sábado, 5 de dezembro de 2015

Noite de festa e perguntas.

     Ontem foi a festa de final de ano da Escola de Educação Tia Miti, a qual, há 4 anos, a Laura faz parte. A ansiedade pela chegada desse dia, pela parte dela, era grande. Muito ensaio em casa e cantorias das músicas apresentadas fizeram parte da nossa rotina nas últimas semanas.

     Do núcleo Laura Turra Sala, estavam presentes eu, o Bruno e a Vó Lulu. Babamos muito na hora da apresentação da crespa. No último número do espetáculo, todos os alunos subiram ao palco e cantaram a famosa música que por anos fez parte das festividades de final de ano da Rede Globo (Hoje... é um novo dia... de um novo tempo... que começou...), e depois, o Papai Noel adentrou o recinto e, com microfone em punho, perguntou quem das crianças tinha sido nota 10 esse ano e merecia presentes. Obviamente que todos levantaram as mãozinhas e gritaram "Eeeeeeeeeu!!!!". Depois, ele se virou para a platéia e perguntou aos pais se aquilo procedia ou não. Prontamente a Laura espichou o pescoço o máximo que pode e olhou em nossa direção, pra certificar-se da nossa resposta. Depois de concluída a sua participação nas apresentações, a Laura e a Belli (que foi prestigiar o priminho que estuda na Miti) tiraram uma foto com o velhinho de barbas brancas.

     Esse ano, as apresentações de todos os alunos ocorreram e somente depois houve a "formatura" do nível III (alunos que ano que vem ingressarão no ensino fundamental e deixarão de estudar na Tia Miti). Os pais e convidados dos formandos ficaram nas primeiras fileiras de cadeiras, e os familiares dos demais alunos, ficaram dispensados de participar da solenidade, podendo confraternizar e participar das brincadeiras dos pequenos que corriam de um lado pro outro no local.

     Todos corriam, menos a Laura. Ela ficou o tempo todo hipnotizada observando a cerimônia de formatura. Nem pra comer e beber ela tirou os olhos do palco. Do hino nacional, passando pela homenagem do tio Ibirá (professor de capoeira da escola) até o tradicional arremesso do chapéu dos formandos ao alto, ela fez várias perguntas, e seguia com os olhos vidrados nos colegas do Nível III.

 - Por que o nível III tá usando essa roupa comprida e chapéu com pluma?
- Por que o tio Ibirá tá colocando essas cordas nas cinturas deles?
- Por que eles ganharam aquele lápis grandão?

     O lápis grandão representava o diploma dos formandos, e assim fui respondendo todas as indagações. Até que a turma prestou uma homenagem ao coleguinha Santiago, que pela idade, terá que repetir o nível III. Ele é filho de um casal de amigos nosso, e os dois convivem na Escola e já brincaram juntos fora dela (sempre que a Laura vê algo sobre Star Wars, ela fala do Santi, que gosta muito da Saga). Foi bem emocionante ver o carinho da turma pelo colega que fica. Esse momento tocou fundo na crespa.

- Por que tem gente chorando?
- Por que o Santi não se formou?

     Muitos outros  "por ques" se seguiram em alusão ao Santiago, até que convencemos a Laura a ir brincar com os colegas. Passado um tempo, fui dar uma conferida e lá estava ela, com os olhos no palco, conferindo os finalmentes da formatura. Ao final de tudo, como a maioria das pessoas já tinha ido embora, convencer a Laura de irmos pra casa foi tranquilo (ano passado ela saiu aos berros da festa, querendo ser a última a ir embora).

     No caminho de casa, depois de deixarmos a vó Lulu em casa, caiu a ficha na neninha de que ela não brincou nada durante a festa.  Ela ficou muito, mas muito maguary. Em meio a mágoa do momento de brincadeiras perdido, ela ainda indagava a situação do Santi. Ela ficou realmente sentida com a história do amigo não se formar.

     Aí me veio na cabeça todas as formaturas que eu já tive na vida. Também me formei lá na pré escola (no meu tempo só tinha Jardim e pré...), na faculdade, na especialização... (só não me formei no Segundo Grau - sim... era segundo grau lá em 1997 - porque deu um  arerê forte com um professor de física... isso dá uma postagem á parte...). A vontade que eu tive foi de dizer pra Laura aproveitar todas as fases, todos os colegas, o convívio com eles, todos os abraços das profes... e me dei por conta de que é exatamente isso que ela está fazendo. Talvez por isso que ela tenha ficado tão triste em perceber que não brincou ontem a noite.

- Então vamos combinar uma coisa, filha?
Entre lágrimas ela perguntou qual seria o combinado.
- Ano que vem, quando chegar o momento da formatura da festa da tia Miti, tu vais brincar, porque agora tu já sabes como é uma cerimônia de formatura.
Secando as lárgimas, um pouco mais conformada:
- Tá bom, então. Mas e o Santi, vai ficar bem??
- Sim, filha. Fica tranquila que o Santi vai ficar bem.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Respeitando a fila do amargo

     Quarta feira chuvosa, visita da vó Mari aqui em casa e chimarrão rolando. Enquanto eu e a mãe preparávamos o mate, a Laura nos convidou pra brincarmos de massinha.

      E assim foi feito, as três gerações se divertindo. E eu e a mãe, mateando. Depois que ambas tomamos uns 3 mates, a Laura nos olha e exclama:
- Olha, olha!!! Tem que respeitar a fila!!!
A mãe me olhou com um olhar de interrogação. Vendo que eu sorri olhando pra Laura, ela sacou que eu entendi o recado. Foi então que a pequena complementou a reclamatória:
- Agora é a minha vez de tomar um chimarrão.

     Enchemos a cuia até um pouco mais da metade e completamos com água fria. 


     Desde muito pequena (cerca de 8 meses) a Laura toma chimarrão. Não tão quente quanto estamos acostumados, mas é participativa na hora do mate. Por vezes ela quis um chimarrão no momento em que chegou na roda, e eu sempre explico que devemos esperar a nossa vez, que o chimarrão segue uma sequência...

     Nota-se que a informação foi processada com êxito. 
Degustando um amargo.