segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Passou o Natal

     Então... passou o Natal (osanas!!!). Cito pela enésima vez que esse tipo de festividade não me faz a cabeça. Mas como sou mãe, tenho que entrar no embalo do Papai Noel (suando as bicas) e dos presentes dessa época.
 
     A Laura, por sua vez, curtiu cada momento. Ganhou muitos presentes da grande família (tias, madrinhas, padrinhos, avós...), prometeu "queridiar" pro Papai Noel e pergunta diariamente:
- Tô querida, né mãe?
Isso porque o combinado com o Papai Noel foi que ele viria buscar os presentes caso a crespa não se comportasse.
 
     Na ante véspera do Natal, fizemos uma junção da turma das mãezinhas. Estavam presentes (além das mães e das crianças) os papais e o seu Julio, o pai da Milena, mais conhecido como Vô Patati. As crianças têm verdadeira adoração por ele. Muito solícito, ele foi o Papai Noel da turma, causando euforia total.
A Laura, muito observadora, fez um comentário assim que ele terminou de cumprimentar as crianças:
- Olha! O Papai Noel tá de tênis!!!
Tempos modernos, filha. Tempos modernos.
 
     Na noite do dia 24, ela conversou novamente com o Papai Noel, dessa vez na casa da Vó Lulu. Ganhou uma montoeira de presentes, quase em totalidade relacionados á Peppa Pig. Euforia total parte II. Seguimos rumo á casa da Nona, segunda parada da noite. Pelo adiantado da hora, perdemos a terceira conversa com o Noel, mas os presentes rolaram do mesmo jeito.
 
     A parte mais legal foi a revelação do amigo secreto infantil, na casa da Nona. A crespa descreveu a sua amiga secreta com riqueza de detalhes, arrancando gargalhadas e palmas do pessoal.
- A minha amiga secreta tá de vestido de princesa azul e branco, tem cabelo preto, tá com uma capa azul e é a Isabelli!!!
 
     Não sei se é o bom senso ou eu é que estou ficando (mais) chata, mas não curto gastar uma baita grana comprando coisas (que na verdade ninguém precisa) pra dar aos outros.  Sei que a Laura ainda é muito nova pra entender esse tipo de situação, que toda criança gosta demais de ganhar presentes, que a fantasia é benéfica pra eles e tudo mais. Espero que ela não seja refém daquele saco vermelho por muitos anos. Afinal, a pergunta que não quer calar: Natal é só consumismo??
 
     O que eu realmente almejo como presente de Natal é que ela tenha saúde e seja feliz, e que essa felicidade não dependa de tantos pacotes.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O texto do Marcelo

     Sábado á tarde, o Bruno voltou de um Encontro de Motos em Salto do Jacuí e nos encontrou em Tuparendi, numa festa infantil. Chegou de macacão, capacete... e as crianças ficaram alucinadas com a imagem dele adentrando o salão. Na saída, eu e a Laura voltamos pra Santa Rosa de carro e ele, de moto.

     Saímos alguns instantes antes dele, e quando a Laura indagou onde estava o papai, respondi que ele passaria por nós de moto. Algum tempo depois, ele nos ultrapassou, mas deu uma reduzida ao lado do carro e a Laura, eufórica disse:
- Olha mãe!!!!!!! O papai de moto!!!! Oi paiê!!!!
     Abanou pro pai freneticamente, enquanto ele retribuía os acenos. Quando o Bruno acelerou e finalmente ganhou o asfalto na nossa frente, ela, de queixo caído, com a cara mais boba do mundo, murmurou, armando um sorriso e seguindo ele com os olhinhos brilhando:
- Que looouco... que louco ele é...
     Hoje pela manhã, o Bruno me mostrou um texto que o Marcelo Dahmer postou numa rede social. Pra quem não sabe, o Marcelo " é um gurizão ali de Três de Maio que tá correndo muito de moto..", segundo o motociclista aqui de casa. Me disse:
- Leia o texto pra entender o que eu sinto quando estou numa moto.
     Li e chorei de emoção; pois já havia entendido aquele brilhos nos olhos do Bruno quando ele foi pro Atacama. Compartilho com vocês o texto em questão.

     "Muitos acham que vestimos aquelas roupas e usamos capacetes coloridos apenas para chamar atenção. Mas uma vez que as viseiras são levantadas, o que se vê são olhos bonitos, limpos e cheios de lágrimas; olhos onde você poderia se perder neles, chegar em suas almas e ver o quão pura elas são. Tirando nossas roupas de couro e capacetes, você verá que somos como crianças grandes, nada mais que isso… Gostamos da vida, de carne, de cerveja e de tudo que é bom.... Mas também continuamos procurando pela mãe quando as coisas dão errado.
     Tem gente que diz que quando montamos em nossas motos, anjos e demônios vão conosco... Pode até ser verdade. É um tipo de dualismo que faz esse estilo de vida ser tão rico em emoções, que fazem seu coração bater mais rápido, parecendo que vai sair pelo peito a qualquer momento... Demônios fazem você acelerar, irracionais e violentas aceleradas, na hora que a adrenalina corre direto pelo corpo e você fica tremendo por vários minutos... Anjos carregam com eles a face e as vozes dos que não estão mais conosco; vozes da experiência, que por vezes foram forjadas por tombos, sustos e ossos quebrados, mas que nos fazem pensar o quanto pode ser dolorosa a brincadeira e a falta de atenção.
     Sim, é verdade que você pode morrer pilotando uma moto; isso pode acontecer com qualquer um de nós... E machuca, REALMENTE MACHUCA. Mas nada se compara à quantidade de lembranças fantásticas, em "flashes", que duram uma eternidade de risadas e que deixam a vida muito mais alegre... Risadas altas e profundas que vem do coração, tão altas que fazem o sol brilhar num dia nublado...
     Converse com qualquer um de nós. Peça para contarmos uma história de um dos nossos últimos passeios... Alguma curva da estrada, contar qual sua montanha preferida ou falar sobre alguma viagem... Você com certeza se perderá naqueles olhos sorridentes, naquele sorriso natural que, gradualmente, se espalha pelo rosto inteiro.
     Mas converse com qualquer um de nós e pergunte como a vida seria, se algum dia tivéssemos de desistir de nossa paixão... Tudo que você irá escutar é o som do silêncio. E verá que aquele rosto sorridente de "criança" ficará vazio...
     Sim, você pode morrer em uma moto, mas acredite, não há melhor jeito de se viver o pouco tempo que nos é dado! E se você não entendeu nada até agora, não se preocupe, você nunca entenderá! Isso é amar uma moto... Para quem o faz a explicação não é necessária, para quem não o faz, nenhuma explicação é possível...
     Quando um dia você estiver na estrada, com sua família na segurança de seu carro, e UM DE NÓS passar vagarosamente, e o seu filho, sentado no banco de trás, virar a cabeça e acenar empolgado, cumprimentando o motociclista... Não tente entendê-lo... Ele, com toda sua inocência, vê em nós uma centelha de algo que você nunca reparou! E pode ter certeza que o motociclista acenará também. Não há nada de errado nisso, pois você sabe que... ANJOS, NA TERRA, SE CUMPRIMENTAM!!"
 
 
      Li e chorei de emoção em perceber que tenho dois anjos em casa, me lembrando da cena de sábado á tarde. Estou chorando agora, escrevendo isso, por me sentir tão abençoada por tê-los perto de mim.
     Não sei se algum dia serei parceira pra viajar com o meu motociclista novamente (ainda tenho receios desde a minha primeira experiência na garupa), mas aprendi a respeitar a paixão dele e a admirar a euforia da Laura quando sente o pai ou "qualquer um deles" acelerar a moto. Que Deus, todos os Santos, Orixás, "anjos mors", guias espirituais e demais entidades do bem estejam sempre acompanhando essas duas criaturas maravilhosas e apaixonadas por motos que atendem pelo nome de Bruno e Laura.


 
     E filha, isso é pra tu leres quando fores mais velha: Se tu resolveres seguir os passos aventureiros do teu pai, que ao menos tu não sejas tão estabanada como eu, caso contrário tua coleção de cicatrizes ultrapassará a dele. 

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Cozinheira, madrasta e "pum di mim"

     Encontro da gurizadinha no Boliche: Pedro (2,5 anos), Henrique (3,8 anos) e Laura (3,1 anos). Os piás, tri queridos, interagiram de primeira e foram brincar no Espaço Kids. A Laura, por ser a única menina, ficou pelas beiradas, sussurrando que não queria brincar com os guris. Se contentou em ficar subindo no gradil que limitam as pistas do boliche. Tentei intermediar uma aproximação:
  - Laura, acho que os guris estão com fome! Quem sabe tu preparas uma comida bem gostosa pra vocês comerem! 
- Mas eu não sou cozinheira! Não tenho chapéu de cozinheira, nem avental de cozinheira... não posso fazer comida pra ninguém assim!
     Então o Henrique se propôs a cozinhar, e a brincadeira do trio engrenou.



     A onda da vez é contar histórias durante o almoço. A do João e o pé de feijão eu contei umas 6 vezes só durante um meio dia lá em casa. Ontem, almoçamos somente eu e a crespa. E o pedido da história veio na primeira garfada do arroz e feijão.
- Mãe, conta uma história!
- Tá. Hoje vou contar a história do João e da Maria.
     E comecei com o habitual "Era uma vez...". Falei da madrasta que queria abandonar as crianças na floresta...
- Que que é madrasta, mãe?
Expliquei que na falta da mãe ou quando o pai casa com outra mulher, ela vira madrasta dos filhos e tal... tentei usar um vocabulário condizente com a idade dela. Aí, pra mostrar que madrasta pode ser uma coisa legal:
- Sabia que eu sou madrasta da Mana Luiza?
    Nessa hora, ela me olhou com um ar melancólico, como se tivesse sentindo muita, mas muita pena de mim. Colocou as mãozinhas no meu rosto, uma de cada lado da bochecha e disse, me confortando:
- Mas mãe... tu não é madrasta. Olha a tua cara!!
Aí teve início toda uma conversa sobre madrastas boas e más... 
Á noite, quando o Bruno voltou pra casa, ela contou, em tom de confidência, a novidade pra ele.


     Brincando com a Bella, estávamos sentadas no corredor do apartamento, o lugar predileto da peluda correr atrás do seu pinguim. Numa das corridas da Bella, a Laura diz:
- Hummm, tô sentindo um cheiro ruim.
- Engraçado, eu não senti nada, filha!
- Ah, já sei! Foi um "pum di mim". 
Ainda bem que eu já estava sentada, porque me atraquei numa gargalhada com o "pumdimim" que até ela me acompanhou.

sábado, 6 de dezembro de 2014

A árvore de verdade

      Lá em 2012, fiz um pequeno rancho de apetrechos natalinos que todos os anos são removidos dos seus sacos plásticos e expostos pela casa por um motivo principal: temos uma criança entre nós. Respeito quem gosta, mas isso definitivamente não é nada do meu agrado. Por mim, a casa permaneceria sempre com a decoração normal, sem nenhum resquício de Natal. Protelo ao máximo desensacar as coisas (mesmo encontrando um Papai Noel coerente com o nosso clima escaldante) e até esse ano consegui.
 
     Porém, a Laura viu vários pinheiros montados, cheios dos penduricalhos de costume e até ajudou o Giofranco a montar o pinheiro na casa dele e da Marília. Ontem ela me pediu pela quinta (ou sexta) vez que montássemos "a nossa árvore".
 
     Pois bem, lá me fui tirar nossos três itens natalinos de seus sacos plásticos (Papai Noel de bermudas, a árvore pronta e a guirlanda). Quando tirei a árvore do saco (fiz cara de entusiasmo e tudo) a Laura achou bem legal, até soltou um "que árvore linda, mãe!!". Então ela me ajudou a colocar as luzinhas na árvore e eu disse:
 
- Pronto!! Nossa árvore está montada!
 A cara de interrogação dela foi visível:
 
 - Mas e a árvore de verdade? Aquela verde?
- Nós não temos uma árvore dessas, Laura.
- Mas eu quero uma árvore de verdade, mãe!
- Então faz o seguinte: pede pro papai providenciar uma "árvore de verdade" pra ti. Tá bom?
- Tá bom!
 
     O Bruno não estava em casa na hora da "montagem" da árvore, mas se deitou rindo quando contei o episódio. Tenho certeza que quando a Laura enxergar um pinheiro ou até mesmo quando se deparar com o nosso, vai pedir pro papai a árvore verde de Natal.
 
     Até me puxo pra comprar coelhinho da Páscoa, montar ninhos, fazer pegadas de Hipoglós no chão, saio á procura de fantasia de princesa, ajeito festinha de aniversário... tudo o que uma mãe dedicada faz em prol da vida lúdica de sua prole,  mas o orçamento para enfeites natalinos sai da carteira do papai. E ele que prepare o bolso pra redecorar a casa no mês de dezembro, porque eu tô fora.
 
PS: a guirlanda segue ensacada por falta de prego na porta (e pelo jeito continuará assim...).

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

"Queridiar" de ônibus em Porto Alegre.


     Ida rápida à  Sant`Alegre. A diferença agora é que a Laura está pronunciando a maioria das palavras corretamente. "Alegre", "pronto", "planta"... e o Bruno sempre a corrige quando necessário. A última vez que ela foi a Porto Alegre conosco, andamos de ônibus com ela. E não tinha jeito dela dizer ônibus. Saía "ôminus". 

- Fala ô-ni-bus.
- Ô-mi-nus.
- Ô-ni-bus.
- Ô- mi-nus!
De tanto treino, finalmente saiu o ônibus. Nessa viagem, o "Santalegre" foi corrigido.

- Filha, é Porto Alegre.
- Ah, tá... "Proto" Alegre. 
- PoRto Alegre. Repete com o papai.
- PoRto Alegre. Ônibus!!!!

     Acho que ela associou as correções das palavras com aquele dia. Às vezes isso acontece. Corrigimos uma palavra que ela diz errado. Quando ela fala a palavra corretamente, logo em seguida diz "ônibus".

     Passeio no shopping com a Laura e a Martina (nossa afilhada) pra bater um papo com o Papai Noel.  A Martina pediu uma Raibow Dash 2 e a Laura uma boneca que toma sorvete e cerveja. A expressão de espanto do Papai Noel diante do pedido dela foi a mesma que nós tivemos. Já em casa, subindo os 64 degraus pra chegar em casa sem reclamar de cansaço (como de costume), ela exclama:

- Mãe, avisa pro Papai Noel que eu vou "queridiar" e que daí ele pode trazer presente pra mim. 

     Pronto! Ela inventou um verbo! Eu e o Bruno nos olhamos, contendo o riso. Eu perguntei o que ela iria fazer pra ganhar presente, só pra escutar de novo o queridiar. Desejo atendido.

- Queridiar, mãe! Ficar querida, obedecer tu e o papai... essas coisas!

Foto e pedidos (inusitados) ao Papai Noel.

Registro do passeio.

Altos papos no telefone britânico I.


Altos papos no telefone britânico II.

Como cansa brincar...