quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Os peitos

     Completo 39 anos daqui a alguns dias e sei o efeito que a lei da gravidade faz no nosso corpo com o passar do tempo. Não tenho pretensão (no momento atual) em me submeter a plásticas e recauchutagens em geral, mas já pensei nisso logo que deixei de amamentar a Laura. Notei que meus peitos deram uma diminuída no tamanho original de fábrica e uma “caidinha”; principalmente um deles, devido á assimetria que todos temos (no corpo, rosto, olho, narinas...). Nada percebível com roupa, sutiã, biquíni... somente quando estou como vim ao mundo.

     Ao perceber tal mudança, mostrei o par de peitos em questão ao mais interessado no assunto, meu excelentíssimo esposo.
- E aí... estão caídos, né? Notou a diferença entre o esquerdo e o direito?
- Daonde, Dea... teus peitos são lindos. Fica fria que quando eles começaram a desabar eu aviso.  Pra mim ta tudo no lugar.

     Depois de tal declaração, esqueci do assunto por um bom tempo. Até a Laura crescer e começar a conferir o tamanho dela comigo todas as vezes que tomávamos banho juntas.
- Olha, mãe! Já alcanço nas tuas costelas!!!
- Uau!! Verdade!!

Passado alguns meses:
- Mãe! Cheguei nos teus peitos!
- Bah! Daqui uns dias tu chegas nos ombros!
Me abaixei um pouco pra lavá-la e ela pegou nos meus peitos.
- Que pesadinhos...
- É.
Voltei á posição normal, em pé, e ela me pediu:
- Levanta os braços, mãe.
Obedeci.
- Olha aí! Teus peitos ficam mais bonitos assim! Por que eles não ficam pra cima o tempo todo?
Baixando os braços e rindo, respondi:
- Porque eu não ando o tempo todo com os braços pra cima!
Pegando os peitos e erguendo-os, como fazem os cirurgiões plásticos no exame das pacientes, ela completou:
- Mas eles ficariam mais bonitos assim. E esse é maior e um pouco mais caído que o outro! Olha isso!!  
     Ri muito com a constatação da Laura. Respondi outras tantas perguntas: Se eles sempre foram assim; se eles cresceram muito quando ela mamava...

     Daquele banho em diante, as indagações e os exames minuciosos das minhas mamas seguem com detalhes cada vez mais precisos.

     Hoje, no banho, novamente o exame e algumas perguntas. Resolvi compartilhar com ela uma fase em que os meus peitos me tiravam o sono; com a finalidade de prepará-la caso algo assim aconteça com ela no futuro.

Abre parênteses:
     Como sou baixinha e meus peitos cresceram de uma só vez, fiquei um tanto traumatizada em ser peituda. Tanto que quando me perguntavam o que eu queria ganhar de 15 anos, eu respondia que uma plástica pra diminuir os seios.  Não gostava de usar biquíni, de trocar de roupa na frente das amigas e colegas... porque eu tinha os maiores peitos. Conforme elas foram se desenvolvendo, os peitos foram ficando de tamanhos semelhantes e isso deixou de ser uma trauma.
     Coisas de adolescente...
Fecha parênteses.

- Quando eu tinha uns 11 anos, meus peitos começaram a crescer. Só que eles cresceram muito rápido e eu tinha vergonha; pois nenhuma das minhas amigas tinha os peitos tão grandes como os meus.

A exclamação da Laura foi a melhor. Cheia de si, com uma segurança na voz de quem tem certeza do que está falando, ela disse:

-Tu tinha que ter orgulho dos teus peitos, minha filha!!! Já que foi a primeira das amigas a ter peitão!

Hahahahahahaha!!!!!!

     Segui rindo por uns bons minutos e pensando em como eu queria ter escutado esse conselho aos 11 anos!