sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Histórias novas: relógio com ponteiros, o amor e Paris

Há alguns meses, tentei ensinar a Laura a ver as horas nos relógios com ponteiros. Minha didática pra essas e outras coisas ligadas á Educação Primária é bem precária (admiro muito as profes do Ensino Fundamental); sendo assim, não obtive muito êxito na tarefa.

Essa semana, ao buscar a Laura na escola, ela me contou toda entusiasmada no carro que a profe tinha ensinado a ver as horas naqueles relógios que tem ponteiros.
-Sério? Que legal!!
- Óh, vou te explicar: O ponteiro pequeno parca as horas. O ponteiro grande marca os minutos. Só que os números que marcam as horas, aqueles que vão de 1 até 12, também marcam os minutos. Assim: o 1 é 5, o 2 é 10, o 3... 20
- Acho que tem um 15 aí...
- É... espera aí. Deixa eu pensar.
Quis dar uma ajuda:
- Vai contando de 5 em 5.
- Deixa eu ir no meu ritmo. Acalma o coração. Vamos devagar e sempre.

E assim foi. Terminou de me explicar tudo, contando os números dos minutos corretamente. Agora, em casa, ela sempre olha o relógio da cozinha e "calcula" as horas, devagar e sempre, no ritmo dela.


 Ontem almoçamos na escola, e ao sairmos do refeitório, a Laura me cutucou cochichando:
- Mãe, eu vi um guri e uma guria se beijando na boca.
- Alunos da escola?
- É! Estão ali atrás.
- Devem ser namorados.
- Devem... Que nojo... eu nunca vou beijar na boca!
-Ah, tá! Deixa eu gravar isso! Quando tu tiveres bem apaixonada, toda namorandinho, aí eu vou colocar o áudio pra ti.
- Eu não vou namorar! O amor é ilusão!
- Como assim, ilusão?
- Ilusão sim! As gurias ficam todas bobas, apaixonadas pelos guris e eles nem aí. Fica todo mundo perdido, abobado... amor é pura ilusão!
- Quem te disse isso?
- Ninguém me disse. Eu sei!

Depois de rir (por dentro), tentei fazer com que ela visse a situação de outra forma, esclarecendo certos pontos.
- Filha, amor não é isso. Amor é o sentimento mais bonito que existe. Isso que tu estás te referindo é paixão...
- Tá bom, pode até ser. Mas eu não vou namorar pra ficar abobalhada, beijando na boca... Fui!

Não gravei a conversa, mas fica registrado aqui no blog o desejo da Laura.



Hoje a Laura completa 8 anos. Marcamos a festa dela pra dia 07 de novembro, pois estão acontecendo muitas coisas (que serão devidamente registradas á seu tempo aqui) e não havia tempo hábil pra organizar uma festa pra essa semana.

O Bruno entrou em contato com a Ju, nossa amiga proprietária de uma casa de festas aqui de Santa Rosa, e a Laura falou com ela.
- Tia Ju, a minha festa vai ser sobre Paris. Quero ver contigo que roupa a gente coloca nos garçons, porque eles tem que se vestir que nem os garçons de lá. E será que a gente pode servir comidinhas de Paris? Ah! Eles tem que ficar com a bandeja numa mão e a outra pra trás.

Ontem fui até a casa de festas pra acertar os detalhes e me diverti com os pedidos da crespa.  Quem vê, pensa que ela vai pra Paris todos os anos nas férias!

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

... e as histórias continuam...

Os relatos de hoje ocorreram no inverno desse ano. Como tem a ver com o último post, vou escrever como se fosse uma sequência de fatos (o que nõ deixa de ser verdade.)


Estou em empenhando bastante na cozinha, pra ver se deixo meu marido feliz. Pra deixar a filha feliz, me empenho em fazer bolos saudáveis gostosos pra ela levar de lanche. E a crespa anda se mostrando uma boleira de mão cheia! 

Num domingo á noite, a Laura pediu pra fazermos um bolo. Então, como sempre, deixei os paranauês prontos (batedeira com os garfos preparados, forno pré aquecendo, quantidades exatas de farinha de arroz, goma xantana, fermento, açúcar, ovos, água, cravo, baunilha...) e ela fez o resto: untou a forma, separou as claras das gemas, bateu as claras, misturou os ingredientes secos, a água e a gema na mistura dos secos e por último incorporou as claras em neve na massa.
Auxiliei a colocar a mistura da forma e a mesma no forno.

- Vou lavar a louça, tá?
- Ok.
Respondi. 
Eu fiquei ao redor, secando o que já está limpo, ajeitando  cozinha...  Quando virei pro sofá, percebi o Bruno nos observando durante esse processo. Perguntei:
- O que foi?
- É bonito ver vocês duas juntas, envolvidas.

Também curto esses momentos e procuro aproveitá-los bastante.
Bolo no forno, louça lavada, cozinha organizada... tirei o avental e segui pra sala. Quando estava no meio do caminho, a Laura saiu com uma que nos fez arregalar os olhos e logo em seguida gargalhar:
- Vocês podiam me dar "uns pila", né?
- Uns o que? - Me virei pra ter certeza se era pila mesmo que ela estava pedindo.
- Uns "pila"! Eu fiz o bolo, lavei toda essa louça...mereço ou não mereço "uns pila"?
- Merece.

O trabalho que merce "uns pila".

Num dia de invernos rigoroso da semana seguinte, minha sogra foi almoçar lá em casa. Como já relatei aqui, nossa alimentação é bem balanceada, e o almoço daquele dia estava no padrão de sempre. Estávamos todos sentados, nos servindo, quando a Laura propôs uma oração.
Todos de mãos dadas, ela fechou os olhos:
- Querido Jesus, que meu pai comece a dormir de pijama, que todos cuidem da natureza, que a nossa família e todos tenham saúde e que a minha mãe pare de me encher pra eu comer saudável. Que assim seja.

PS: ela não entende como o Bruno pode dormir só de cuecas nos dias frios de inverno.