história da Giulia (a minha prima mais alta):
- Sabia que a Giulia é grandona daquele jeito porque ela sempre dormiu cedo quando era criança?
Santo remédio. Ela vai pra cama e de manhã, ao acordar, logo pergunta:
- E aí, mãe! Cresci bastante porque eu dormi cedo ontem, né?

     Um parêntese pra explicar a história da Giulia. Essa história não faz parte das lorotas de mãe, como por exemplo dizer que se o(a) filho(a) comer casca de pão aprende a assoviar, se levantar peso vai criar papo... é real. Ela era baixotinha e gordinha até os 8, 9 anos (que eu me lembre). Em consulta com um endocrinologista, a receita pra ela crescer e emagrecer foi ir pra cama cedo. Seguindo a orientação médica, a Giulia cresceu tanto que, pra eu falar com ela, tenho que levantar a cabeça e olhar lá pra cima. O seu namorido, o Mateus, consegue ser mais alto que ela. Entre primos, tios e agregados, ele é o integrante da família mais alto, disparado. Eles têm um filho, o Enzo, carinhosamente chamado por eles de Enzinho, que fará dois anos agora em setembro. Ele é quase do tamanho da Laura, que tem quase quatro anos. Certamente a genética do Enzinho vai favorecê-lo a ser jogador de basquete.

     Quando o cabelo da Laura precisa ser lavado, tomo banho junto com ela. As comparações nessa etapa de "quero ser grande" são corriqueiras:
- Olha só, mãe! Meu pé tá quase do tamanho do teu!

     Nos restaurantes, raramente ela pede uma cadeira de criança, alegando ter tamanho e discernimento suficientes pra encarar uma "cadeira de gente grande", mesmo que pra isso ela almoce ajoelhada na mesma.

     Essa semana, sentada no vaso sanitário, a exclamação da crespa me arrancou gargalhadas:
- Mãe!!!! Tô quase alcançando os pés no chão!
- Que fantástico, filha!!!!
Torço pra que, ao decorrer da sua vida, ela consiga alcançar os pés no chão quando se sentar em todos os vasos sanitários deste vasto mundo, coisa que eu, por vezes, não consigo.  

     Obviamente que a crespa não tem noção de tamanho, de quem é baixinho ou alto... assim como eu também não tinha quando era criança. O que eu espero é que ela nos ultrapasse em vários centímetros (seria demais pedir que ela cresça a ponto de alcançar o Enzo); mas, se por ventura isso não acontecer (e as chances disso são numerosas), quero mesmo é que ela curta seu tamanho reduzido, assim como eu e o seu pai.





quinta-feira, 2 de julho de 2015

A ''nareba'' da Maitê

 

O objeto do susto.

Belíssima artimanha genética a nareba da pequena Maitê! A mãe dela exagerou! Hahaha!



      Estou em Porto Alegre, na lida mensal da especialização. Esse mês a função foi grande; estou planejando minha primeira cirurgia de implantes, apresentando o caso clínico aos professores, fazendo triagem de pacientes novos, assistindo as aulas... não tive quase nada de tempo livre.  Hoje de manhã, estava saíndo pra aula quando o Bruno me mandou, via whatsapp, uma conversa que ele teve com o Balão Giovelli, nosso amigo que mora em Vitória, ES.

     Não sei dos detalhes, mas o ocorrido se deu com a Maitê, a neninha mais velha da casa, que deve estar com quase 3 aninhos, pelos meus cálculos. A bonita enfiou algo muito pequeno no nariz e teve que fazer o procedimento com o fibrobroncoscópio, como a Laura fez, no episódio do amendoim, há quase 2 anos atrás.

     Como estava atucanada com a função da especialização, não consegui falar com a Carol, a mãe da aspiradora mor de Vitória. Quando tive um tempo, chamei ela no Facebook pra saber do ocorrido.

     Não sei dos detalhes, pois o papo com a Carol foi rápido. Pelo o que ela me contou, a Maitê colocou no nariz uma pedrinha que se soltou de uma pulseira. O procedimento foi rápido e ela já está bem.

     Ufa!!

     Quem lê isso, deve imaginar o quão tensos o Balão e a Carol ficaram, e como eu e o  Bruno ficamos felizes que tudo tenha terminado bem. Mas o jeito como ela me contou, tirou todo e qualquer drama existente numa situação como essa. Como sou ruim de tecnologias avançadas e não sei como copiar o texto do in box do Facebook por aqui, vou ter que transcrever o papo.

     Depois dos "ois" e "que tals o susto", a Carol me narrou o causo:
CAROL:  Mulher, foi uma pedrinha que se soltou de uma pulseira que nem tinha noção de sua existência! Vou parar de usar bijus, jóias e afins. :(
Tenso 
Mas ela vai demorar pra enfiar alguma coisa naquela nareba giovelli
 É que dentro da nareba dela cabe muuuita coisa. Uma artimanha genética.

     Nessa altura eu já estava me rolando no chão de tanto rir.

E ela seguiu escrevendo:
CAROL: Agora eu posso brincar: os médicos tiraram u guarda chuva, um gato, uma bota... aproveitaram pra "limpar os alão"! KKKKK!!!

     Consegui controlar o volume e a intensidade das gargalhadas (até porque o pessoal lá do curso estava me olhando de um modo estranho, de tanto que eu ria) e escrevi pra ela:

DEIA: Nareba Giovelli. Tô chorando aqui de tanto rir. Huahuahua!!!! Tu me mata!!!
Não consigo parar de rir! 

CAROL: Achei o máximo quando fiz essa piada pra eles, mas eles não acharam tanta graça.

     "Eles", suponho que são os médicos.

     Escrevi pra Carol que contaria essa história no blog, pois o jeito como ela descreveu o fato e os termos que ela usou me renderam (e seguem rendendo) boas risadas. Pego o ônibus pra Santa Rosa às 23:00, e tenho certeza que vou sonhar com o causo da artimanha genética.

     Sei que a Maitê está bem e que a Carol e o Balão (detentor da maior "nareba" da casa) ficarão atentos à tudo o que a Maitê ousar cheirar com sua narebinha (huahuahua!!!!). 

     E que tu, Carol, preserve o bom humor sempre, e me deixe sempre a par desses teus termos fantásticos! 



quarta-feira, 17 de junho de 2015

As últimas

     A crespa sai com cada uma... certamente se eu me dedicasse mais, daria pra escrever um post inteiro de cada pérola que ela fala. Mas o objetivo maior é de que essas maravilhas não se percam no caminho. Aí vão algumas das mais recentes:


A "vozinha"

     Se tem coisa que me irrita, é quando a criança começa a afinar a voz por gosto na hora de falar. No último post, me esqueci de comentar esse detalhe, pois além de exibicionista, maguary e carinhosa, a Laura anda afinando a voz em certas ocasiões. Quando isso acontece, logo corrijo:
- Fala direito, filha. Não faz essa "vozinha". 
- Tá bom, mãe.

     Hoje, estávamos almoçando num restaurante onde a televisão estava ligada e passava uma matéria sobre um professor homossexual que foi xingado pelo pai de um aluno que recebeu uma nota baixa (como se fosse culpa da opção sexual do professor o piá ter tirado nota baixa...). No início da matéria, estava prestando atenção, mas depois me distraí. O professor deu entrevista e a Laura comentou:
- Aquele tio tá falando com aquela vozinha.

    Vi que o Bruno começou a rir, e até eu me tocar do que ela estava falando, demorou um pouco. Impressionante em como ela se liga nas coisas! Depois de eu rir junto, explicamos que existem pessoas que tem a voz mais fina. Mas que ela tem que falar com a voz dela, e não forçar pra ela sair fininha.

Pista

     Brincadeira de esconde esconde em casa. Fui procurar a Laura e vi um pedaço do casaco dela.
- Aha!!! A Laura me deixou uma pista!!! Acho que encontrei ela!!!
Bom, depois dessa minha deixa, na vez dela se esconder, ela dizia:
- Vou deixar uma pizza pra ti me encontrar, mãe!

Kombi

- Mãe, como é mesmo o nome desse carro?
- Kombi.
- Ah, tá... então vou levar as minhas filhas pra passear na Pongui.

Pascote Lixonildo

     O Lixonildo é um boneco feito de sucata, que passou um dia na casa de cada coleguinha da escola. Junto dele veio um caderno onde tivemos que relatar as atividades feitas durante o dia da visita. 
- Que legal, filha! Hoje é o teu dia de levar o Lixonildo pra casa!
- É! Ele é o "pascote" da turma. Sabia, mãe?

Pai bonito

     Em visita ao Sicredi com a creche, a Laura é indagada por uma conhecida nossa (que eu ainda não descobri quem é...).
-Tu és filha da Déia e do Bruno?
- Sim!
- Ah, que legal! A tua mãe é bem bonita, mas o teu pai... ele é feio, né?
Com experssão pensativa e olhando pro além, ela responde:
- É, mas até que ele fica bonito quando se arruma pra ir numa festa.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Fase meiga, exibicionista e maguary.



     A Laura nunca esteve tão meiga, carinhosa e amável.  "Te amo, mãe", "Te amo, pai", "Amo vocês" e "Amo todo mundo" são frases ditas diariamente, várias vezes. O comportamento com outras crianças melhorou bastante. Já não há mais tanta briga e disputa por brinquedos. Com as pessoas em geral, a Laura tem se mostrado bem simpática, dando bom dia, boa tarde, boa noite e retribuindo sorrisos. Há pessoas que ela simpatiza ha tempos, como a Tati (que trabalha num restaurante onde almoçamos eventualmente e nossa conhecida há anos) e a Têre, a moça eu limpa o prédio. Essas são agraciadas com altos papos, beijos, abraços e alegres cumprimentos.

Meiguice até na hora de dormir.


     Outra característica que venho observando na crespa é a vontade quase que incontrolável de aparecer, se mostrar. Ela dança, canta, conta histórias, desfila. Não é raro estarmos conversando entre nós (eu e o Bruno) ou com outras pessoas e ela diz:
- Tá, agora deixa e falar.
E conta histórias, inventa outras tantas, tagarela sobre todos os assuntos.
Quanto mais ela for o centro das atenções, melhor.
Esse dias ela "concedeu" uma entrevista exclusiva à prima Gabi, com direito á platéia, desfile e abano a lá Miss. 


     E a parte maguary... essa é realmente surpreendente. Primeiramente, vou explicar o que é maguary. Quando ficamos chateados, de cara, magoados com alguma coisa, dizemos que estamos maguarys. Uso esse termo há anos, e ele foi incorporado ao vocabulário do Bruno e consequentemente ao da Laura.

     Quando tenho que repreendê-la por alguma atitude ou ação que não foi legal da parte dela (a isso chamamos educar os filhos...), tenho que falar com ela da maneira mais delicada que consigo, caso contrário, ela enche os olhos de lágrimas e faz uma cara de choro com um beiço que corta o coração. Coisas simples, que antes passava batido (como "Vamos arrumar o quarto"), agora necessitam de todo um modo diferenciado de falar. Pena que escrevendo, me faltam artifícios pra demonstrar o tom de voz, a entonação e o jeito que minhas palavras são ditas nessa fase maguary da crespa.

     Claro que, em certas ocasiões, o lado brabo aparece. Num ensolarado sábado de sol, fomos na casa de um coleguinha de aula da Laura, o Lucas. Os super amigos estavam brincando próximo á uma sacada, com o parapeito baixo. E ali eles resolveram se pendurar. O Gustavo, pai do Lucas, viu a cena e correu até o local, dizendo com voz firme, que eles saíssem dali naquele exato momento, pois era perigoso, etc, etc...
A primeira reação da Laura foi cruzar os braços, armar aquele beiço e falar em alto e bom som:
- Eu NUNCA MAIS venho aqui!
E, se colocando num canto da sala, o lado maguary aflorou. Ela chorou maguadíssima por conta da bronca. em outros tempos,  beiço permaneceria soberano por uns bons 10 ou 15 minutos. Assim, o choro durou menos que 5 minutos e os amigos voltaram a brincar, longe da sacada.

     Na missa de sétimo dia do vô Bruno, ela se comportou exemplarmente. No final de tudo, muitos amigos da família vieram até nós, e ela se encheu o saco de cumprimentar tanta gente. Fechou a cara, armou aquele beiço, franziu a testa e quando alguém lhe perguntava o que tinha acontecido, a resposta estava na ponta da língua:
- Sou braba que nem a minha mãe!

     Nova fase, com características distintas das vividas até agora, mas os "velhos hábitos" aparecem sim. Socorro.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

"Rampiro carpira"

     Eu e a Camila, minha irmã do meio, temos 7 anos de diferença. Portanto, quando eu tinha 12 anos, ela estava caminhando pros seus 5, e era época da Vamp, aquela novela da Globo que fez um baita sucesso. A Camila virou a Natasha (Claudia Ohana) e dizia pra todos que ela era uma "rampira". 
Eu corrigia:
- É vampiro, Camila.
- É RAMPIRO.
Afirmava ela com uma certeza que intimidava o mais letrado dos professores de português. Sempre que ouço a palavra vampiro, me lembro da Camila e quando me dou por conta, estou rindo.

     A Laura tem uma dicção tri boa, desde cedo, e sempre que ela pronuncia uma palavra errada, nós corrigimos. Hoje, na volta da escolinha, passamos num lugar onde havia bandeirinhas de São João penduradas, e ela logo percebeu:
- Olha ali, mãe. Vai ter festa "carpira"aqui?
- Acho que vai. É "caipira, filha.
- Carpira.
- Caipira.
- Foi o que eu disse: carpira
- T'a... então diz "cai".
- Cai.
- Agora "pira".
- Pira.
- Agora junta tudo: caipira.
- Carpira. 
     Comecei a rir com o enrolar da língua que ela fazia pra pronunciar o "carpira", e resolvi fazer uma associação:
- É como "caipirinha", só que tu tiras o "inha" e fica caipira.
- Ai... não vou mais dizer "caipirinha". " Carpirinha" , "carpira" e pronto!

     Pelo jeito a dinda Camila arrumou uma seguidora à altura.

domingo, 7 de junho de 2015

Tchau ao vô Bruno

     Essa semana perdemos o meu sogro. Há anos que a sua saúde não estava bem, e nessa quarta feira ele descansou. A mãe estava com a Laura desde segunda feira, pois o Bruno estava envolvido com o pai no hospital e tinha que trabalhar, e eu estava em aula, na especialização em Porto Alegre.

     Vim o mais rápido que pude, e a Laura continuou com a mãe. Resolvemos, por unanimidade, não a levarmos ao velório nem à cerimônia de cremação. Mas e como contar pra crespa sobre a ausência do vô Bruno?

     Na quinta de tarde, fomos até a casa da minha sogra e, até passarmos pela porta, ela estava feliz da vida por reencontrar os primos. Assim que entramos, a cara dela fechou. Todos vieram cumprimentá-la, mas ela se agarrava na minha perna e escondia o rosto. Perguntou pela vó Lulu e foi em direção ao quarto, onde a vó descansava. A impressão que tivemos foi que ela estava sentindo que havia um clima diferente na casa, algo estranho. Após algum tempo, tudo virou festa.

     Já era noite quando a Márcia (minha cunhada) ligou pro hospital pra avisar que eles haviam esquecido algumas coisas no quarto. Ela foi pra um dos aposentos da casa, a fim de fugir do barulho e poder falar com a enfermeira. No diálogo com ela, a Márcia disse que o seu Bruno havia falecido na quarta feira e tal e coisa e coisa e tal. Quando ela olhou pra trás, viu a Laura na porta, que perguntou:
- Você disse que o vô Bruno faleceu?
A Márcia, sem saber se ela sabia o que era falecer, devolveu a pergunta:
- Eu disse??!
- Sim, ou ouvi você dizendo que o vô Bruno faleceu.
Nisso alguém anuncia que o cachorro quente estava pronto. Mais do que depressa, a Márcia pegou a crespa no colo e desconversou, correndo pra cozinha, fazendo festa. Logo ela nos avisou sobre o episódio, e achamos que a Laura perguntaria algo. Mas não. Ela vinha em nossa direção e esperava que nós contássemos o que estava se passando.

     Na sexta feira, ela brincou muito com os primos, principalmente com o Davi, filho da Mariana, a prima mais velha. Já era noite quando eles brincavam de esconde esconde, e o Davi é mestre na coisa. Chega a ficar 10 minutos escondidos, sem dar um pio, sem que ninguém o encontre. Até eu ajudei a Laura a procurar o Davi. O Bruno me pegou pela mão e disse que queria contar pra Laura. Fomos na direção dela, ele a pegou no colo e descemos pro pátio.
- Queremos conversar contigo, filha.
- Porque? Eu fiz feio?
Aí eu tive que rir, mas esclareci em seguida:
- Não, não! É só uma conversa!

Lá chegando, sentamos sob um céu estrelado, com um calor incomum pra junho e começamos "a conversa".
- Laura, tu lembras que o vô Bruno estava doente, no hospital?
- Sim.
- Pois é, filha, o Papai do céu levou o vô Bruno pra morar lá com ele.
- Mas ele não vai voltar aqui pra visitar a gente?
- Não, filha. Agora ele virou uma estrelinha.

     Olhando pro céu ela respondeu:
- Mas eu não vejo a cara dele!
- Mas agora ele é uma estrela! Então quando tu estiveres com saudades dele, é só procurar pela estrelinha que o vovô se tornou!
     Olhando novamente pro céu, à procura do avô, ela se entusiasma:
-Ali, ali tá o vô Bruno!! Oi, vô Bruno!! Deu, agora eu tenho que procurar o Davi.
     E saiu correndo pra dentro da casa. 
     Ainda deu tempo de falar:
- Pede pro vô Bruno te ajudar a encontrar o Davi!!!
     E ele ajudou. Acho que o Davi estava cansado de ficar encolhido embaixo da mesinha da sala e chamou pela Laurinha.
- Achei o Davi! O vô Bruno me ajudou a achar o Davi. Obrigada, vô!!

     Daquele dia em diante, ela passou a conversar com o vô Bruno diariamente. Dá oi pra estrelinha que ela elegeu como sendo ele, conta as novidades e o leva junto pra brincar.

     Bom seria se todos tivessem o entendimento que a nossa crespa teve em situações como essa.






quinta-feira, 21 de maio de 2015

"Carai...

     Não me orgulho nada disso, mas sou desbocada, não adianta. Tento me controlar pra não falar palavrão, mas quando me dou por conta, já era. O Bruno é mais comedido, mas inevitavelmente solta uns "que merda" e afins. Depois que a Laura nasceu, não nos tocamos muito de que esse hábito tinha que ser abandonado e deu no que deu: o "puta merda" vem desde cedo no vocabulário da neninha,  controlado com uma ideia genial do Bruno, de substituir o baita palavrão por "que beleza!!!". Ele consegue fazer a substituição com maestria, já eu... diminuí o índice desse e de outros palavrões consideravelmente, mas escapa quando eu me vejo em situações "limítrofes".

     Essa semana, levando a Laura pra escolinha, me deparei com uma dessas situações: um motorista, que ocupava toda a largura da rua, andando há não mais que 20 Km/h (Santa Rosa é uma cidade repleta de tais motoristas vagarosos e sem desconfiômetro: quer passear, vai mais pra direita e deixa a pista livre pra quem quiser ultrapassar, tchê!!!). Pacientemente, esperei por alguns metros que o cara se tocasse. Não obtendo exito, dei uma buzinadinha e esperei uma atitude inteligente. Ainda sem êxito, e constatando que o motorista em questão estava olhando o céu ensolarado e os passarinhos que voavam na redondeza, larguei um sonoro "CARAI..." e abortei o resto da palavra, olhando a Laura pelo retrovisor.

     No mesmo instante ela perguntou:
- Que foi, mãe?
     Tive que dar uma explicação:
- É que tem um pessoal que não sabe dirigir direito, filha. E acaba atrapalhando todo o trânsito.
- É feio atrapalhar o trânsito, né, mãe?
- Pois é.

     Depois de uns 15 segundos ela disse:
- Tu tá falando muito "caraio", mãe.

     Será??? Não contive o riso, pois foi bem isso que eu pensei: Será que ando falando muito "caralho" mesmo? Me vendo rir, ela começou a rir também e repetir "caraio, caraio, caralho, caralho..." entre as gargalhadas.

     Depois de parar de rir, expliquei que aquele era um nome feio, que a gente não pode falar, blá, blá, blá... prometi que não direi mais isso... e pedi encarecidamente que aquele episódio ficasse só entre nós.
- Tá, mãe, vai ser o nosso segredo.  Mas eu posso contar só pro papai? Foi engraçado!!
- Só pro papai!

     Ela entrou na escola toda risonha, com a mãozinha em frente a boca, como quem acabou de saber um segredo, me olhando com um olhar cúmplice. Diante daquela reação, contei pra Miti e pra tia Elaine o ocorrido e concluí que realmente devo controlar minha boca suja.



terça-feira, 19 de maio de 2015

Professor Ubiratã, o Bira.

     Todos que conhecem um pouco da minha trajetória sabem que eu fiz faculdade na Ulbra, em Torres. Sempre digo que era feliz e sabia, pois foi um privilégio morar e estudar na praia. Mas se engana redondamente quem acha que tudo o que eu aprendi na graduação entrou na minha cabeça via maresia. Me esforcei pra "carai" (procuro não pronunciar o caralho com todos os lhs e em sua total sonoridade pro causa da Laura - aliás, o próximo post será sobre o "carai"), varava madrugadas estudando e, pra completar a vida universitária, tínhamos certos professores que eram por demasia temidos pelos alunos, pela brabeza, pela cara feia com que éramos olhados, pelas mijadas (altas mijadas...) e pelas notas baixas nas aulas práticas. 
     A turma da periodontia (leia-se Sabrina, Festugatto e Daudh) causavam pesadelos. Do trio da Dentística só se escapava o Maurício, que sempre foi gente boa conosco. O Rinaldo e o Ubiratã... pelo amor da vaca jésey! Morríamos de medo deles. Tínhamos aula de Dentística pela manhã e de Perio no turno da tarde, tudo na segunda feira. Por vezes já começávamos a sofrer no domingo de manhã.  Me lembro de achar tudo mamão com açúcar na faculdade depois de ter passado por essas duas disciplinas. 

     Bueno,  o tempo passou e veio o Facebook pra gente saber por onde anda o pessoal das antigas. Da turma da Perio não sei nada (e acho que eles me mijariam por algum motivo se encontrasse com algum deles). Da Dentística mantenho contato com o Maurício, com o Rinaldo e com o Ubiratã.

     Ano passado, andava numas que não sabia que rumo tomar na vida, e fui procurar o Bira. Ele e a Carol receberam eu e o Bruno com caipirinha em casa. Ali deu pra ver que não era o Professor Ubiratã que estava batendo um papo comigo, era o meu colega Bira.   Conversamos bastante e eu resolvi fazer outra especialização. Gostei demais de trocar uma idéia com ele e com a Carol, me clareou muito as idéias.

     Recentemente, me matriculei num curso de Coroas, Facetas de Porcelana e Lentes de Contato (viva a estética odontológica!!) organizado pela Carol, tendo o Bira como professor. Pelo contato que tive com ele há alguns meses atrás, sabia que ele não iria nos tirar o couro como na graduação. E não errei. O que me deixou mais feliz foi perceber que quem estava nos dando aula, não era o Professor Ubiratã, e sim o nosso colega Bira, que sim, tem uma bagagem maior, é mestre na coisa e é um baita cara, mas que não nos escondeu o jogo. Nos mostrou coisas lindas que podemos fazer nos nossos consultórios, de uma jeito tri descontraído, engraçado e profissional ao mesmo tempo.

    Fui mostrar um preparo que fiz num dente pra ele e recebi um baita elogio!!! Brinquei que ele poderia ter me dado um elogio daqueles na Dentística I, e um ex colega completou pedindo uma nota maior do que 6,5 na prática.  Nos divertimos horrores relembrando o lado carrasco do Bira. Vários colegas da Odonto de torres fizeram esse curso, e tenho certeza que todos gostam mais dele agora do que na época que ele era o Professor Ubiratã. Até ele mesmo confessou que era meio ruinzinho conosco, entre as lembranças que inevitavelmente rolaram daqueles velhos tempos.

     Como eu sei que ele volta e meia lê o blog, quero deixar registrada aqui a minha admiração à esse cara e à Carol, a esposa dele (como diz o ditado: Por trás de um grande homem, sempre tem uma baita mulher).  Obrigada pelos conselhos e por partilhar os conhecimentos comigo. Espero poder encontrá-los em breve e poder colocar as pequenas (Gabi e Laura)  pra brincar.
... e fala essa Andrea...
A Carol, que tornou esse encontro tri bom!

Com a mão na massa.


Aprendendo sem ter que se preocupar com a nota da prática. 

Ah, se essa assopradinha acontecesse há uns 15 anos atrás, era ZERO! Hahaha!!


Casal parceria, nota 10!
O teacher Bira, eu e o certificado.


quinta-feira, 14 de maio de 2015

10 anos de namoro

     Uma crise de enxaqueca fortíssima me fez ser internada no hospital da Caridade ontem de noite. Depois de ser medicada e da dor ter me deixado em paz, me lembrei que há exatos 10 anos o Bruno se tornou oficialmente meu namorado.

     Dia 13 de maio de 2004 embarquei rumo aos EUA pra visitar o Bruninho. Essa história é muito legal, daria um baita filme. Nos conhecemos desde 1994 (!!) e depois de muitos encontros e desencontros o namoro engrenou, mesmo morando em hemisférios diferentes.  Naquela época, eu era fã das novelas da Globo, e estava passando América (pra quem não lembra, a Sol (Deborah Secco) tinha o sonho de ir aos EUA pra trabalhar, e fez "de um tudo" pra poder entrar e depois permanecer na terra do tio Sam.

     A minha história começa meses antes, quando o Bruno pediu que eu fosse visitá-lo. Pedido feito, pedido atendido. Fiz meu passaporte Italiano (a cidadania tinha saído um ano antes), parcelei a passagem em 10 vezes no cartão de crédito (paguei RS 3,15 o dólar aquela vez), juntei uma graninha e me mandei pra lá, com a cara e a coragem.

     Nunca tinha andado de avião, me perdi no aeroporto  de Guarulhos, (fiquei umas 3 horas vagando por lá), viajei mais 10 horas e segui o fluxo na chegada a Newark (achava que o aeroporto de lá era um pouco maior que a rodoviária de Porto Alegre...). O primeiro momento de aflição foi a espera interminável pela minha mala na esteira. Meu pai, quando ficou sabendo da minha "trip", disse que minha mala seria extraviada e que nunca mais eu a veria. Como estava debutando nos aeroportos da vida, fiquei tri feliz ao ver minha mala vindo na minha direção na esteira. Me deu vontade de ligar pra ele e contar a boa nova na hora!

     Fiquei 40 minutos na Imigração, só me lembrando da Sol da novela e pensando: "agora sim... vão me mandar de volta pra casa.". Após um baita chá de banco (eu sem falar quase nada de inglês), o fiscal me perguntou um monte de coisas (entre elas: como eu, com passaporte italiano, vinha de um vôo do Brasil e meu passaporte estava sem nenhum carimbo?; qual era minha ocupação no Brasil?; se eu tinha como comprovar que era dentista...) e finalmente carimbou meu passaporte.

     Quando vi o Bruno abrindo um sorriso pra mim e dizendo um "finalmente!!" todo feliz, esqueci do perrengue da imigração e do cansaço.

     E lá se vão 10 anos de namoro. Como ontem fiquei um tempo deitada, curtindo as primeiras horas sem dor depois de um dia inteiro sentindo minha cabeça latejar sem parar, pude me lembrar dos detalhes daqueles dias. Não foi um jeito tradicional de se comemorar 10 anos de namoro, ambos dividindo uma cama de hospital, cuidando pra não esbarrar no soro no meu braço. O que importa é que estivemos juntos e que eu me lembrei desse dia, já que faz anos que só nos lembramos do aniversário de casamento.