sábado, 17 de novembro de 2018

Amizade, Aposentadoria, etc.

     Estamos nos aproximando do final do ano, e uma série de coisas aconteceram desde a última postagem.

     Além de trabalhar na clínica, eu comecei a ministrar aulas de yoga, a atender (como dentista) em Horizontina e o Bruno fez as provas e é oficialmente corretor de imóveis.
Tivemos um inverno super, hiper, mega rigoroso. Isso nos fez cheirar á galpão por causa da lareira, mas curtimos muito as estações do frio.

     A Laura participou do seu primeiro campeonato de Patinação (e isso merece um post exclusivo, pois foi realmente especial) e eu estreei como mãe de patinadora"on the road".

     Ela está lendo e escrevendo (inclusive "paralelepípedo") e, por conta disso, a rotina noturna mudou consideravelmente. Ao invés de eu ler as histórias antes dela dormir, há alguns meses comecei a ajudá-la a ler sozinha os livrinhos. No início, ela lia três, quatro palavras e ficava olhando pra página em questão, atônita.
- Entendeu o que foi lido, Laura?
- Não. Tem muita letra mistura aqui na minha cabeça. Cansei.
- Então eu termino de ler. Isso é assim mesmo, daqui uns dias tu vais entender tudo o que está escrito na página.
     
      Dito e feito. Com o passar do tempo, ela conseguiu ler uma página inteira e entender o que dizia ali. Depois de mais um tempo, ela conseguiu ler livrinhos inteiros (com a devida ajuda). Agora, nos dá boa noite, vai pro quarto e lê os livros de cabo a rabo. Só chama quando não compreende a escrita de algumas palavras.

     Mas vamos ás histórias da Laura, antes que as mesmas se percam no tempo.

DOR NO CORAÇÃO

Fui fazer minha unha no salão e a Laura queria que a Nice (cabeleireira) fizesse uma trança nela (geralmente feita quando ela corta a franja).
- Pergunta pra Nice se ela faz.
- Pergunta tu, mãe.
- Eu não! Quem quer fazer a trança? Eu ou tu?
- Mas eu tenho vergonha!
- Vergonha do que? O máximo que tu vais ouvir é um "não". E daqui há pouco nós vamos embora. Te aligera!

     E assim ficamos uns 10 minutos, até que eu a convenci a perguntar pra Nice se ela fazia a dita trança.
Após a resposta, ela voltou eufórica e me contou.
- Ela vai fazer. Só vai terminar de fazer uma coisa naquela mulher ali e já faz a trança em mim.
- Ah! Te falei! E ainda ficou se ensebando, com vergonha... Doeu pra perguntar?
- Doeu.
- É mesmo? E onde doeu?

     Ela colocou a mão direita no peito, perto do coração, deu umas batidinhas fazendo uma cara de sofrimento e me respondeu:
- Aqui ó.

APOSENTADORIA E OBEDIÊNCIA PATERNA

 Feriado do dia do professor. Eu e o Bruno trabalhamos e a Laura passou o dia em companhia da vó Lulu (minha sogra).
As duas foram na sede do Lions realizar trabalhos manuais. A Laura adora quando tem oportunidade de passar as tardes no Lions com a vó. Gosta tanto que suspirando disse:
- Ai... não vejo a hora de me aposentar pra vir trabalhar aqui no Lions.

     Nessa mesma tarde, minha sogra tinha consulta com o cardiologista, que eu não conheço pessoalmente, mas foi parceiro do Bruno nos jogos de futebol. Lá se foi a Laura acompanhar a vó Lulu no médico.

Adendo: O Bruno tem os dois joelhos operados devido ao futebol. A última cirurgia aconteceu em fevereiro, e ele não via a hora de voltar aos campos. Cada vez que se toca no assunto em casa, eu pergunto se não é mais negócio ele largar de mão essa história, porque o custo benefício desse esporte, no caso dele, tem sido bem desfavorável. Quando não é ligamento cruzado e menisco (que resultaram nas cirurgias) é uma distenção muscular aqui, outra ali... aí joga uma partida a cada 3 meses, pois tem que melhorar das encrencas.

     Seguindo a história, o cardiologista bateu um papo legal com a Laura, e inevitavelmente perguntou:
- E o teu pai que não foi mais jogar bola. Tu sabes por que?
- Porque a minha mãe não deixa. 
Entre risos do médico e da minha sogra, a Laura explicou:
- É que sempre que ele vai jogar bola, volta machucado, com o joelho estourado... com alguma coisa doendo... aí ela não deixa mais ele ir.

AMIGA DE BALCÃO

     Há alguns meses abriu aqui em Santa Rosa um bar-café muito legal, o Vertigo. Gostamos bastante de lá por vários motivos: ambiente aconchegante, o atendimento do pessoal é sensacional e a comida ótima. O João, que trabalhou com o Bruno na época da Tao e do Boliche está lá agora, e sempre que podemos, frequentamos o bar com a Laura. Na verdade, fomos lá mais vezes com ela do que só os dois, pois adoramos a calça virada feita na hora que rola lá com café de tardinha.

      Nossas cadeiras cativas encontram-se no balcão, e lá a Laura bate altos papos com o pessoal do bar e com os clientes também. Um dia, enquanto eu e o Bruno jantávamos (numa mesa), ela preferiu permanecer no balcão conversando com a Carla, mãe do proprietário do bar e nossa amiga de tempos. Sendo a Carla professora, encontrou a Laura no Dom Bosco algumas semanas depois e a levou até a sala de aula na garupa, fazendo festa. Indagada por alguém da escola de onde ela conhecia a Carla, prontamente ela respondeu:
- Ah! Ela é minha amiga de balcão!



sexta-feira, 18 de maio de 2018

Rins, unhas e "adoscelência"

     A turma da Laura está estudando o corpo humano, e a curiosidade dela sobre o assunto anda aguçada. Perguntas como pra onde a comida vai quando a gente a engole, a utilidade das costelas e outras tantas tornaram-se freqüentes em casa.  Uma noite dessas, ela queria assistir um vídeo sobre alguma parte do corpo humano. 
- Pode ser sobre os rins?
- Pode. 
- Tu sabes onde ficam os rins, Laura?
- Não.
- Ficam aqui, ó... um em cada lado das costas.
E coloquei as mãos no lugar correspondente aos rins.
- E tu sabes pra que servem os rins?
-Sei! Pra apoiar as mãos quando a gente põe elas na cintura.
E saiu desfilando com as mãos "nos rins".




Um dia, voltando da escola, estávamos no carro (eu dirigindo), e comentei que precisava ir á manicure dar um jeito nas minhas unhas. A Laura veio no meio dos bancos e exclamou:
- Eu também preciso dar um jeito nas minhas unhas. Porque agora eu parei de roer as unhas e preciso ir no salão pra pintar, ajeitar... essas coisas.
- Que legal! Então tu não estás mais roendo as unhas! Parabéns!
O Bruno pegou nas mãos dela e disse:
- Ué... mas elas estão tão curtinhas!
- É que eu parei ontem de roer. Não deu tempo de crescer ainda.




      A Laura adora a Luna, protagonista de uma série em espanhol. Trata-se de uma adolescente de uns 14, 15 anos, calculo eu. Na série ela patina e é uma guria do bem (como toda protagonista) e, como já mencionei, é a ídola mor da crespa. Hoje pela manhã, ela quis que eu fizesse o penteado da Luna. Após várias explicações e exemplificações de como eu deveria prender os cabelos, eis que obtive êxito no penteado.  

     Vendo o resultado satisfatório no espelho, concluiu:
- Ficou bom o penteado; a Luna usa bem assim o cabelo... Mas é que ela tem mais cabelo, porque ela é maior, uma adoscelente.

     Nota: ela falou com o sotaque do "ti" no final, então ficou "adoscelenti". Tive que me virar pra rir sem que ela percebesse.  

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Colhendo os frutos

     Participei de um retiro focado em Refinamento Espiritual na última semana, em Nova Petrópolis. Viajei na segunda feira (30-03) e retornei somente no domingo (04-05). Conheci  (e reencontrei) pessoas especiais, estabelecendo conexão profunda com todos. Foi uma experiência ímpar, profunda e inesquecível.

     Por conta desse programa, fiquei uma semana longe de casa, coisa que desde outubro do ano passado não acontecia (período que terminei a Especialização de Implanto). Quando cheguei (4:30 da manhã de segunda), fui avisada pelo Bruno que a laura estava muito saudosa. 

     Percebi isso logo, pois o grude comigo desde segunda feira é grande. Estou compensando todos esses dias que fiquei fora dando a ela toda a atenção possível; brincando, lendo, estando presente em todos os momentos, inclusive no banho. Ela me ajuda a lavar a louça, a organizar a casa e me abraça e me beija á todo instante, junto com declarações de amor.

     Fui tomar banho no banheiro dela, e deixei a calça (que estava limpa) encima do vaso e o restante da roupa suja num canto no chão. Quando ela terminou de tirar a roupa, percebi que tinha colocado tudo encima de um apoio (banco) que fizemos pra que ela alcance a pia. Ao ver onde eu havia deixado as roupas, ela disse:


-Mãe, não deixa as roupas espalhadas. quero deixar meu banheiro organizado, então vamos colocar tudo o que está sujo aqui, junto com as minhas roupas.

     Achei lindo ela querer deixar o banheiro em ordem. E ouvindo ela, a impressão que deva era que eu é que estava dizendo aquillo, tamanha a semelhança  do meu jeito de falar e do meu tom da voz.

     Outra situação que me deixou com o coração cheio de alegria aconteceu na segunda de noite. O suspense sobre a apresentação do dia das mães (que será logo mais á tardinha, hoje) está grande. Me dizendo coisas nas entrelinhas pra não estragar a surpresa, ela perguntou algo sobre um bilhete na agenda. 
- Não vi o bilhete, filha.
Respirando fundo e revirando os olhos, ela exclamou:
- Agora tu só quer saber de yoga, né??
- Não é isso! A tua agenda não veio hoje!
- Ah, tá... Mas e falando em Yoga, aprendeu algum mantra novo? Coloca um aí pra gente escutar!

     Prontamente coloquei um mantra lindo, que escutei por horas e horas durante o retiro em meditação . Não sabendo bem como entoá-lo, ela prestou atenção em como eu cantava e em seguida subiu no balcão do festeiro, desenhou um coração na parede e começou a fazer alguns ásanas. 

     Ai, meu coração!!! Consegui registrar somente um deles, pois fiquei hipnotizada admirando aquela cena. 

     Depois de um tempo, ela resolveu danças ao som do mantra. Aí embaixo estão os registros.

     As cenas do banheiro e a do festeiro me mostram cada vez mais que filho se cria com exemplo. Da organização da casa á espiritualidade, eles absorvem tudo o que a gente passa. Esse é o melhor presente de dia das mães que eu poderia receber: colher os frutos dos ensinamentos que passo pra Laura. 












Raja Natarajásana 


quinta-feira, 26 de abril de 2018

Procrastinação

     Segundo o Dicionário Aurélio, procrastinar significa deixar para depois, usar de delongas.
Atire a primeira pedra quem nunca procrastinou algo na vida: "Amanhã eu faço." "Semana que vem eu resolvo". "Depois eu ajeito." 
Como profissional da Odontologia, sei que o verbo procrastinar é muito usado pelos pacientes. Há algum tempo, adotei o sistema de consultas de rotina nos meus pacientes. Ligo e marco uma revisão 2 vezes por ano, garantindo assim, a saúde bucal deles.

     O que ocorreu foi que esqueci da minha saúde bucal. Mesmo trabalhando e convivendo diariamente com duas excelentes profissionais, o máximo que fiz nos últimos anos foi um ajuste na minha contenção fixa (usada eternamente após a remoção do aparelho fixo). 

     Há um ano e meio, mais ou menos, comecei a sentir um certo incômodo no lado direito da boca, tanto na parte da maxila quanto da mandíbula. Acreditando ser um ponto gatilho de dor (que todos temos, independente de termos conhecimento deles ou não), quando a dor vinha, aplicava laser e ela sumia.

     Alguns meses atrás, minha língua teimava em permanecer num dente superior, pois percebia que algo estava "fora" do lugar e eu avisei a Miriam para que ela examinasse o tal dente. Mas nossos momentos de folga na clínica eram consumidos em conversas, chimarrão, discussões de casos de pacientes e demais afazeres. 

     Nessa segunda feira (finalmente), me tornei paciente. Como resultado da minha procrastinação, fui encaminhada á Bruna, pra fazer um tratamento de canal do tal dente. Me senti mal com a situação. Tratamento de canal?????!!! Eu????!!!!! Sim. 

     Diagnóstico: restauração de amálgama (aquelas escuras, "de metal") com uns 25, 30 anos infiltrada, ocasionando uma lesão de cárie que foi até a polpa. 
Tratamento: endodontia (tratamento de canal) e posterior restauração do elemento dentário.

     Como tudo tem o lado bom, percebi a importância de trocarmos de lugar ás vezes, ou seja, do dentista sentar na cadeira como paciente. Isso nos mostra a empatia que temos que ter com nossos pacientes, que diariamente sentam na nossa cadeira, confiando no nosso trabalho.

     Prometo que farei isso de 6 em 6 meses, pra evitar outros tratamentos de canais e sentir a empatia citada acima. 
Gratidão ás minhas colegas pelo atendimento (anotem na agenda de vocês minha próxima revisão!), vocês são ótimas profissionais!

     Aos meus pacientes: venham me visitar regularmente! 

Dia 23-04, diagnóstico pelas colegas Dra. Miriam e Dra.  Bruna.

Dia 24-04, canais sendo obturados pela Dra. Bruna.


terça-feira, 17 de abril de 2018

Trocando a mãe

      Em março, fui á Porto Alegre fazer uns cursos da área da Odonto, e como a Laura estava saudosa da prima Martina (e vice versa), consegui uma carona pra ela até a Capital com um casal de amigos muito queridos: a Aline e o Márcio. Eles têm um menino, o Miguel, de 9 anos (que ficou em Santa Rosa na ocasião).


     Ela se comportou tri bem na viagem. Segundo relato deles, dormiu boa parte do tempo (como sempre acontece nas nossas andanças por aí), conversou um outro tanto e cantou bastante, todas as música que tocavam no carro.

     Dias depois, nos reunimos e eles me contaram alguns papos que tiveram durante a viagem, e eu me diverti horrores com os relatos.


- Sabe... minha mãe é uma bruxa. 

- Por que, Laura? - Perguntou a Aline, interessada na resposta.
- Porque ela não me deixa comer doce. Meu pai que pe gente boa. Ela é uma bruxa!
Aí foi a vez do Márcio palpitar:
- Ah... mas se você morasse lá em casa, eu deixaria comer doce sempre! Lá em casa essas coisa são liberadas!
- Pois é! Não entendo porquê ela é assim, tão bruxa comigo... Eu queria mudar de mãe.
E a Aline, querendo justificar as proibições maternas:
- Laura,isso é coisa de mãe... Elas fazem de tudo pro bem dos filhos. Um dia tu vais ser mãe também e aposto que vais fazer a mesma coisa com eles .
- Não vou nada! Vou deixar eles comerem porcaria, não vou ficar xaropiando pra eles escovarem os dentes, vou deixar eles sem tomar banho todos os dias... vai ser beeem diferente!
- Então vamos fazer um combinado? Tu vais morar lá em casa e o Miguel vai pra casa dos teus pais.
Achando que ela iria mudar de ideia, a respost surpreendeu:
- Feito o brique!

     Nessa noite em que estávamos reunidos, eles desceram pra ir embora e a Aline disse, bem séria:

- Tá, Laura; vai lá no teu quarto e pega uma muchi com umas mudas de roupa pra tu ires lá pra casa. Aí tua mãe manda o resto das tuas coisas depois.  O Miguel já fica aqui e eu mando as coisas dele amanhã pra cá. Vamos?
Ela me abraçou respondeu:
- Sabe, tia Aline... acho que vou ficar com essa mãe mesmo. Deixa as coisas assim...

     Acredito que estou no caminho certo, pois mãe que não é "bruxa", que não enche o saco dos filhos pras coisas básicas da vida, são mães que irão se incomodar bastante com os filhos já crescidos. Como diz o ditado: É de pequenino que se torce o pepino.




segunda-feira, 16 de abril de 2018

Além de tudo, yoguini também!!!!

A vida da mulher, profissional, dona de casa, filha, irmã, amiga, esposa... que agora começa a exercer mais um papel na vida: o de mãe. Todas as experiências boas e as não tão boas dessa nova etapa, o desenvolvimento da Laura e como a nova mamãe está se saíndo.


     Essa é a descrição do blog, feita há anos atrás. Agora percebo que ela deve ser reescrita.

     A vida da mulher, profissional, dona de casa, filha, irmã, amiga, esposa, yoguini e mãe da Laura, uma criança muito querida e amada. 
Deixo aqui um registro de todas as experiências boas e as não tão boas da maternidade, como me saio diante dos desafios e alegrias e o desenvolvimento da filhota.


     Resolvi mudar a descrição por todas as mudanças que aconteceram comigo nesses últimos anos. Na minha profissão, concluí mais uma especialização, mudei de clínica, me atualizo profissionalmente sempre que posso e acho necessário. No meio disso tudo, entrei num processo de autoconhecimento que mudou a minha vida, por meio do Yoga e Ayurveda. 

     Foi uma mudança gradual, devagar, mas verdadeiramente profunda. Desde alimentação, hábitos, pensamentos, consumo... tudo! Não vou ficar aqui divagando sobre o que veio primeiro, se o ovo ou  agalinha... mas o fato é que fiz escolhas que me tornaram nessa Andrea de hoje (e que vai continuar na busca...).

     Um marco nesse processo todo aconteceu sábado: dei a minha primeira aula de yoga como instrutora. Tive a impressão de ter feito isso muitas e muitas vezes já (certamente em outras vidas...). O yoga se tornou-se a minha filosofia de vida, e tenho uma gratidão imensa á todas as pessoas responsáveis por esse processo: Meus pais, que me levavam com 15 anos ás práticas do Instituto Surya Ananda, á Cirene, que me apresentou esse mundo, á Narda, que conduz linda e intensamente as práticas de Ashtanga Yoga, á Elizete, pelo amoroso convite em fazer o curso de formação, à Anmol Arora, por me mostrar que a meditação pode ser fácil e mais eficaz do que eu pensava e á todos os colegas e amigos que o Yoga me trouxe.






segunda-feira, 9 de abril de 2018

A magia das letras

     "Milhares de pessoas acreditam que ler é difícil, ler é chato, ler dá sono, e com isso atrasam o seu desenvolvimento, atrofiam suas ideias, dão de comer aos seus preconceitos, sem imaginar o quanto a leitura os libertaria dessa vida estreita. Ler civiliza."
Martha Medeiros




     Um dos meus maiores prazeres, passatempo, hobby.. chamem com quiserem, é a leitura (e me aventuro na escrita ás vezes, aqui no blog).  Me lembro como se fosse hoje a história que a profe Dica (minha primeira profe do extinto 1º grau) contou pra nos apresentar a letra A cursiva. Quando consegui ler um livro sozinha, me vi com infinitas possibilidades e nunca mais deixei de ter um ou mais livros no criado mudo ao lado da cama.

     Esse ano a laura entrou na 1ª série em uma escola nova, maior e cheia de novidades. Adaptação 100%, alegria total, profe Rosângela show de bola. Meu entusiasmo por essa fase era a descoberta das primeira palavras, porque sei que depois disso, o aprendizado tende a engrenar e fluir facilmente.

     Nesse domingo, ela quis brincar de ler e escrever. Me sentei com ela no chão e com o giz na mão, ela começou a escrever no quadro negro. E depois, me explicou que juntando as letras, elas formam palavras. Escreveu o dia, algumas palavras (bem concentrada) e depois enumerou-as (acredito que no mesmo esquema que a profe Rô fz na aula). 

     Meu coração se encheu de alegria ao perceber que a magia está acontecendo! Sei que não devemos crias expectativas em relação aos filhos, mas tenho o palpite que ela vai gostar de ler, tanto ou mais do que eu.

     O mundo encantado da leitura breve conhecerá a Laura Turra Sala, e a mãe fica aqui, feliz, feliz, feliz com cada "ovo", "bala" e "gato" que ela escreve.
Primeiras palavras da Crespa,


segunda-feira, 2 de abril de 2018

Páscoa 2018

     Rotina de Páscoa totalmente modificada nesse 2018. Pela primeira vez, desde o nascimento da Laura, o Bruno não trabalha na madrugada nesta data, e na semana "Santa" nos mudamos pra uma casa.

     O relato da Páscoa 2017 me deixou em maus lençóis (pra quem não leu essa história... vale a pena!), já que a Laura me crivou de perguntas referentes ás pegadas brancas do coelho (feitas com Hipoglós por causa do chão do apartamento e pela inexistência de barro á mão).

     Esse ano, não teve confecção de ovos em casa devido á mudança, e a Laura passou a maior parte do tempo na Nona, em Tuparendi, com as primas que passaram o feriadão juntas (Belli, Martina e Helena).

     Na semana passada, a mãe veio me ajudar a encaixotar as coisas, e levou a crespa ao supermercado pra "encomendar" o ovo pro coelho. Feita a encomenda, ela relatou um dia, indo pra escola:

- Acho que o Coelho da Páscoa não existe.
- Porque tu achas isso, Laura?
- Por causa daquelas pegadas brancas que apareciam lá no apartamento. Tinha que ser de barro, e não brancas daquele jeito!
- Ah, mas ele deve ter pisado em algum pote de creme... sei lá!

     E desconversei, já imaginando como seria na casa, que tem piso claro. Não iria me escapar de fazer as pegadas de barro mesmo. 


     O relato das histórias dessa Páscoa me foram feitos pela tia It (que é madrinha da Laura) e pela "Laura grande", a namorada do Daniel, meu irmão.

     A tia Ita comprou um chocolate numa latinha da Moana pra dar de presente pra afilhada. Na caça aos ovos, a Laura encontrando a latinha, exclamou:

- Não pedi isso! Pode devolver!
- Mas o coelho deixou pra ti, Laura!
- Mas não foi isso que eu encomendei pra ele! Encomendei um ovo cor de rosa com uma boneca dentro. Esse coelho tem que respeitar o pedido dos outros! ( No caso, o ovo que a mãe comprou pra ela, e que estava escondido lá em casa).

     E a melhor parte ainda estava por vir. Com o dedo em riste, ela afirmou em alto e bom som pra quem mais quisesse ouvir:

- E tem mais: o coelho da Páscoa é uma fábula.
A Laura (do Dani), vendo a cara de dúvida e espanto da Helena e da Martina diante de tal afirmativa, indagou:
- Como assim, Laurinha? Ele não deixou ovos de chocolate pra ti?
- Não é o coelho que vem esconder essas coisas. São estranhos que entram na nossa casa e pintam o chão com aquela tinta, pomada branca...
- Acho que não, hein... como esses estranhos entram na casa se ela fica trancada?
- Minha mãe sempre deixa a casa aberta. Meu pai vive brigando com ela por causa disso. Por isso eles entram.

Abre parêntese.

O Bruno sempre me chama atenção pelo fato de eu não trancar a porta, deixar as janelas abertas...


Fecha parêntese.


     Fiquei sabendo que ela comeu os chocolates ganhos na Nona, mesmo discordando do ovo e tal.
Como ela dormiu na Nona do sábado pra domingo, me prestei a fazer um barro com a terra existente no nosso pátio e fazer as pegadas do coelho, no chão branco.

Eu, o Dani e a Laura fomos até Tuparendi buscá-la e fomos preparando a surpresa durante todo o trajeto:
- Olha, Laurinha... eu vi uma sujeirada na sala da casa... nem quis subir pra ver, mas acho que o coelho andou passando por lá.

- Ah é! Quando acordamos de manhã, escutamos uns barulhos na porta do teu quarto mesmo...

Afirmaram os dois...

     O vídeo confirma a reação da moça. As pegadas de barro foram um sucesso!
Não houveram mais perguntas depois delas (pelo menos por enquanto...).



Abaixo segue os relatos das Páscoas passadas, pra quem quiser ler.


Páscoa 2013
 Páscoa 2014
Páscoa 2015


quinta-feira, 15 de março de 2018

Termos

     O nosso vocabulário é vasto, e existem palavras que incorporamos á ele por influência de outras pessoas. Com as crianças, ocorre o mesmo processo. Eles escutam o que as pessoas que elas mais convivem falam e saem repetindo.
Essa semana,  Laura demonstrou isso muito bem. Me divirto ouvindo ela repetir as palavras e expressões que a gente fala, e me lembro das pessoas que nos "ensinaram" a dizê-las.

     Vamos ás histórias:

     Essa primeira história retrata como as crianças repetem as coisas que escutam, mesmo sem ter a mínima ideia do que se tratam tais coisas.

BARCELONA E CHELSEA

     Na terça feira á noite, a Família TurraSala voltou pra casa (agradecimentos mais do que especiais á Vó Lulu pela hospitalidade, solicitude e amor que nos recebeu). Depois de organizar tudo, eu e a crespa fomos jogar Uno e o Bruno foi numa janta. 

     Estávamos nós duas na sala, no meio do jogo quando ela me saiu com essa:

- Mãe, sabia que amanhã tem Barcelona e Chelsea?
Estranhei o interesse repentino dela por futebol e sorri.

-É? E quem te disse que vai ter Barcelona e Chelsea?
- O Vitor Zilio, meu colega.
- E tu sabes o que é Barcelona e Chelsea?

Aí ela parou de jogar, olhou pra cima em sinal de dúvida e respondeu:

- Não.

     Dei uma risada controlada, pra não deixá-la constrangida, e expliquei o que era Barcelona e Chelsea.

BUFA

     Ainda na terça á noite, depois do jogo do Uno e várias partidas de varetas, a Laura me convidou pra fazermos yoga. Prontamente estendi o mat (tapetinho de yoga) no chão e nós começamos a fazer os ásanas (posições) que ela já domina. Fui ensinar um ásana novo (urdha upavistha konasana),
que consiste em permanecer sentada no chão, manter os joelhos estendidos, retos, pegar os pés com as mãos e olhar pra cima, equilibrando-se somente nos ísquios. aí, com um impulso, o corpo vai pra trás, as costas ficam apoiadas no mat e os pés tocam o chão, por trás da cabeça, com os joelhos estendidos. 

     Mostrei a ela como se faz e, depois de algumas tentativas frustradas onde ela caía para os lados, deu certo. Assim que conseguiu, fiz uma festa:
- Isso, filha! Muito bom!

     Ela começou  rir antes mesmo de se deitar no chão normalmente. Perguntei o motivo do riso:
- É que eu soltei uma bufa quando meus pés foram lá pra trás. 

     Foi a minha vez de começar a rir. Aí ela completou:
- Mas foi uma bufinha, só. Nem fedeu! Hahahaha!!!!

     Bufa é como nosso compadre, o Bahiano, se refere aos peidos mudos que as pessoas soltam. Incorporamos o termo há anos.



ACALMANDO O CORAÇÃO

     Encontramos a Tere (que limpa o prédio) na quarta pela manhã, e ela disse, nos recepcionando:

- Que bom que vocês estão de volta!!
A Laura, abrindo um sorriso muito confiante, disse:

- Eu falei pra ti acalmar o coração que eu ia voltar logo, né Tere?
- Ah, sim! Eu fiz isso! E o tempo passou rápido! Agora vocês estão em casa de novo. 

     Depois perguntei pra Laura que papo foi aquele com a Tere e ela me contou:

- É que esses dias eu vim aqui com o pai e a vó Lulu buscar umas coisas, e a Tere perguntou quando a gente iria voltar pra casa, porque ela tava com saudades da gente. Aí eu disse pra ela: "Acalma o coração, Tere; acalma o coração... daqui uns dias meu pai melhora do joelho e eu volto." E foi isso!

     Quem usa sempre esse termo é a minha irmã, Camila. Eu, consequentemente, também comecei a usá-lo, e a Laura, por sua vez, o incorporou no vocabulário.    


MAGUARY

     Não me lembro mais de quem eu ouvi esse termo, mas foi na época da faculdade. Quando uma pessoa está maguary, quer dizer que ela está magoada, chateada. 

     Na semana passada, estávamos na sala, na casa da minha sogra, quando a Laura quis brincar com a Bella, que por sua vez, só deu uma olhada mediante o chamado d crespa, e continuou a soneca no canto do sofá, onde estava.  A crespa encontrou uma explicação diante da negativa da Bella:

- Acho que ela tá maguary por ficar tanto tempo longe da caminha dela...

quinta-feira, 8 de março de 2018

"Não deve ser fácil essa vida..."

     Situação até ontem da família TurraSala:
- Bruno com o joelho esquerdo operado desde o dia 19, sem trabalhar (por motivos óbvios).
- Os 4 (eu, Bruno, Laura e Bella) hospedados na casa da minha sogra por conta do elevador, já que o operado não pode subir escadas), com somente algumas poucas roupas e pertences. Quando precisamos de algo, vou até o nosso apartamento pra buscar (e cuidar da horta).
- Secretária da clínica de férias. Então, estava rolando um revezamento 3x3 (eu, Miriam e Bruna) no atendimento ao telefone, administração das agendas e ouras tarefas.

     A retirada dos pontos e consulta de revisão da cirurgia do Bruno foi ontem. Minha sogra foi acompanhá-lo, já que eu e a Laura tínhamos nossos afazeres aqui. Coordenei a crespa de manhã, ajeitei seu lanche, fiz almoço, lavei a louça e antes de deixá-la na escol, passei rapidamente na clínica pra conferir o horário do primeiro paciente da tarde. Constatando que ás 13:00 ele estaria ali me esperando, e que tinha 10 minutos pra deixá-la na escola e voltar pra clínica, entrei no carro e disse pra Laura:

- Filha, hoje a mãe vai te deixar mais cedo na escola, porque tenho paciente daqui há pouco.
- Tá bom.

     No caminho pra escola, ela divagou, suspirando:

- Não deve ser fácil essa vida... né?
- Como assim, Laura?
- Ter filha, marido de muleta, ter que atender paciente cedo, cuidar da clínica, dirigir...

     Não aguentei e dei uma gargalhada. Depois que me recompus, respondi
- A gente dá conta de tudo quando a filha e o marido ajudam; quando eu peço as coisas e tu vais logo fazer (escovar os dentes, pegar a tua mochila, colocar o tênis...).
- Entendi, mãe. Conta comigo que vou fazer tudo pra te ajudar.


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Os peitos

     Completo 39 anos daqui a alguns dias e sei o efeito que a lei da gravidade faz no nosso corpo com o passar do tempo. Não tenho pretensão (no momento atual) em me submeter a plásticas e recauchutagens em geral, mas já pensei nisso logo que deixei de amamentar a Laura. Notei que meus peitos deram uma diminuída no tamanho original de fábrica e uma “caidinha”; principalmente um deles, devido á assimetria que todos temos (no corpo, rosto, olho, narinas...). Nada percebível com roupa, sutiã, biquíni... somente quando estou como vim ao mundo.

     Ao perceber tal mudança, mostrei o par de peitos em questão ao mais interessado no assunto, meu excelentíssimo esposo.
- E aí... estão caídos, né? Notou a diferença entre o esquerdo e o direito?
- Daonde, Dea... teus peitos são lindos. Fica fria que quando eles começaram a desabar eu aviso.  Pra mim ta tudo no lugar.

     Depois de tal declaração, esqueci do assunto por um bom tempo. Até a Laura crescer e começar a conferir o tamanho dela comigo todas as vezes que tomávamos banho juntas.
- Olha, mãe! Já alcanço nas tuas costelas!!!
- Uau!! Verdade!!

Passado alguns meses:
- Mãe! Cheguei nos teus peitos!
- Bah! Daqui uns dias tu chegas nos ombros!
Me abaixei um pouco pra lavá-la e ela pegou nos meus peitos.
- Que pesadinhos...
- É.
Voltei á posição normal, em pé, e ela me pediu:
- Levanta os braços, mãe.
Obedeci.
- Olha aí! Teus peitos ficam mais bonitos assim! Por que eles não ficam pra cima o tempo todo?
Baixando os braços e rindo, respondi:
- Porque eu não ando o tempo todo com os braços pra cima!
Pegando os peitos e erguendo-os, como fazem os cirurgiões plásticos no exame das pacientes, ela completou:
- Mas eles ficariam mais bonitos assim. E esse é maior e um pouco mais caído que o outro! Olha isso!!  
     Ri muito com a constatação da Laura. Respondi outras tantas perguntas: Se eles sempre foram assim; se eles cresceram muito quando ela mamava...

     Daquele banho em diante, as indagações e os exames minuciosos das minhas mamas seguem com detalhes cada vez mais precisos.

     Hoje, no banho, novamente o exame e algumas perguntas. Resolvi compartilhar com ela uma fase em que os meus peitos me tiravam o sono; com a finalidade de prepará-la caso algo assim aconteça com ela no futuro.

Abre parênteses:
     Como sou baixinha e meus peitos cresceram de uma só vez, fiquei um tanto traumatizada em ser peituda. Tanto que quando me perguntavam o que eu queria ganhar de 15 anos, eu respondia que uma plástica pra diminuir os seios.  Não gostava de usar biquíni, de trocar de roupa na frente das amigas e colegas... porque eu tinha os maiores peitos. Conforme elas foram se desenvolvendo, os peitos foram ficando de tamanhos semelhantes e isso deixou de ser uma trauma.
     Coisas de adolescente...
Fecha parênteses.

- Quando eu tinha uns 11 anos, meus peitos começaram a crescer. Só que eles cresceram muito rápido e eu tinha vergonha; pois nenhuma das minhas amigas tinha os peitos tão grandes como os meus.

A exclamação da Laura foi a melhor. Cheia de si, com uma segurança na voz de quem tem certeza do que está falando, ela disse:

-Tu tinha que ter orgulho dos teus peitos, minha filha!!! Já que foi a primeira das amigas a ter peitão!

Hahahahahahaha!!!!!!

     Segui rindo por uns bons minutos e pensando em como eu queria ter escutado esse conselho aos 11 anos!



sábado, 27 de janeiro de 2018

Ensinamentos


     Ser pai e mãe é tarefa que nos ajuda a evoluir nessa vida. Nos desdobramos em vários e várias pra podermos ensinar aos nossos filhos os valores que os façam adultos melhores, lá na frente. Por mais que tenhamos que ensiná-los desde as pequenas tarefas até conduzi-los aos seus grandes feitos, o fato é que, mediante momentos como esse citado aí embaixo, concluímos que eles vieram pra esse mundo pra nos ensinar, muito mais que nós á eles.




     Essa semana, indo pra colônia de férias, a Laura exclamou:
- Quero falar uma coisa que eu ouvi pra ti, mãe! Escuta só:
Atentamente, notei que ela olhava pra cima, como quem quer lembrar-se de algo na sua totalidade. Com o indicador em riste, ela disse, concentrada:
- Se você estiver triste, abrace um sapato; pois sapato consola.
- Hahahahaha!!!! Muito bem, Laura! Hahahaha!!!
A cara dela demonstrava que alegria pelo fato de termos rido, mas um desentendimento do real motivo. Aí resolvi perguntar:
- Tu sabes o que significa essa frase?
- Não.
- Então vou te explicar...

     Comecei com a sola do sapato, passei pro "consola" do sapato e por fim expliquei o que é consolar.
- Consolar é abraçar, dar colo, dizer palavras de otimismo quando alguém está triste, sofrendo.
- Isso é amor, mãe.
E eu, surpresa com a conclusão tão obvia e verdadeira que ela teve, simplesmente respondi:
- É, filha. Isso é amor.