sexta-feira, 24 de abril de 2020

Registros e perspectivas

     Separando alguns registros de fotos desse primeiro mês de isolamento social, não pude deixar de pensar em algo que aprendi durante esse período: Perspectiva. 
No dicionário, a tradução está como "técnica de representação tridimensional que possibilita a ilusão de espessura e profundidade das figuras."

     Na atual circunstância, se aplica na possibilidade, mesmo que ilusória, de analisar a profundidade  alguma situação desagradável pra ti, sob a ótica de pessoas que se encontram em uma situação diferente. 

     Não vou citar todas as situações que coloquei em prática esse ensinamento, mas a proposta desse post é fazer com que as pessoas que estão lendo exercitem isso.

Vamos á alguns exemplos:

Início da quarentena: 
"Vou estocar comida pra um mês. Tenho que garantir que não vá faltar nada. E vou avisar todo mundo pra fazer o mesmo."

Da perspectiva de quem não tem condições de fazer um rancho e chega aos supermercados pra fazer as compras básicas do dia ou semana e encontra as gôndolas vazias, quem fez estoque de comida definitivamente não pensou nos demais.

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Redes Sociais e WhatsApp:  milhares e milhares de notícias e estatísticas de fontes "confiáveis" (o tio da amiga da sobrinha da minha vizinha que é médico... e por aí vai...) enchem os nossos celulares.
"Ah! Vou compartilhar  a informação em todos os meus grupos que comer 5 dentes de alho 3 x ao dia e dar 3 pulinhos com o pé direito mata o vírus! Aí não preciso ficar em casa trancafiada. Vou pra rua!"

Da perspectiva dos profissionais que estão trabalhando incessantemente tanto na busca de tratamentos cada vez mais eficazes quanto no tratamento dos contaminados do Covid-19 e dos demais acamados do mundo (sim, porque as pessoas seguem doentes de todas as outras enfermidades antes da pandemia), tal simpatia do alho e dos pulinhos e tantas outras deveriam ter sua fonte investigada, a fim de não passar notícias falsas (no bom e velho português) adiante. 

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"Isso tudo é exagero. Onde já se viu andar de máscara na rua, pra cima e pra baixo?"

Da perspectiva de pessoas que tiveram familiares contaminados pelo Covid-19, quem pensa assim está dando muito mole, pois pra eles, o uso de máscaras é uma medida importante no combate ao contágio.

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Pensem aí e me digam as perspectivas das reclamações de vocês. Eu fiz das minhas, e aprendi muito.
Só tenho que agradecer por ter uma casa, comida na mesa e saúde nesse período.

Segue algumas fotos desse mês que passou. Em casa.

Álbuns de fotografia saíram do armário.

Álbuns de fotografia II.



Banho de sol de tardinha com uma ótima trilha sonora.

Almoçando "fora".

Pedicure.

Pedicure II.

Sofá disputado.

Aula de Educação Física.

Barraca armada na sacada.

Forca.

Forca II.

Banho de sol na sacada com chimarrão.

Vareta.

Yoga com acompanhantes.

Estudos.

Banho de sol e mexe mexe.

Longos cochilos.

Penteados.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

2020 de Janeiro á Abril

     Não sei qual foi a última vez que escrevi aqui no blog. Passei o olho e vi que só fiz quatro postagens em 2019. Foi um baita ano, em vários aspectos. Aconteceram mudanças internas e físicas. Evoluímos como família e mudamos de Estado. O Bruno veio pra Porto Belo em outubro, eu em dezembro e a Laura em fevereiro.

     Como diz o ditado: Ano novo, vida Nova! 
Aí, chegou o Covid-19, de mansinho. Ouvíamos sobre ele na China, lá pelo início de fevereiro. Nos primeiros dias de março, notícias do fechamento da Disney, Museu do Louvre... e na outra semana, não estávamos autorizados a sair de casa. Conversamos com amigos que moram na Europa, já em isolamento social antes de nós: A situação realmente era delicada.  A Luiza veio ao Brasil e não podemos nos encontrar com ela. 

     As aulas da Laura foram suspensas inicialmente até 30 de abril. Prorrogadas até 30 de maio passados alguns dias. Conteúdo em casa, passado pelo aplicativo da Escola. Eu e o Bruno nos olhávamos e não sabíamos o que dizer um pro outro, a não ser um "que loucura" vez ou outra.

     Nos reinventamos, montamos uma rotina que foi bem legal nos primeiros 15 dias. Depois disso, o Bruno voltou a trabalhar e as férias de inverno da Laura foram adiantadas. O número de casos do vírus em SC fez com que as autoridades restringissem ao máximo a circulação das pessoas nas cidades vizinhas (que aqui onde moramos, é uma ao lado da outra, ligadas por praias, morros..., mas tudo muito próximo). Novamente adaptação na rotina.

     Já completamos 1 mês em isolamento social, saindo o mínimo possível, com os devidos cuidados. Lá pelas tantas, num dos dias lindos de sol que fizeram durante esse tempo (choveu 1 dia só), o Bruno me olhou e perguntou:
-  Algum dia na vida, tu pensou que iria viver uma coisa assim?
- Nunca. 
Respondi.

     Numa sexta á noite, estávamos os 3 na mesa, após o jantar, conversando. A Laura disse que não quer ser fluente em Inglês, então veio á pauta a importância disso, em como é bom viajar e poder se comunicar, pois na grande maioria dos lugares alguém fala Inglês. Veio História no meio da conversa. Contamos sobre a nossa experiência na Alemanha, alguns meses atrás, de como foi forte conhecer o muro de Berlin, que a gente tinha estudado na Escola e como foi impactante estar ali. Explicamos sobre a Guerra Fria e da divisão do país, entre outras coisas. 
Como sempre, quando nos referimos há tempos remotos, a Laura pergunta se naquela época o mundo era preto e branco. Explicamos que não, mas que ainda  há pessoas vivas que passaram pelos campos de concentração.

     Nessa hora o Bruno disse uma coisa que me tocou bastante:
- A gente tá fazendo parte da História agora, Laura. Já pensou quando tu estiveres conversando com os teus netos e eles perguntarem o que foi o Covid-19? Tu vais responder: "Eu vivi naquela época! Fiquei sem poder brincar com meus amigos, ninguém ia pra escola, estudávamos em casa, todo mundo tinha que andar de máscaras se precisasse sair..."
 Aí ela completou:
- Mas teve momentos bem legais! A gente brincou bastante com a Bella e com o Clóvis, entre a gente também! Tomamos chimarrão, dormimos na barraca (na sacada), fizemos bolo, suco...


     E é isso. Já tem um infinidade de textos lindos á respeito desse período histórico que estamos vivendo. Só espero que, como humanidade, consigamos passar por tudo isso saindo mais unidos, independente de ideologia partidária, credo, cor e interesse de qualquer natureza.

     Seguimos, evoluindo.