sábado, 29 de março de 2014

"Bocaberta"

     Quinta à noite, eu e o Bruno estávamos com vontade de comer algo diferente. Ele de Fusca com a Laura e eu com outro carro. Ficamos de nos encontrar em frente ao bistrô de um conhecido. Passei por lá e só reduzi a marcha, nem cheguei a parar. Vi que estava tudo fechado e peguei o celular pra ligar pro Bruno.

     Foi quando ele me ligou e disse:

- Não me viu?
- Não, está tudo fechado! Onde tu estás?
- Do outro lado da rua, estacionado, te esperando!
- Bah, não vi mesmo...
- Mas é uma bocaberta! Huahuahua! Vamos em que lugar então?
...

     E o diálogo se seguiu até decidirmos onde iríamos comer.

     Sexta á tardinha, após pegar a Laura na creche, estava fazendo as últimas tarefas do dia, quando do cadeirão do carro ela me pergunta:

- Mãe?
- O que, filha?
- Tu é bocaberta?

     Me lembrei na hora do telefonema e, segurando o riso, perguntei:

- Hã? Quem disse que a mamãe é bocaberta?
- O papai disse, no fuca.
- Não! Não sou não! O papai estava brincando...
- Ah, tá bom então.
 
Será que fui convincente?

quinta-feira, 27 de março de 2014

Ex ritual

     Ritual noturno: tomar mamá, escovar os dentes, ler um ou dois livros, apagar o abajur, contar a história do escuro e aguardar a Laura fechar os olhos.

     Muitas vezes adormeço junto, acordando tempo depois e me juntando ao Bruno na sala. Outras vezes, vou pra cama antes e o ritual fica por conta dele. Outras tantas, digo no ouvido dela que vou ao banheiro e já volto. Ela vira para o lado e capota o jipe antes de eu fechar a porta do quarto. Ainda tem aquelas vezes que quando começo a me levantar da cama, ela abre os olhos e bate a mãozinha no colchão dizendo:

-Deita aqui com a Laura, mãe!

     Ontem, aconteceu isso. Atendendo ao pedido, me deitei novamente ao seu lado. Ela me deu um abraço, um beijo e tentou se ajeitar pra dormir de novo, mas notou que a cama está ficando pequena pra nós duas. Virada de costas pra mim, pegou no meu braço e disse:

- Mãe, pode dormir lá na tua cama. Boa noite.

     Definitivamente, o bebê da casa cresceu.


quinta-feira, 20 de março de 2014

Neta de tigre sai pintada

     Estava conversando com a Carmine ontem (mãe do Miguel, um pouco mais velho que a Laura e que também vai na Escola da tia Mitti) enquanto a Laura tirava um cochilo pós escola no meu colo e eu lanchava.  Ela me contou que o Miguel não conta nada sobre as atividades da escola, como foi o dia de aula, o que foi aprendido...

     Já a Laura é bem o oposto. Não sei se por ser mulher - e todos sabem do dom da oratória que possuímos - ou se é da personalidade dela mesmo, fato é que ela fala, conta tudo em detalhes.  Vem na minha direção quando vou buscá-la na Tia Miti  me contando o que aconteceu durante a tarde. Entra no carro e me conta as historinhas que a profe Ana leu, que brincou com a profe Lidi (a qual era tem verdadeira paixão), que fulano ficou na cadeira do pensamento e o que aprendeu na aula de ballet, qual a atividade mais legal do dia... Inclusive, ela já tem os colegas preferidos: a Valentina é citada quase que diariamente. O Pedro volta e meia também aparece nos assuntos da escola. Foi a Laura que me contou que a Belli está indo na creche! Confirmei a informação com a Miti no dia seguinte ao papo que tive com a pequena.  

     Depois da oratória, geralmente cai num sono pesado e chega em casa capotada. A tática pra evitar essa dormida (que desregula o sono da noite) é dar uma parada no boliche pra dizer um oi pro Bruno. No geral tem dado certo, pois o Boliche fica no meio do caminho da casa e da creche, então ela não tem tempo de capotar o jipe. Depois da passeada, ela vai até em casa cantando e conversando sobre os mais variados assuntos.

     Pensando bem... acho que eu sei de onde vem essa vontade de falar que a Laura tem. Genética. Neta da vó Lulu (por parte de pai) e do Vö G (por parte de mãe)... quieta ela não poderia sair!! Os dois adoram uma prosa. Já diz o ditado que quem sai aos seus, não degenera. E um adaptado: Neta de tigre sai pintada.  

Beiço a là Angelina Jolie

     Desde janeiro, a Laura dorme da cama de solteiro que tem no quarto dela. Emprestamos o berço e seu apetrechos pra Helena conseguindo mais espaço, aí concentramos nele todos os brinquedos que estavam na sala.

     Fui atrás de uma grade pra colocarmos na cama, mas até agora não encontrei nenhuma que se adaptasse corretamente na cama. Enquanto isso, colocamos os rolos nas laterais. De um lado a cama é encostada na parede e o rolo fica encostado nela. Dou outro, adaptamos um apoio pra segurar o rolo.

     Na semana que antecedeu o carnaval, a Laura sonhou, ficou em pé na cama e caiu de boca no chão.
A televisão da vídeo babá fica no criado mudo do Bruno (que tem o sono mais leve que o meu). Qualquer som que ele escuta vindo do quarto dela, faz com que na hora ele ligue a TV e veja o que está acontecendo. Naquela madrugada, lá pelas 2 horas, ele a escutou chorando e falando, e viu quando ela ficou pé na cama. Saiu correndo e só escutamos o barulho dela caindo no chão.

     Ela ficou assustada e chorava muito, tentamos acalmá-la no quarto ainda. Quando vi que tinha sangue no pijama dela, fomos até o banheiro e com a luz acesa, a mãe dentista começou a investigação. Descobri que o sangramento vinha da parte interna do lábio superior. Meu medo era que os dentinhos tivessem sofrido com o trauma, mas deixei que ela se acalmasse antes de examinar mais. Antes que o lábio inchasse mais (e inchou bastante), consegui ver o corte. Dei um analgésico e fomos pra sala, à pedido dela.

     Santo Discovery Kids e sua programação 24 horas. Só a Peppa Pig e os Backyardigans pra acalmar a Laura naquela madrugada. Passado o susto, o sono voltou com tudo no papai e na mamãe, mas não na Laura. Disse pro Bruno voltar a dormir que eu ficaria com ela. Em casos assim, a melhor coisa a fazer é colocar gelo no local pra evitar um edema (inchaço) maior. Mas não consegui convencer a Laura nem com sacolé, nem com gelo, nada. Ás 3 da madrugada ela pediu água e tomou do jeito que deu, já que a boca não fechava direito por causa do lábio de Angelina Jolie que ela estava. Calmamente assistindo aos desenhos, ás vezes ela se queixava de dor, aí eu perguntava o que doía; se eram os dentinhos ou o lábio. "O lábio, mãe.". Menos mal.

     Levei o colchão dela e o da cama auxiliar pra sala e lá ficamos. Eram quase 4 horas da manhã, meus olhos pareciam estar cheios de areia, e a Laura firme e forte, me narrando o que a Peppa estava fazendo. Acordada e com os olhos arregalados, era engraçado vê-la falando com o lábio daquele tamanho. Até que ela me pediu pra ir dormir na cama dela. Desfiz o acampamento da sala e a beiçuda caiu no sono. No outro dia, falei com as amigas odontopediatras e tudo certo com os dentinhos da Laura. O edema começou a baixar na tarde e de noite estava quase normal.

     Desde aquela noite, começamos a puxar a cama auxiliar assim que ela pega no sono. Erro nosso não fazer isso desde o primeiro dia. E não é a coisa mais prática do mundo, mas essa semana ela rolou da cama dela e seguiu dormindo na cama de baixo, sem acordar. Lábios, dentes e sono preservados. 


quarta-feira, 19 de março de 2014

Coisas que se pode achar na pracinha

     Sexta á tardinha, final de expediente, temperatura excelente pra aproveitar o final do dia ao ar live. Eu e a Laura fomos encontrar o papai Bruno numa loja localizada do outro lado da rua do parcão aqui de Santa Rosa.  Saindo de lá, obviamente atravessamos a rua e fomos brincar com a neninha nos balanços de pneus, no trepa trepa e encher os sapatos de areia.

     Esse foi um momento espontâneo, típico de família que tem criança em casa. Corremos, nos balançamos, cantamos... fizemos tudo o que tínhamos direito. Quando estávamos indo em direção a um outro brinquedo da pracinha, eis que o Bruno avista um objeto verde enterrado na areia. Também avistei a tal coisa verde, que só tinha uma pontinha verde aparecendo. Uau!!! Pára tudo! Rapidamente, ele chamou a atenção da Laura e fez uma cena pra desenterrar o objeto da areia pra finalmente descobrir do que se tratava.

     Nova linha, parágrafo, letra maiúscula. Quando se tem filhos nessa idade, a melhor coisa é ensinar como o mundo funciona. Ver a expressão de surpresa e a alegria das pequenas descobertas diárias nos seus rostos. Os olhinhos arregalados e as expressões vocálicas dos que já falam são impagáveis. Voltando à cena: Não me lembro exatamente as palavras usadas pelo Bruno, mas algo do tipo: 

     - Laura! Olha o que o papai achou aqui!

     Ela vaio correndo e indagando: ": O que, o que, pai?" . Expectativa dos três estampada no rosto (afinal, entrei na onda junto). Ficamos cuidando o Bruno remover o "tesouro" da areia. Aí, mil possibilidades passam na nossa cabeça: Será uma pazinha de areia? Será um pedaço de algum carrinho quebrado? 

      Tcharaaaaan!!! Um pente de catar piolho!! 

     Caímos na gargalhada! A Laura fez uma cara como se estivéssemos desenterrado o tal tesouro da nossa imaginação.  Sem saber a real utilidade daquilo, queria pegar o "brinquedo" a qualquer custo. Explicamos pra que aquilo servia e mostramos a sujeira que ali continha. Mesmo assim, o desejo de pegar o pente continuava. Então, conseguimos  distraí-la até que ela esquecesse o pente. 

Mas vejam bem, não era qualquer pente. Tratava-se de um pente de catar piolho de metal (possivelmente aço inoxidável) e com um cabo de plástico, de um verde vivo, bonito mesmo. Sorte nossa que não precisamos dele, e o mesmo foi dispensado na primeira lixeira que encontramos.  







 

domingo, 16 de março de 2014

A neninha cresceu...

     Definitivamente, não temos mais bebê em casa. O trocador foi aposentado, o bico largado e até o nãna foi deixado de lado. Um pacote de fraldas dura muito tempo, pois elas são utilizadas somente na hora de dormir. Na hora do xixi ou cocô, temos que esperar ela nos chamar quando fica pronta. Nada de ficarmos esperando no banheiro. A comunicação da Laura é clara, o vocabulário bem diverso e as pecas que ela diz são impagáveis.
     Um exemplo: Todas as noites, depois da historinha de algum livro, apago a luz e conto a  "história do escuro". Geralmente conto a ela fatos que aconteceram no dia, como a visita de alguma amiguinha, brincadeiras com os primos ou com os avós... e ela muitas vezes pede:
- Mãe, conta a tória da Laura e da Camila.
Ou:
-Mãe, conta a tória da mamãe e da Bella, quando ela foi tomar banho.
Uma noite dessas, estava pronta pra apagar a luz e começar com a história do escuro quando ela colocou uma bonequinha por baixo do pijama, na barriga, e disse:
- Olha mãe, igual a Helena que tá na barriga da Larissa!

     Semana passada, quando a Helena nasceu, a Laura estava com um rinovírus que a deixou bem ranhentinha. Evitamos levá-la para conhecer a recém nascida pra evitar que o rinovirus se instalasse na pequena. Mas como todos só falavam na Helena, e era Helena pra cá, Helena pra lá... a Laura perguntou por que ela não podia ver a Helena no hospital. Eu expliquei que era por que ela estava com o nariz escorrendo e tal, que assim que melhorasse, nós a levaríamos conhecer a Helena.
Dois dias depois, ela colocou o dedo indicador no nariz, deu uma fungada e disse:
- Mãe, o nariz tá melhorado, agora dá pra visitar a Helena!  

     É inevitável a comparação do carnaval do ano passado com este. 
No ano passado, a Laura  estava com um ano e três meses. Passamos os dias de folia numa fazenda. Lá, inesquecivelmente, dia 9 de fevereiro ela disse "mamãe" pela primeira vez.

     Este ano, o carnaval foi quase um mês mais tarde, e a diferença na evolução das palavras é impressionante.
Passamos de sexta a terça feira de carnaval na casa dos meus pais, em Santo Ângelo, com dois casais de amigos (Marilia e Giofranco, Betuel e Lu), o Dani e sua turma. Enquanto eles viajavam, nós cuidávamos da casa (hehehe!!!).

     Ela estava foleando um livro da Vila Sésamo e me apontou pra um desenho de um  dos personagens varrendo o chão.
- Olha, mãe, ele tá vassourando!

     Já tinha escutado da Angélica a história da música da Baleia, que a Laura havia cantado pra ela. Mas eu nunca tinha ouvido a canção, até esses dias.

     "A baleia, a baleia, é amiga da sereia, olha o que ela faz, olha o que ela faz, tchu, tchu a, tchu, tchu a." Ela se ajoelhou no chão e demonstrou como a baleia faz com a calda, balançando os pés. Enchi os olhos de lágrimas...




Sentando no pepino

     Resolvi me dedicar aos concursos públicos em busca de férias remuneradas e décimo terceiro salário, coisas que não tenho como profissional liberal.

       Nessa trajetória, percorrida desde novembro do ano passado, aprendi muita coisa, tanto pra minha área como pra vida. Fiz curso preparatório pra Raciocínio Lógico e das 5 questões do primeiro concurso, acertei 3, errei uma de molóide mesmo e outra realmente não consegui resolver. Considerei um baita avanço, já que há menos de meio ano não sabia nem o que eram as tabelas da verdade. Achava que sabia Português pelo fato de ter facilidade em escrever, mas concluí que não sei como consigo falar Português, de tão difícil que ele é. Depois de sentar no pepino no concurso da Secretaria Estadual da Saúde, fiz metade do curso preparatório de Português porque o mesmo já tinha começado quando estava fazendo o de Raciocínio Lógico. Boiei, pois há anos não identificava o verbo transitivo indireto numa frase.  

     Fiz curso preparatório pra Legislação, e quem me deu aula foi o Cicero, colega de "segundo grau" do Bruno e que se dedica há 4 anos aos estudos a fim de passar em um concurso pra área de cartório. Aprendi coisas que nunca imaginei que existissem nesse mundo e me empolguei com o concurso no qual havia me inscrito. 

     Confesso que manter uma rotina diária de estudo não é pra qualquer um, e sabia que ainda estava com dificuldades em Português. As "específicas" estavam em dia, mesmo sem ter bibliografia, estudei em artigos e livros de odontologia. Acreditei que estava preparada pra ser aprovada pra única vaga de Santa Rosa.

     Sentei novamente no pepino hoje. Murchei como um maracujá de gaveta quando conferi o gabarito. Nem a Laura dando sermão na boneca e a colocando no cantinho do pensamento me fez esboçar um sorriso. Briguei com a mãe por telefone e com o Bruno ao vivo e a cores. Soltei os cachorros em quem mais me ajuda sempre.

     Desculpe, pessoal. Sei que não posso ser imediatista, que ainda tenho um longo caminho a ser percorrido se meu real desejo é virar servidora pública, mas estou furiosa comigo mesma. Por não ter estudado o suficiente, por não conseguir manter um horário diário de estudo...

     Agora, quero voltar a escrever com a mesma frequência de antes no blog e fazer o calendário de estudo que o Cícero propôs (se até amanhã não desistir dessa história de concurso público).