quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Sobre corrupção

     De uns anos pra cá, diminuí muito o tempo na frente da televisão, parei de assistir tele jornais,  de ler jornais, de seguir qualquer meio de comunicação nas redes sociais, principalmente quando o assunto é política, que aqui é sinônimo de corrupção, maracutaia. Isso me deixa enjoada. Resolvi não perder meu tempo discutindo que partido é mais idôneo, que político não é um imprestável...  Dos jornais., leio as colunas que não falam desse assunto e  quando a televisão está ligada aqui em casa (o que é raro...), assisto um desenho infantil com a Laura que ganho mais.

     Mas de vez em quando me caem no colo coisas que consigo ver uma luzinha no fim do túnel. Acabei de ler uma notícia: a Marta Suplicy, aquela do "relaxa e goza", e o marido, furaram a fila da Polícia Federal no aeroporto, rumo a Paris, escala deles (sim, aquela fila imensa, que demora, demora...). Os demais passageiros reclamaram e o comandante do avião (francês) fez os dois descerem do avião e passarem a bagagem pelo Raio X sim, como todos os outros passageiros. E aí dizem que os franceses são arrogantes... até podem ser! Mas o exemplo que esse cara nos deu, demonstra que é melhor ser taxado de arrogante de que povo feliz, alegre e dono de um "jeitinho" sem igual, como os brasileiros. Cheguei ao ponto de pensar que, se o comandante do vôo fosse brasileiro, iria deixar por isso mesmo, pois certamente ele ganharia algo mais tarde. Sei que é errado pensar assim, mas... 

     Me incomodo bastante com esse sistema, não me enquadro nesse modelo. Faço a minha parte pra tentar melhorar esse país, mas não tenho esperança em que a situação geral melhore. Não falo da crise atual, e sim dessa cultura de propina, jeitinho, cambalacho, corrupção descarada e aceita.

     Entendi, pesquisando um pouco (e sem querer me aprofundar pra não me desanimar mais ainda), que essa cultura é parte daqui desde os primórdios e que não será a minha filha ou meus netos que verão diferença. Arrego pra político (auxílio residência, auxílio isso, auxílio aquilo), compra de voto, memória curta ou até inexistente dos eleitores, estradas esburacadas, saúde totalmente deficiente (trabalhei 10 anos atendendo pelo SUS, sei do que estou falando, tentei fazer o meu melhor, mas não sei puxar saco de político... e deu pra mim), gente que ganha terra, arrenda e fica tudo por isso mesmo, impostos e mais impostos pra ver esse país desse jeito...  Já ouvi que quem não gosta nem discute política, é mandado por quem o faz. Aceito isso e não discuto. Meu voto é nulo e sempre será, não me conformo em ter que escolher entre o menos pior dos candidatos. Se ao menos os vereadores não recebessem remuneração, como há décadas atrás, até poderia acreditar em pessoas que querem o bem maior pra sua comunidade. 

     Sei que existem problemas em outros países, converso com pessoas que moram fora e concordo que é difícil um país perfeito, mas estou disposta a pagar pra ver. Não sei se vou conseguir, mas gostaria de criar a Laura longe daqui. Se não der, ao menos por hora,  farei o possível pra proporcionar pra ela a experiência de viver em um lugar mais correto. Assim que der, me mando daqui. Quero abandonar o barco, não sinto orgulho de ser brasileira e isso me deixa triste. 

     Certamente algumas (ou todas) as pessoas que lerem isso vão me achar radical. Ok. Respeito a opinião alheia e novamente cito que não discuto. Separei alguns vídeos que tocam no tema corrupção e sei que o buraco é bem mais embaixo. São opiniões que, de uma forma ou outra se fundem com a ideia que eu tenho a respeito desse assunto. 
Tirem um tempo pra assistir, é válido.

     Ah... antes de postar isso, procurei novamente o link sobre o que aconteceu com a Marta Suplicy, e, ao que tudo indica, foi tirado da rede. Apagou-se a luzinha no fim do túnel.




terça-feira, 10 de novembro de 2015

Dúvidas, dúvidas...

     Desde agosto estou frequentado o grupo de estudos do Caminho de Damasco, Centro Espírita aqui de Santa Rosa. Comecei a ler  "O livro dos Espíritos" que faz parte das obras básicas da Doutrina. Essa semana, entrei numa parte que me fez puxar do meu mini dicionário Aurélio, da pré adolescência, que custou 243,- (isso está escrito na primeira folha a lápis, com a vírgula e o travessão; sabe-se lá que em moeda foi pago - cruzeiro, cruzado, cruzado novo...). Ele me acompanha até hoje e reside na gaveta do meu criado mudo, volta e meia dou uma conferida em alguma palavra que desconheço.

     Hoje, ele foi bem usado. Numa das pesquisas (estou estudando a escala espírita), encontrei um resumo do tempo de colégio dentro do Aurelhinho, não sei de que série.  Mostrei pro Bruno e ele começou a rir. Fiquei meio sem jeito de dizer que não sabia utilizar mais aquelas fórmulas. Mal me lembro da existência do seno, do cosseno e da tangente!! Ri também, até que ele me perguntou:

- Tu te lembras disso?
- Não. Nada.
- Pois é... nem eu!
Me senti menos culpada em saber que ele também havia esquecido aquilo. Ele continuou divagando:
- Quanta coisa que a gente aprende no colégio, nunca mais usa na vida e fica lá... perdida.
- Isso me lembra o Divertida Mente, onde as lembranças e informações inúteis são excluídas pra dar lugar pras coisas novas...
- Pois é... acho que é bem assim que funciona mesmo. Mas será que a gente conseguiria usar isso aí hoje?

     Boa pergunta, Bruno. Acredito que essas fórmulas tenham sido excluídas da minha cabeça definitivamente quando passei no vestibular. 

     Daí comecei a questionar um monte de coisas: Em que série foi isso? Como eu pude esquecer dessas coisas? Será que pra ser um Espírito Sábio eu vou ter que dominar o Seno e Cosseno da Soma, da Diferença e toda a Matemática (justo a matéria que eu tenho mais dificuldade)? Se sim, quantas encarnações eu vou levar pra aprender de vez, dominar de cabo a rabo não esquecer essas coisas??

As fórmulas do cosseno da soma e da diferença.
???

Seno da soma e da diferença.
???

sábado, 7 de novembro de 2015

4 anos e "como o nenê vai parar na barriga?"

     Já dizia o sábio Raul Seixas: "Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...". Há algum tempo, nem cogitava a hipótese de ter outro filho, agora... surge lá no fundo a mesma vontade que me veio quando decidimos ter a Laura.

     Nada 100% decidido, até porque a decisão envolve variáveis bem consideráveis, mas estamos deliberando á respeito do assunto em casa. Quando falavamos de um maninho ou maninha com a Laura, ela  era curta e grossa:
- Não quero falar disso.
(E novamente eu sinto não poder reproduzir em palavras escritas certos jeitos dela falar. O "disso" tem o "i" mudo, por assim dizer.)
Há tempos, quando viu a mãe de um colega da escola grávida, ela me comunicou:
- Olha só, mãe; quero combinar uma coisa contigo.
- O que?
- Não quero maninho nem maninha, tá? 

     Isso não significa que ela não goste de bebês. Brinca, ajuda a cuidar... mas quando dissemos que seria legal ter um bebê em casa, a resposta é sempre a mesma:
- Não precisa! Não quero falar disso.

     Essa semana, estávamos eu e ela em casa, nos divertindo muito, e o assunto veio á tona. Muito pacienciosamente, fui perguntando, perguntando... até que descobri o motivo da recusa de ter um(a) irmão (a) mais novo:
- É que vão cortar a tua barriga, aí vai doer e tu vai chorar, mãe!

     Me comovi com a preocupação dela, e expliquei que isso não dói nada, que é bem legal ... etc, etc, etc. Mas estava difícil convencê-la que eu não iria sofrer com a saída do bebê da barriga.  Hipóteses surgiram da cabeça dela:
- E se a gente encontrasse um menininho ou uma menininha pra ser meu irmão ou irmã, sem que eles saíssem da tua barriga? Ia ser legal, né?

     Mais tempo de conversa (e eu me divertindo com o papo) até que ela começou a não rejeitar totalmente um novo membro da família (saído da minha barriga, porque se a gente "encontrasse" um nenê, tudo certo); eis que ela faz aquela pergunta indefectível:
- Mas mãe, como o nenê vai parar na barriga?

     !!!!! Segundos em que eu pensei: "Como assim??? Já me perguntando isso?!! E agora, o que vou responder???". Respondi exatamente o que ouvi da minha mãe, acredito que com uns 5, 6 anos:
- É uma sementinha que vai parar na barriga da mamãe e que vai crescendo, crescendo...
- Ah, tá... legal!

     Matei a curiosidade dela, por hora. Mas agora sou eu que não quer mais falar "disso". 

Terra, Brasil, Rio Grande do Sul e Santa Rosa

     Como a escola da Laura tem uma proposta pedagógica muito legal, sempre há projetos onde as crianças exploram tudo o que podem de um determinado assunto. Há a semana dos animais, da leitura, dos brinquedos de sucata, da natureza... na programação do mês de setembro, obviamente que não pode faltar a semana da pátria e a farroupilha. Durante esse mês, todos os dias a Laura chegava em casa com uma novidade, principalmente em relação aos gaúchos e prendas. Vestuário, comidas típicas, músicas... tudo na ponta da língua e rico em detalhes.
     
     Uma tarde, na volta da escola, ela me perguntou:
- Mãe, como é que a gente pode morar no Brasil, em Santa Rosa e ser gaúcho e prenda??
Imaginei o nó que estava a cabecinha dela, e, da maneira que achei mais lúdica e fácil, tentei explicar que: existe um planeta que parece uma grande bola, que é o planeta Terra. Sem entrar nos méritos de continente, hemisfério, nem nada dessas coisas, resumi que na Terra existe um país bem grande chamado Brasil e que, dentro do Brasil, existe um Estado chamado Rio Grande do Sul, onde nascem os gaúchos e prendas; e que, nesse Estado, existem muitas cidades, sendo uma delas Santa Rosa, a cidade onde moramos.

- Ah, tá... agora entendi.

     Então repeti mais umas duas vezes a sequencia da explicação, pra ter certeza de que tudo havia ficado claro pra ela. 
- Agora, vai completando o que eu disser, ok, Laura?
- Tá!
- Existe um planeta...
- Terra!
- Isso! Muito bem!!
- Na Terra existe o país...
- Brasil!
- No Brasil, existe o Estado...
- "Zunidos"!

      Tive que parar o carro pra rir! Estados "Zunidos" é onde mora a Mana Luiza, sempre citada lá em casa. Me impressionei com a ligação que ela fez! Expliquei isso a ela, em meio às nossas gargalhadas. Depois de mais algumas tentativas, a sequencia da Terra, Brasil, Rio Grande do Sul e Santa Rosa foi compreendida, mas os Estados "Zunidos" foi a parte mais divertida da volta da escola naquela tarde.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

4 anos e as tiradas

     O desejo de fazer aniversário tomou conta da Laura de tal jeito esse ano que me impressionou. Contava os dias, perguntava a todo instante quanto tempo faltava pra ela fazer quarto anos, queria festa, presentes... Os presentes da família foram sendo dados desde agosto, dependendo do desejo e das oportunidades, e se estenderam até o final de semana passado. 

     O maior desejo foi uma mochila de rodinhas, que vinha sendo pedida há muito tempo. A Camila (minha irmã) se comprometeu em presentear a Laura com a "muchi". Por várias noites ela dormiu segurando a alça da mochila.

     O nosso presente foi uma bicicleta, que foi dada no sábado, 24 de outubro, já que a previsão pro dia 25 (que se confirmou) era chuva. As primeiras andadas na bici nova foram tensas, pois o terreno escolhido tinha algumas descidas e a Laura não alcançava nos freios pra poder diminuir a velocidade. Feitos os ajustes, a coisa engrenou.
Na noite que antecedeu o aniversário, o Bruno foi trabalhar e eu e a Laura fizemos sessão cinema na sala. Lá pelas tantas, eu estava cochilando já e fiz o convite:
- Filha, vamos pra cama? A mãe tá com muito sono.
- Pode ir, mãe! - e colocou a mãozinha no rosto, como num toque de mágica. 
- Quando o sono "di mim" vier, eu vou deitar lá contigo, tá? Mas o sono "di mim" ainda não veio, então vou esperar terminar esse filme. Boa noite!

     No dia do aniversário, compareceram lá em casa a Vó Lulu, o tio Temi, a tia Márcia, o Tiago, a Dinda Ita, a Larissa e a Helena. Teve uma bolo com velinha, torta fria, suco e parabéns. 
A relação da Laura com a Helena melhorou bastante depois da sacada que a mãe teve em dizer que, como a Helena é pequeninha, a Laura, sendo maior, deveria cuidar da prima mais nova. Pronto! Agora a Helena é cercada de todo o cuidado e carinho do mundo pela crespa. Até a Lari deixou que a Laura cuidasse da Helena. Ambas pequenas no sofá, brincando e a Larissa pediu:
- Vou subir um pouco pra ficar com o pessoal e tu cuidas da Helena, tá Laura?
- Sim! Pode ir!
Então a Laura se abaixou, olhou bem nos olhos da Helena e disse, colocando as mãos nos ombros da pequena:
- Helena, olha só: a tua mãe vai subir ali na festa "di mim" e eu vou cuidar de ti. Tá?
- Tá! Respondeu a Helena, prestando a maior atenção do mundo.


     A festa da escola foi o apogeu da felicidade da Laura. Foi na quinta feira da semana passada, e na quinta dessa semana teve a festinha de uma colega:
- Filha, hoje tu tens uma festa de aniversário na escola.
- Nossa!!!! Vou fazer assim, agora (apontando os cinco dedos da mão)?!!!!
- Não! É a festa da Luiza, tua colega!
Cara de decepção.
- Ahhhh, mas eu quero fazer aniversário de novo.
- Mas agora só no ano que vem! Aí tu vais fazer cinco anos.
- Tá bom... mas podia chegar logo o meu outro aniversário, né mãe?

     Vai chegar, filha... quando a gente piscar os olhos, teus 5 anos estarão aí...

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

4 anos e o sono

     4 anos da Laura. Sei que é clichê de mãe, mas me pego pensando: "Já???". Sim, já. Não usa mais fraldas pra dormir, vai ao banheiro sozinha e já tem as suas poucas (mas não menos importantes) responsabilidades domésticas que consistem em: não deixar roupas e calçados espalhados pelo chão, tirar os sapatos assim que chega em casa e levá-los até a área de serviço, manter o quarto e o banheiro organizados (dentro do possível). O Bruno colocou um interruptor de luz mais baixo no quarto dela e no banheiro, e a independência foi total. Agora ela transita sem a cadeirinha á tira colo pra poder acender as luzes. 

     Como fiquei um tempão sem escrever, vou relatando as coisas em post diferentes, mas com algo no título que identifique o assunto.

     Até o horário de verão chegar, ela estava dormindo na hora certa, sem problemas. Muitas vezes, estávamos na sala, os 3, lendo, brincando... e ela avisava, dando um beijo em cada um: 
-Boa noite, tô indo pra cama.

     De algumas semanas pra cá, estamos tendo um certo desentendimento nas noites: eu e o Bruno, cansados, caindo de sono, anunciamos:
- Hora de dormir! Vamos lá!
     Dá-se início ao ritual de escovar os dentes, fazer xixi, colocar o pijama... e o beiço da Laura começa a aparecer, junto com afirmações do tipo:
- Eu nunca mais vou dormir.

     E as explicações começam: "dormir pra crescer poder brincar no outro dia", "aproveitar a manhã"... 
- Já disse, não vou dormir nunca mais!
- Bom, então tu podes ficar brincando ou lendo teus livros no quarto que eu e o papai vamos dormir. Beijo, tchau.

     Várias vezes, deitados na cama (muitas vezes ao som do ronco da Bella), enxergamos o vulto da Laura na porta do nosso quarto, de braços cruzados, repetindo que nunca mais vai dormir. Numa noite dessas, ela foi até o banheiro, acendeu a luz e ficou sentada na cadeira, por uns 10 minutos, até que eu fui até lá e a convenci que era hora de dormir.Rola choro, um pouco de  birra... até que ela deita na cama e dorme. 
Na noite seguinte, a cena se repete. 

     No domingo passado, estávamos em Santo Ângelo e o sono nos pegou antes da cena terminar e ela dormir. Acordei e vi que a laura não estava no quarto. Fui pra sala, onde a Camila estava e nada. Fui pro quarto da mãe e do pai, nada. Aí comecei a me preocupar!!!! Encontrei a bonita deitada na rede, esperando ser chamada a voltar pra cama.

     O bom é que depois do bailinho, ela dorme até o outro dia de manhã.