quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Retropectiva 2017

     Desde que iniciei o blog, esse ano foi o de menor número de postagens. Mas também... 2017 foi intenso, em vários sentidos, pra todos os integrantes da família TurraSala. Vamos á eles:

- A Laura participou de apresentações de patinação com a Companhia TransNação, começou a frequentar aulas de Inglês e se "formou" na Educação Infantil. Cresceu muito, fez novos amigos, amadureceu e está cada vez mais querida e nossa parceira.

- O Bruno arrendou a Tao e o Boliche, e por hora está trabalhando numa Imobiliária, como corretor de imóveis. Esse foi um ano de muitas mudanças e desafios pra ele. Não está sendo fácil, mas se fosse... provavelmente não teria graça. O lado bom foi que conseguiu estar com a Luiza e curtir ela por alguns dias, lá em agosto.

- Eu, depois de 3 anos viajando mensalmente á Porto Alegre e permanecendo lá por quase 1 semana do mês, concluí a especialização em Implantodontia, Plástica Periodontal e Capacitação em Laserterapia. Comecei uma formação de Yoga em Horizontina, me tornei vegetariana de vez, conheci pessoas muito legais, reencontrei outras, aprendi a cozinhar pratos maravilhosos...

     O Bruno e eu passamos por momentos delicados, de grande dificuldade durante esse ano, cada um com seus problemas, outros em comum. Segundo ele, foi o ano mais difícil dos últimos tempos. Isso é uma visão muito pessoal. Acredito que já passamos por coisa bem pior. 

     Faço aqui uma reflexão pessoal agora. Ao meu ver, esse foi o ano do "muito". Estudei, meditei, aprendi, ri, aproveitei, conheci e o mais importante, me autoconheci. Tudo intensamente. Percebi mudanças profundas e irreversíveis em mim. Dei umas surtadas, intensas mas poucas (acredito que poucas mesmo, se comparado aos outros anos).

     Definitivamente não me enquadro na "normose" que a sociedade dita e não sofro com isso. Aprendi (a muito custo) a não me importar com os possíveis julgamentos e ligar o "foda-se" ás vezes. Não é fácil assim como relatar aqui, mas escrever faz com que as minhas ideias clareiem e eu perceba que nem tudo e todos merece a minha intensidade.

     2017 tem ainda 4 dias, e não posso menosprezar em nada esse pouco tempo. Vá que ele resolva surpreender ainda mais... mas acho que já posso expressar a minha gratidão á esses 12 meses que se findam e ás pessoas que fizeram parte dele: Laura e Bruno principalmente. 

     Se tracei metas pra 2018? Por se tratar de um novo cilho, fiz sim. Mas não deixo pra colocá-los em prática só dia 1 de janeiro (ou estender as promessas até depois do carnaval, que é onde a vida volta a funcionar, segundo alguns...). Coloco em prática minhas metas todos os dias ao levantar da cama e seguir em frente, mesmo com tempestade lá fora.

     Escrever foi algo que fiz pouco esse ano, e em 2018 pretendo voltar a digitar mais.



Reencontro

     Amigas desde sempre. Todo mundo tem. E por mais que a gente não se veja com frequência, quando o encontro acontece, os abraços, as risadas e os trejeitos me dão uma sensação tão boa, mas tão boa...

     Mas antes de eu continuar divagando sobre o assunto, vamos ás devidas apresentações: éramos 4 colegas de aula. Eu e a Liana desde o jardim da infância, no 1º grau (hoje Ensino Fundamental) trocamos de escola e nos tornamos colegas da Liana e da Alessandra. Seguimos na mesma turma até o fim dos estudos. Mas fomos nos aproximando mesmo com uns 13 anos. Fui a última a ser "aceita" na irmandade, me juntando á trupe com 14, na 8ª série.

     Passamos a maior parte da adolescência juntas, e quando conquistamos um pouco de liberdade, lá pelos 15 anos, nossos dias eram típicos: trocando bilhetes na sala de aula, dando voltas no centro da cidade, cantando MPB (Marisa Monte, Caetano, Gil...), "gazeando" aula como qualquer criatura dessa idade, tomando banho de sol, gravando fitas K7, escrevendo nas agendas que não fechavam de tantas coisas que continham ali dentro, fumando Gudang Garan no Cadeira Cativa, ou na Kombi do Leonardo, passando as tardes em frente ao prédio que a Liana morava na Travessa Mauá esquina com a Marquês, ajeitando os esquemas com os pais das 4 pra saber qual deles levaria e o outro que buscaria a gente das festas... 

     Mesmo a Liana mudando de colégio, morando um tempo fora,  seguimos juntas em Santo Ângelo até terminarmos o 2º grau. Aí a convivência diminuiu. Eu, a Ale e a Lívia fomos estudar em PoA, a Liana voltou pro interior. Não me lembro direito, mas acredito que nunca mais conseguimos juntar as 4 novamente. Hoje, a Ale mora em SC, a Livia em SC e na Cataluña e eu e a Liana aqui na região, Vergonhosamente, pouco nos encontramos, mesmo eu sendo madrinha do Gabriel, filho mais velho dela (e do Leonardo, aquele da Kombi). 

     Não via a Lívia há 10 anos (!!!) e fiz um malabarismo e tanto pra conseguir juntar ela, eu e a Liana. Deu certo!!! E foi especial. Mesmo rápido, conseguimos matar um pouco a saudade e percebermos o quanto amadurecemos nesses anos que não nos encontramos, e por mais que tenhamos tomado caminhos muito diferentes, existem laços que nos unem. 

     Nosso encontro aconteceu na casa dos pais da Lívia, ali perto do colégio que estudamos  vida toda. Deixamos a Laura brincando com a Aura  e o Aran (filhos da Lívia) e rumamos até o Rolla Prime (antigo Rolla chopp, lugar onde fizemos muitas festas nos anos 90). Ali tomamos algumas cervejas, conversamos, rimos e relembramos muitas coisas.  Saímos cantando MPB abraçadas até a esquina onde a Liana morava e o Bruno tirou fotos nossas ali.

     Nos comprometemos a não deixar passar tanto tempo pra próxima junção (de preferência com a Ale, os maridos, filhos... todos juntos). Temos ainda muita MPB pra cantarmos.

     Amo vocês, gurias!

Rolla com a ilustre presença do Bruno (que riu muito com as nossas histórias)

A esquina

Estamos tão gatas quanto há 20 anos atrás!

Laura, Aura e Aran na casa dos pais da Lívia (os Xus).

Yé, yé!!!!


segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Drama





     Ser mulher é sinônimo de fazer drama. Até mesmo as mais despachadas, vividas, amadurecidas tiveram seus momentos de total, completo e sempre exagerado drama. Como as crianças de hoje são mais desenvolvidas, rápidas e sagazes do que as de gerações passadas, não me admira que as meninas desenvolvam o drama na tenra idade. Exemplo:  a Laura.

Fatos que demonstram isso:

     Inverno. Quinta feira a noite. A Laura foi com o Bruno numa janta da Etnia Italiana, enquanto eu estava nos estudos do Centro Espírita. Esperava que eles voltassem pra casa muito depois de mim, mas uns 10 minutos depois que eu havia entrado em casa, os dois chegaram. Ele, sério; ela, emburrada, cruzou por mim sem ao menos me cumprimentar e foi direto pro quarto. Perguntei o que tinha acontecido e o Bruno me pegou pela mão e me levou até o quarto dela, onde a encontramos de cara fechada, braços cruzados, sentada na cama.
     
     Aí vieram as explicações:
- A Laura brincou até a hora da janta, bem querida e comportada. Mas não quis comer nada, mesmo sendo avisada que estava tudo uma delícia. Ficou fazendo beiço e manha pra vó Lulu, pedindo pra irmos embora; e eu não gostei do comportamento dela. Avisei que nós iríamos embora na hora que eu achasse, e não quando ela queria.
Perguntei:
- É verdade isso, Laura?
     Com cara de mais emburrada ainda ela confirmou. E o Bruno continuou:
- Quando realmente chegou a hora de irmos embora, falei pra ela no carro que o comportamento dela não foi nada legal e que ela vai ficar de castigo e sem jantar, pra aprender a comer o que tem e na hora certa.
     Respondi:
- Acho justo. 
     Decidimos dar somente uma banana pra ela comer. Depois, foi pro banheiro, escovou os dentes e voltou pro quarto. Enquanto isso, eu ajeitei a casa e o Bruno foi pro quarto. Quando estava terminando de recolher as coisas da sala, ela apareceu e disse:
- Quero falar uma coisa.
- Pode falar.
- Eu odeio a minha vida.

     A minha vontade era cair na gargalhada. Mas "engoli" essa vontade, disfarçando os cantos da minha boca, que teimavam em subir e respondi:
- No momento, minha filha, essa é a única vida que tu tens. Então, trata de gostar bastante dela. E se tá difícil, o melhor é tu mudares as tuas atitudes. Te garanto que aí tua vida vai ficar bem melhor.

     Sem mais, virei as costas e fui pro quarto. Na sequência, ela foi pro quarto dela, nos desejou boa noite e fechou a porta, "maguary", certamente odiando a vida ainda.

     Contei pro Bruno o nosso diálogo e rimos juntos, já que chorar seria mais dramático ainda.



     Ainda no inverno, passada a hora de dormir em uns 40 minutos. Já tinha avisado a Laura que era hora de ir pra cama várias vezes. Geralmente ela atende logo aos pedidos de baixar a bola e se deitar, mesmo comentando (todas as vezes) que ela "odeia a hora de dormir".  Passados mais uns 15 minutos, mesmo de dentes escovados e tudo pronto, constatei que com conversa a coisa não iria se resolver, então fiz um leve "esparro" em casa:
- Bueno! Acabou a folia! Teu pai já está deitado, a Bella também. Eu cansei de te mandar pra cama. 
Desliguei as luzes da sala, do corredor, me deitei e eu e o Bruno nos despedimos dela:
- Boa noite, filha!
Silêncio. Esperamos mais alguns instantes, até ouvirmos a resposta:
- Vocês são os piores pais do mundo.
Consegui encontrar os olhos do Bruno no escuro e sentir que ele teve a mesma reação que eu: reviramos os olhos como quem diz: "que dramaaaa!!!" e rimos (com a cabeça no travesseiro, pra que ela não nos escutasse). Depois de alguns minutos, ele me disse:

- Ela não tem 6 anos. Já imaginou com 16?
- Não quero pensar nisso. Ainda vamos escutar muitas vezes essa frase.
- Isso quer dizer que estamos no caminho certo.
- Acho que sim.


6 anos



6 anos da Laura em 2017. Aniversário comemorado com as amigas num "dormidão" promovido pela tia Márcia. 
























quarta-feira, 10 de maio de 2017

Pequenas histórias, grandes risadas

Segue alguns relatos de algumas histórias da Laura, pra que não se percam no tempo:

     Nesse mundo tecnológico, digital, onde a maioria prefere se relacionar via tela de celular do que ao vivo e a cores, levar uma criança pra brincar ao ar livre num dia de folga é bem (mas bem) importante. É essencial que se encardam na terra, tenham contato com a natureza, aprendam a subir em árvore... E por mais que a gente saiba que essas crianças já nascem sabendo mexer em tablets e celulares, a gente ainda se impressiona com essa facilidade deles.

     Uma noite, dentro do carro, eu contava pra D. Lurdinha que a Laura ligou meu laptop sozinha, procurou e encontrou o filme que desejava ver.
- Como pode isso, né? Eu mal sei fazer uma ligação do telefone.

A resposta da Laura:
- Ai, vó! Tu tá perdida na vida mesmo, né?? Tu tem que cuidar da cabeça, vó!
- É mesmo, Laura?
- Sim!! Tem que exercitar a cabeça, pra ela funcionar direito. Tem que ler livros, saber mexer no computador,,, essas coisas! Se não... vai ficar pra trás!!!


     A carteira que ela ganhou mês passado segue rendendo histórias. Querendo encher o acessório de dinheiro, perguntamos a ela onde ela iria conseguir o dindim.
- No banco! Vou lá buscar um dinheiro pra mim.
- Mas a gente precisa trabalhar pra ganhar dinheiro, filha.
- E agora? Vou trabalhar no que?
- Manter o teu quarto e banheiro arrumados, não deixar roupa e calçado espalhados pelo chão... isso é trabalho. Aí a gente te dá um dinheiro.

No mesmo dia, á noite, ela foi tomar banho:
- Sozinha, porque não sou mais bebê...

     O Bruno estava na sala, e eu indo de um lado pra outro da casa, organizando as coisas pra semana que estava começando, desfazendo mala... e sempre que passava pelo banheiro, dava um "confere" na Laura. Até que uma hora percebi que ela havia desligado o chuveiro. Continuei a funcionar e nada da crespa sair do box. Fui até a porta do banheiro e vi que ela estava ainda molhada, arrumando as embalagens de shampoo, condicionador...

- O que tu estás fazendo, Laura? Tens que te secar!
A resposta veio em tom incisivo:
- Tô indo!! Eu tenho que arrumar isso aqui pra poder ganhar dinheiro!


     Passamos o carnaval em Gramado e arredores. Durante esses dias, nos divertimos muito, tanto com as nossas programações quanto com as tiradas da Laura.

1. Passamos um dia em São Chico, andando á cavalo, admirando as belas paisagens do local junto com o Dindo Tucho e o Luca. Conhecemos lugares lindíssimos, entre eles, um hotel centenário, propriedade de um chef de cozinha regional, mas que trabalha em São Paulo e é amigo do Tucho. Foi servido um menu degustação maravilhoso. Ms como sabíamos que era muita comida pra Laura, pedimos uma massa, só com azeite de oliva.  Enquanto os nossos pratos vinham, o dela nada... aí chegou a frustração e a fome na crespa. Quando estávamos lá pelo quarto prato, o chef em pessoa veio com um super macarrão, naqueles pratos fundos que a gente vê no Master Chef. Como havia demorado bastante pra massa sair, ele já chegou se desculpando:

- Querida! Desculpe a demora no teu almoço. Mas eu vim pessoalmente te trazer essa massa deliciosa que eu mesmo fiz pra ti.

     Ele colocou o prato na mesa e todos os olhares se voltaram pra massa, que veio cheia de um molho de tomates. Na hora eu e o Bruno nos olhamos e ambos olharam pra Laura, que já deu aquela virada de olhos característica. Enquanto isso, o chef veio com um queijo e um ralador e todo querido, perguntou, se debruçando sobre ela e a massa:
- Queres que o tio rale um queijinho pra tu cmoeres com a massa?
Revirando os olhos pra ele, ela respondeu um "não" sonoro.
- É a fome... tentei remendar. 

     Novamente ele se desculpou e foi se sentar do outro lado da mesa, a fim de conversar com o Tucho e o Bruno.

     Do seu canto da mesa, a Laura olhava pra massa, olhava pro chef... olhava pr massa e pro cheff... até que disse:
- Esse cozinheiro não entende nada do que os clientes pedem. Minha massa era pra ser SEM MOLHO, e olha o que ele me trouxe!

     Ainda bem que ele não escutou o comentário da crespa, que depois acabou comendo com gosto a massa, pois foi devidamente avisada que só teria aquilo pr comer.




2. Na ida ou volta da maioria dos passeios (Três Coroas, São Chico...) parávamos num posto Ipiranga, que fica próximo ao pórtico de Gramado, A parada servia pra nos abastecermos\; combustível, água, picolés, pilha...

     Certo dia, depois de um dia no zoológico e Mini Mundo (chamado pela Laura de "Mundinho"), estávamos passeando com ela pelo centro de Gramado, admirando as flores e tal, quando  a fome bateu. Ela sugeriu:
- Quem sabe agora a gente pára um pouco e faz um lanche?
O Bruno respondeu, entusiasmado:
- Boa idéia, filha! Vamos procurar um lugar bem bacana pra gente lanchar.
- Não, pai... vamos no Posto Ipiranga. Lá tem tudo!



quarta-feira, 26 de abril de 2017

História de Páscoa (versão 2017)

     
Mandei essas fotos pro Bruno com a legenda: "O coelho já passou por aqui."
Pegadas por baixo da poltrona... esse coelho (mesmo com sono) fez um caminho especial.
Depois de deixar uns chocos pelo caminho, o coelho deixou o ovo da Laura atrás do sofá.




     Desde que nos mudamos pro nosso apartamento que a Páscoa tem um ritual condizente com a nossa rotina: O Bruno trabalha no sábado e chega em casa entre 7 e 8 horas da manhã (se não mais tarde). Aí ele me acorda e ambos nos revezamos fazendo as patinhas do coelho (com Hipoglós, num trajeto cheio de curvas e mistérios), deixando ovinhos pelo caminho até o esconderijo do ovo mor (feito por mim, com muito amor). 

     Aí deitamos novamente, e por volta das 10 horas, a Laura desperta e encontra as pegadas, me chama, feliz da vida, eu me levanto (fingindo surpresa também), acompanho a caça ao ovo e as surpresas pelo caminho, ela encontra tudo, mais feliz da vida ainda, corre mostrar pro Bruno (que mal abre os olhos, mas esboça um sorrisão pra ela). Ela abre uns chocolates, come e depois de um tempo, pega uma esponja e um pano e limpa as pegadas do coelho, sempre indagando onde ele suja as patas - de branco -  antes de chegar na nossa casa.
 
     Esse ano, a rotina foi um pouco diferente: a Laura começou a ir na aula de manhã e de tarde (por vontade própria), o que a faz acordar cedo (7, 7:30...). A semana da Páscoa foi cheia de afazeres, compromissos e muito trabalho.  O Bruno teve eventos quase todas as noites, viajei no sábado e voltei de noite, fui direto numa festa surpresa... 

     Eu e o Bruno estávamos realmente cansados, e ele ainda teria que virar a noite de sábado pra domingo. Saí da festa surpresa com a Laura perto das 23:00, pois ela estava com sono. Quase dormindo, a Laura indagou:
- Amanhã é Páscoa, mãe?
- Sim. Amanhã.
- E por onde o coelhinho vai entrar?
- Eu deixei a janela do teu quarto um pouco aberta. Acho que ele vai entrar por ali.
- Ah, tá. Boa noite então.

     Minha jornada do dia estava longe do fim. Derreti o chocolate pra terminar de montar o ovo do Bruno (o dela já estava devidamente embalado), bocejei horrores, coloquei o choco na forminha, esperei endurecer, lacrimejei de sono e bocejei mais um tanto, coloquei o ovo na embalagem. Tomei um banho, coloquei meu pijama quentinho, me deitei na cama e pensei: "Missão cumprida! Agora é só esperar o Bruno pra gente fazer as patinhas e esconder o ovo mor".

     Meus olhos estavam se fechando quando me lembrei que a Laura anda acordando cedo, e provavelmente a chegada do Bruno coincidiria com o despertar da Crespa. Me levantei, peguei o Hipoglós e sai, tastaviando de sono pelo quarto dela, corredor, sala... deixando as "pegadas" do coelhinho. Fiz um caminho básico, com poucas curvas, porque estava com receio de dormir no meio da tarefa. Mandei as fotos pro Bruno e capotei o jipe. 

     Vi que o Bruno chegou e logo em seguida a Laura me chamou:
- Mãe!!! O coelho veio!!

     Pulei da cama e olhei no relógio: 7:10. Seguiu-se a caça ao ovo mor com euforia, alegria... e muito sono da minha parte. Tentei levá-la de volta pra cama depois que estava com os chocolates em seu poder, mas  cabeça dela estava a mil, com muitos questionamentos. Quando ela estava limpando o trajeto das patas com a esponja e o pano, as perguntas começaram:

- Porque será que existe pegada de coelho preta, marrom e branca? Onde será que eles andam?
- Não sei, filha. Acho que o coelho que veio aqui e casa andou pela farinha.
- Mas essa meleca branca não parece farinha. Olha só!

     E aí... o que eu ia dizer??
- Pode ser que ele tenha pisado em alguma tinta branca...?
- Mas isso não tem cara de tinta... 

     E aí... o que eu ia dizer???????!!!!! Resolvi sair pela tangente:
- As pegadas marrons acredito que sejam de barro. Tem muito barro aqui quando chove, né...
- É... e as pretas podem ser de tinta! Eles podem ter derrubado uma lata de tinta preta.
- Pode ser mesmo, Laura.
- Posso comer um chocolate?
- Pode.

     Ufa... Ela se sentou no sofá e saboreou um choco. Faltava só um trecho das pegadas pra serem limpas, quando ela se levantou e ficou parada, olhando as marcas das patas no chão:
- Mãe, não tô entendendo uma coisa.

Ai... pensei.

- O que, filha?
- Só tem uma pata do coelho aqui. Parece que ele tá mancando.

     Não aguentei e comecei a rir (muito). Eu estava com tanto sono na noite anterior, que fiz as pegadas que minha coordenação motora do momento me permitia. Não me detive no detalhe do bicho ser quadrúpede.

- Ele deve ter vindo de skate, Laura. Por isso aparece só uma pegada.
- Pode ser mesmo!!
 
     Saída de mestre!!!! Hahahahaha!!!!

     Convenci a investigadora Laura a deitar comigo e com o Bruno pra dormirmos um pouco mais. A mãe aqui precisava descansar a cachola depois de tantas perguntas. Antes de pegar no sono pensei em como será a Páscoa do ano que vem...





domingo, 23 de abril de 2017

Presentes "importados"

     Feriado de 21 de abril, sexta feira. O que fazer? Decidimos na terça de noite que iríamos pra Argentina.  Conseguimos reservar o último quarto num hotel em Possadas, de quinta á sábado. Meus pais ficaram com a Laura e lá fomos nós rumo ao exterior.

     Choveu na quinta e na sexta até a tardinha.  Nos aventuramos até o Paraguai na quinta bem cedo. Programa de índio, com direito a cocar e chocalho (sinceramente, não sei como ainda vamos pra lá...).    Queríamos levar um presente pra Laura, mas como somos anti quinquilharias, ficamos na dúvida do que trazer pra ela.

     Eis que o Bruno se lembrou que prometeu á crespa uma carteira. Lá fomos nós atrás de tal acessório. Não digo que compramos a mais bonita, e sim a menos feia da loja. Made in Paraguay, com certeza.
De volta á Argentina, o Bruno ainda não estava totalmente satisfeito com o presente. Queria presentear a Laurinha com mais alguma coisa. 

    Entramos numa loja estilo 1,99 aqui do Brasil. Mais quinquilharias made in Paraguay, China, Taiwan... Milhares de coisas pra juntar pó. Eis que o Bruno encontrou uma escova de cabelo, dobrável, arredondada, que tem um espelho. Abre como um celular de antigamente. Parece um porco espinho.
Seguiu o diálogo:

- Ah, sim... ela me mostrou uma escova assim na casa da tua mãe esses dias. Disse que era uma escova mágica. 
- Acho que ela vai gostar, né?

     Pensei cá comigo que aquela seri a quarta ou quinta escova de cabelo que a Laura tem, mas respondi:
 - Vai sim. Pega uma azul. Ela adora azul.

     Retornamos ontem e fomos direto á Santo Ângelo, buscar a crespa e a Bella.

     Alegria! Muitos beijos, abraços e histórias dos dias que ela ficou com o vô G e a vó Mari. Quando demos a carteira de presente, ela achou o máximo!

- Agora preciso colocar dinheiro na carteira. Amanhã eu pago o almoço!

     Cada um contribuiu com uma nota de 2 reais, mais uma de 10 pesos argentinos, mais algumas moedas... e a carteira ficou recheada. Andou com o acessório pra cima e pra baixo, até a hora do banho. 

     Aí lembramos que tinha o outro presente dentro da nossa mala. A mãe estava arrumando as nossas camas, e o Bruno, todo feliz, deu a escovinha pra Laura.

Ela olhou, olhou... e nós ao redor:
- Olha! Que legal essa escova!
- E tem espelho!!
- E é azul!

     Ela abriu a escova, deu um sorriso e disse:
- Eu nunca quis isso.

Hahahahaha!!!!!

- Então eu posso pegar pra mim?
- Pode sim, mãe. Nunca quis isso.

Hahahahaha!!!!!

     Hoje, fomos passear no Brique da praça e ela, toda feliz, comprou uma garrafinha d'água com o dinheiro da carteira. 

     Até queríamos fazer almoço em casa, mas ganhamos a refeição da Laura, que foi correndo até o caixa parar a comanda com os pesos argentinos. Pagamos a diferença com reais (todo o almoço, na verdade, mas o que vale é a intenção!).

     A escova? Vai rolar de um lado pra outro em casa, ou até pare na minha bolsa, por causa do espelho.


O presente que agradou: a carteira made in Paraguay.


quinta-feira, 20 de abril de 2017

9 verdades, 1 mentira

A febre dos últimos dias no Facebook é achar 1 mentira no meio de verdades.
Como não me contento só com tópicos, resolvi escrever um pouco além, a fim de relembrar fatos marcantes da minha vida e saber quem me conhece. Dá pra fazer um post com cada afirmativa dessas, com certeza.

Achem a mentira no meio de tanta verdade verdadeira:

1. Adoro dançar, mesmo sofrendo bulling do meu tio quando criança (me chamava de bailarina de cabaré, bailarina da coxa grossa...). Fui professora de dança de salão na adolescência e no meu casamento dancei um tango (valsa é coisa pros fracos... hehehe!!!). Ultimamente me dedico com afinco á dança flamenca e ano passado me realizei dançando um lindo passo doble.

2. Sou levemente desastrada: já bati, torci e rompi os ligamentos de ambos os pés. Cheguei a colecionar as botas de gessos em casa (uns 4, 6 pares ao todo). Mas o budum era tanto que a mãe resolveu colocá-los fora. Caí num buraco e rompi vários feixes musculares da coxa, tive que colocar dreno, fazer fisioterapia... Quebrei o dente com 12 anos quando fui entregar uma arte da minha irmã (na época com 5). Minha última proeza foi quebrar o dedo do pé, no início do mês.

3. Não sou nada tímida. Já dei entrevista pra Zero Hora (na época da faculdade, sobre como era morar na praia) e pro RBS notícias (há uns 2 anos atrás, sobre o aumento do ICMS). Na época dos vestibulares, perdi a conta de quantas entrevistas dei a emissoras de rádio. Subir num palco é comigo mesma! Ajudo mágicos, danço e até dou uma de cantora quando a melodia e o tom me favorece.

4. Fui eleita "Garota Simpatia" na pré escola. Além da faixa amarela (que foi colocada virada na passarela...) ganhei um cachorrinho de pelúcia que a minha filha adora, e deu o nome de Xixa. Ele se parece muito com a nossa cachorrinha, a Bella.

5. Conheci meu marido aos 15 anos, e sempre tive uma queda (tombo) por ele. Muita água passou embaixo da ponte até começarmos a namorar e a casarmos, mas a verdade é que a nossa história começou há muitos e muitos anos atrás. Ah! Quebrei o protocolo e pedi a mão dele em casamento pros meus sogros.

6. Quando criança, comia cebola como se come maçã: com dentadas generosas. E adoro comer melancia com pão.

7. Dei uma pedrada na cabeça de uma amiga. Na beira de um rio, com o teor alcoólico elevado, obviamente que. Ela riu quando percebeu o que tinha acontecido, Eu chorei. Ela ficou com um baita galo na cabeça, mas ficou tudo na santa paz.

8. Adoro som alto, principalmente no carro e na televisão. Quanto mais alto, mas eufórica e energizada eu fico. O barulho do sugador e da caneta de alta rotação do consultório são como mantras, me levam pra outra dimensão.

9. Fiz permanente no meu cabelo aos 6 e aos 36 anos. Sucesso na primeira e fracasso total na segunda vez (fiquei "crespa" menos de 48 horas). É aquela velha história: quem tem cabelo liso quer crespo e quem tem crespo quer liso.

10. Me fantasiei de nega maluca numa festa e ninguém me reconheceu. Na época da faculdade, me puxava nas fantasias. Ganhei prêmios (uma mandioca e uma bicicleta sem rodas) e reconhecimento.

terça-feira, 18 de abril de 2017

A música do Centro

     Há cerca de um ano e meio, a Laura frequenta a Evangelização do Centro Espírita Caminho de Damasco. Ás vezes ela vai comigo nas palestras, e em todas as situações, tem o pessoal que canta lindamente promovendo a harmonização para os trabalhos.

     Todas as músicas lá cantadas são lindas, com melodias que acalmam e letras que emocionam. Só no silêncio é uma canção que a crespa gosta bastante, e nem eu sabia disso até um tempo atrás.

     Numa sexta feira, depois da aula, a caminho de casa, ela me contou um dos vários "causos" do dia:
- Mãe, ensinei os meus colegas a cantar uma música. E eles gostaram bastante!
- É mesmo? E que música é essa?
- "Agora é hora... de silêncio interior...". Todos gostaram da música e aprenderam a cantar.

     Umas duas semanas depois, estava ajeitando a Laura pra patinação (colocando a malha, meia, capa dos patins...) quando chegaram duas coleguinhas de aula dela (Isadora e Laura Fim) juntas, cantando:

-  "Agora é hora... de silêncio interior..."

     Arregalei os olhos e percebi a expressão de alegria no rosto da crespa, que disse, com o dedinho pra cima, prestando atenção na cantoria das amigas:
- Eu falei que elas tinham gostado!

     Perguntei pras gurias de onde elas conheciam aquela música, e a resposta veio em meio a sorrisos:
- A Laura Turra ensinou pra turma num dia que tava todo mundo nervoso lá na aula.

     Tempo depois, amanheci num mau humor tenebroso. Não me lembro da razão, mas nem eu estava me aguentando naquele dia. No carro com a Laura, e por alguma razão, esbravejei, reclamei...  e me senti culpada em seguida, porque o mal humor era meu, ela não tinha nada a ver com aquilo. 
a minha culpa ainda estava no subconsciente quando escuto a vozinha da crespa entre os bancos, cantando:
-  "Agora é hora... de silêncio interior..."

     Meus olhos se encheram de lágrimas, e aí sim me senti culpada. Pedi desculpas por estar tão mal humorada e brigando por nada. 
- Não faz mal, mãe. Faz o que a música tá dizendo que tudo vai dar certo.

     Se alguém tem dúvidas de que essas crianças vieram nos preparar pra um mundo melhor, aí está uma prova do poder que elas têm.




segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Debutando no crossfit

     Adoro os textos que a Anmol Arora. Inspirada nela, resolvi contar minha experiência com o Crossfit.

     Fora minhas práticas de yoga e o flamenco, desde março, abril do ano passado não frequento academia, não faço musculação... nem nada do gênero. A verdade é que a gravidade e a idade têm um efeito devastador depois de uma certa idade. Mediante uma observação detalhada no espelho, sem roupa, decidi procurar algo que me colocasse nos eixos.

     Crossfit, pensei. E lá fui eu, pra uma aula experimental. Não sei os nomes dos exercícios (ainda), mas fiz o treino com uma cidadã rindo de mim e do cara que estava no mesmo barco que eu (experimentando a coisa). Ela estava fazendo a mesma série de exercícios, e enquanto eu e ele nos peidávamos pra chegar até a metade das séries, ela nos olhava... e ria. Chegando ao final, até eu comecei a rir. Eu, suada, mais corada que a minha camiseta rosa shock, com o corpo todo tremendo, me dirigi á cidadã e, rindo, exclamei:
- Agora entendi as tuas risadas. Um dia eu hei de estar no teu lugar, rindo dos novatos. 

      Gargalhadas.

     Fui pra casa e me atirei na cama, com uma sensação muito estranha no corpo, tudo tremia, tudo contraia... Ali, mandei uns áudios pras amigas que seguem essa modalidade, A Raquel (aqui de Santa Rosa) e a Carol (de Caxias). Coisas tipo: "Isso não é de Deus!!", "Travei, travei!! Não consigo me mexer!" "Vocês são loucas!"  fizeram parte do meu desabafo. Durante esse período, dei falta dos meus óculos de grau e de outros objetos que eu extraviei, de tão desasada que fiquei depois do treino. Aos poucos fui voltando ao normal e encontrando as coisas perdidas.

     Nos dois dias seguintes, senti dor em grupos musculares que eu nem sabia que existiam em mim. Opa... sinal que a coisa é boa, pensei. E pensei em não desistir do crossfit, Fui lá de novo, depois de 3 dias. Me achando toda gala, já sabendo a sequencia dos alongamentos e como funciona o esquema do treino.

     Serei breve no relato: muitos exercícios abdominais (dentre outros tantos), que fizeram meu almoço voltar até o esôfago. Indaguei a instrutora sobre o ocorrido e ela disse que isso é normal. Vai melhorar com o tempo e com o meu condicionamento. Saí do treino branca, enjoada, tremendo muito,  com o abdomem contraído (desde lá no fundo do meu ser) direto pra um happy hour com os amigos. Não consegui conversar coisa com coisa por uns 10 minutos. Só esbravejava (moderadamente, mas esbravejava) e tremia. Quando a comida desceu, tomei uma água e em meia hora estava melhor (com a contração nas entranhas, mas melhor). Brinquei com o pessoal que já estava me sentindo gostosona, fitness e tal. 

     Isso foi na sexta feira, e já sabia que o meu final de semana seria dolorido. Levantar da cama só me apoiando e gemendo (inevitavelmente...). Rir, tossir, espirrar está sendo difícil. Me lembrou da cesariana, mas com a dor "espalhada", da cintura indo até as costelas. 

     Não cheguei ao ponto de me apaixonar pela modalidade, de participar de desafios e de arrastar pneus de caminhão ainda, mas acho que vou gostar de fazer o crossfit. Ao menos não é (nada!!) monótono como  musculação. 

     Aguardem cenas dos próximos capítulos.

sábado, 28 de janeiro de 2017

Sou princesa, sou real.

     Desde março de 2016, a Laura faz aulas de patinação artística. Ganhou um patins de Natal, e de lá pra cá, teve um salto de aprendizado bem legal. No final de novembro, a Miti e a Vanessa (profes da patinação e adoradas pela Laura), convidaram a crespa para abrir o espetáculo de patinação anual da companhia Transnação (a escola que ela faz parte).Todo o espetáculo da companhia girou em torno das princesas da Disney (Dreams 360°). 

     Além da apresentação junto com a turma de meninas da mesma idade (que consistiu em ensaios desde agosto, roupa e toda a preparação digna de um espetáculo), ela dublou uma fala sobre ser princesa, ser real, deu uma volta de patins com alguns passos ensaiados e voltou pra platéia. 

      A preparação começou durante a semana da apresentação. A Miti mandou o áudio que ela deveria dublar por whatsapp pro Bruno (eu estava em aula em Porto Alegre naqueles dias) e ele fez um intensivo com ela. Na sexta quando eu cheguei, reforçamos o ensaio da fala já que no sábado pela manha seria o ensaio geral. Ela pouco dormiu aquela noite, tamanha a ansiedade, mas chegando lá ensaiou bonito (e eu já chorei litros...). No domingo, foi emocionante vê-la desempenhando um papel de tanta responsabilidade (mesmo que sendo uma participação rápida). Chorei outros tantos litros. 
     
     Além de achar lindo e emocionante ver a Laura patinando tão firme e dublando a fala tão certinh , foi ver um espetáculo de patinação com um tema que pra tantos é tão óbvio (princesas...), mas que foi extremamente tocante, A filha de uma amiga, com os olhinhos brilhando, disse ter realizado o sonho dela de conhecer as princesas. Mal sabe ela que as princesas que tão lindamente se apresentaram moram em Santa Rosa e cruzam com ela na rua todos os dias... 


     Virei mais fã ainda da equipe de patinação (leia-se  atletas, mães de atletas, técnica, coreografa, colaboradores...) e das princesas que foram interpretadas, Quero ir pra Disney (mais do que a Laura!!) e me emocionar com as coroas e vestidos delas.

     Pra quem ainda acha as princesas obsoletas pros dias de hoje, assistam  A princesa e o Sapo, aí voltamos a conversar. 

     Nossas gurias são princesas e são reais, vão viajar o mundo, conhecer pessoas novas, lugares que nem imaginamos... e serão donas de si, felizes da vida (e algumas delas patinando).












sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Preconceito contra as princesas

     Ouço e leio muita gente discriminando as princesas das histórias infantis. Amigas que se tornaram mãe há pouco tempo dizendo que se negam a ler as histórias de princesa pras gurias, pais reclamando da falta de super heroínas e do excesso de princesas no mundo infantil...

     Ok. Respeito o ponto de vista de cada um. Bem por isso vou expor o meu, relatando um pouco da minha experiência com as moças da realeza. Quando eu era criança, curtia as histórias de princesas, dos personagens que faziam parte das tramas (fadas, ratinhos, louças...), mas achava algumas protagonistas pouco participativas nas histórias (uma comia uma maçã envenenada, outra espetavam o dedo numa roca e caíam durinhas, deixando as fadas e os príncipes com o pesado...). Aí veio a Cinderela, que trabalhava muito e a Bela (da Fera) . Ambas participaram ativamente das tramas. Outra coisa que me deixava com a pulga atrás da orelha, eram os finais desses contos: "E foram felizes para sempre." Aquilo não me deixava confortável. Como assim "felizes para sempre"? Será que tiveram filhos? Moram no mesmo castelo que a rainha e o rei? O príncipe criou barriga? E a princesa, seguiu gata até os 80 anos?

     Depois de adulta, me distanciei das princesas até me tornar mãe da Laura. Sempre li pra ela, tanto as histórias de princesa quanto da Chapeuzinho Vermelho, 3 porquinhos e outras tantas, condizentes com a idade dela. Assisti a todos os desenhos das princesas novamente, junto com a crespa e sigo adorando as louças, peixes, ratinhos... todo o enredo das histórias. Choro em todos. Aí veio a Anna e a Elsa, que eu, particularmente, morro de amores (sou mais fã da Anna). 

     A Laura curte princesas, mas está bem ciente que não vai ser uma. Pra isso acontecer, ela teria que casar com um príncipe. Acredito que isso seja mais difícil que uma fada madrinha aparecer pra ela e transformar a abóbora numa carruagem. Ela curte os vestidos, as músicas, os penteados... e tudo bem.

     Aí eu pergunto: que mal tem em gostar de princesas? Alguém aí vai colocar suas filhas naquela escola de princesas lá de São Paulo? Ou alimentam a ideia de que o príncipe encantado realmente existe pra elas? Ou ainda, assistiram os últimos filmes infantis que têm princesas como protagonistas?? São bárbaros! Então, minha gente! Se elas gostam dos vestidos longos e daquelas coroas de plástico (que teimam em não parar na cabeça, mesmo com mil grampos...), deixem as nossas gurias aproveitarem! Amanhã elas irão estar se arrumando pra sair com os respectivos namorados. O tempo voa. 

     Lembram da Cinderela? Sabiam que ela tem uma série que mostra o depois do "felizes para sempre"? Ela estava infeliz, entendiada, de saco cheio de não fazer nada no castelo. Depois de uma crise existencial ela tomou as rédias da situação e resolveu assumir um papel ativo no reino. Tempos modernos!!!

     Pais e mães: fiquem tranquilos. Nossas gurias serão felizes, gostando de princesas, heroínas ou outro personagem qualquer do mundo infantil. Cabe a nós dar a elas educação, limites, fantasias e coroas de plástico. Porque elas são as nossas princesas, e são reais.

     Deixa para o próximo post: sou princesa, sou real.