quinta-feira, 18 de novembro de 2021

EDUCAÇÃO SEXUAL - "ATO I" - "Eu sei o que é transar."

      Você aí, que está lendo esse relato, tenho uma pergunta:

     Como você descobriu o sexo? Seus pais te explicaram, foram os amigos, primos mais velhos ou a vida mesmo?

     Na minha vez, ganhei um livro dos meus pais (que tenho até hoje) sobre uma família formada de pai, mãe, irmão e irmã, que foram numa fazenda visitar um tio. Lá ele explicou a reprodução dos animais (galinhas, bois/vacas, ovelhas...) e os pais explicaram a relação entre homem e mulher. Tudo bem didático.

      Resolvi separar essa história em post distintos, conforme as épocas em que os eventos ocorreram, e porque quando sento pra escrever, por vezes me perco nas palavras, pois quero contar tudo tim tim por tim tim, e se torna cansativo, pois sinto que se não for assim, não estarei sendo fiel aos fatos. Por vezes já comecei a escrever sobre isso aqui, sem nunca concluir. 

     Lá em 2018 (ainda morávamos em Santa Rosa), eu buscava a Laura na escola e íamos até a Imobiliária que o Bruno trabalhava para esperarmos o fim do seu expediente, assim voltávamos pra casa os 3 juntos. Na época, a Bruna trabalhava na parte dos aluguéis e o Bruno era o único corretor que ficava até a imobiliária fechar. Como o movimento é tranquilo no fim da tarde, a Bruna e a Laura se divertiam juntas. Ela tinha 6, 7 anos.

     Certo dia, depois de bater altos papos com a Bruna, dando conselhos amorosos pra ela, falando do seu dia na escola e mais um monte de assuntos, ela sentou numa cadeira com rodinhas e começou a ir de um lado à outro do balcão se empurrando, e disse, olhando pra mim:

- Eu sei o que é transar.

      A Bruna gargalhou e exclamou:

- Ahhh, chegou a hora de vocês terem aquela conversa em família! Meu Deus!!

     Eu, muito atriz que sou, segurei o riso e me lembrei da primeira lição de sexualidade para os filhos: "Responda somente o que ela te perguntar." Como o que veio foi uma afirmação e não uma pergunta, só respondi:

- Então tá.

E o diálogo seguiu:

- Tu sabe o que é transar, mãe?

- Sei, sim.

     Enquanto conversávamos, a Bruna ria muito, atenta ao que estava acontecendo. Ela foi mais umas 2 vezes de um lado pra outro com a cadeira e disse:

- Tá, mesmo tu sabendo, eu vou falar o que é transar. Tá bom?

- Tá bom, pode falar.

- Transar é se beijar pelado.

     Pra manter a compostura, a Bruna segurou a gargalhada eminente, e eu também.

- Ok. - Respondi, atuando uma naturalidade digna de um Oscar.

- Mãe, tu já transou?

     Segui interpretando naturalidade e rindo muito por dentro (quem nunca riu por dentro que atire a primeira pedra).

- Já, Laura. Já transei.

- Com quem? 

     Nisso a Bruna me olhou com os olhos arregalados e tapou a boca com as mãos. Consegui ler o pensamento dela pra mim: "Agora fodeu...". Segui interpretando naturalidade, mesmo sentindo um calorão subindo pelo meu pescoço e rosto. Quase, quase gargalhei nessa hora.

- Com o teu pai, né Laura! 

- Que nojo, mãe!

- Que nojo por que? Pensa comigo: eu, tu e o pai sempre andamos pelados em casa, né?

- É.

- E qual é o problema da gente se beijar quando estamos pelados?

- É...

     Ela respondeu esse "é" com uma cara pensativa, olhando pro além.

     Eu e a Bruna nos olhamos como cúmplices de uma travessura típica da adolescência e que teve um resultado satisfatório. Assim o assunto se findou. Fiquei no aguardo das cenas dos próximos capítulos, que demoraram muito pra acontecer. 

     Em conversa com a Márcia, minha cunhada, descobri que provavelmente o conceito de transar veio de cenas de casais se beijando na TV, principalmente um filme que ela acha divertido e assistia às vezes na casa dela. Não vou saber o nome do filme, só sei que é com a Ingrid Guimarães. Em certas cenas, ela beijava um personagem (nada demais, estavam de roupa inclusive) e a Márcia contou que ela dizia:

- Ixx... ó lá ó, já vão transar.

     Associado á isso ela deve ter escutando alguém falar  em transar. 

     Quem? Não faço a mínima ideia.


quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Essa é das boas

      Quem me conhece (ao menos um pouco) sabe que tem certas coisas que a maioria das pessoas gosta e eu não.

     Natal, som alto são algumas dessas coisas; a outra, é gênero musical super, hiper, mega difundido chamado Sertanejo Universitário (e todas as suas vertentes modernosas). Infelizmente, pra mim, é a coisa que mais toca no Brasil há anos. Há pouco tempo, faleceu a Marília Mendonça, e eu nem sabia quem era. Conheço (de nome) algumas duplas dessas novas (novas pra mim...) ainda do tempo que o Bruno tinha a TAO (lá se vão mais de 3 anos que ele mudou de ramo), mas não tenho nem ideia das letras das músicas. Não curto.

     Muito escutei Chitãozinho e Xororó, Milionário e José Rico, Chrystian e Ralf, Leandro e Leonardo... os sertanejos das antigas, e até gosto de escutar algumas músicas desse tempo, no máximo 2 ou 3, e tá bom). Quando escuto os sertanejos e demais canções que nos instigam a cortar os pulsos com bolacha maria (hoje em dia chamam de "sofrência"), exclamo:

- Essa é das boas!

     Na grande maioria das vezes a Laura está presente quando eu exclamo minha admiração pela velha guarda do gênero musical em questão. Essa introdução toda foi pra contar um episódio que aconteceu semana passada.

     Estava voltando do trabalho (Camboriú) e parei no aniversário de uma corretora, colega de trabalho do Bruno. A comemoração aconteceu numa adega de Itapema, e tinha um músico que tocava "de um tudo", (voz, violão e volume aceitável) pra minha alegria.

     A Laura está curtindo uma música do Seu Jorge (Amiga da minha mulher). Estávamos curtindo o som e ela veio:

- Mãe, vai comigo pedir pra ele tocar a música do Seu Horge?

- Vai tu, filha!

- Ai... eu tenho vergonha.

- Vergonha do que? O máximo que tu vais escutar é que ele não sabe tocar a música que tu queres. Só isso.

- Não quero ir sozinha.

     Então o Pablo, nosso amigo e também colega do Bruno, se ofereceu pra ir com ela.

- Vamos, Laura; vou pedir uma música pra ele também.


     Após alguns minutos, volta o Pablo rindo muito, nos contando o que a Laura conversou com o músico.

- Oi! Tu sabe tocar aquela: "Ela é amiga da minha mulher, pois é, pois é..."

- Ah... conheço essa música, mas não sei tocar ela não. Desculpe.

- Ah... que pena. Toca "boate Azul pra minha mãe, então".

Virou as costas e saiu.


     Após escutar umas duas músicas, ela me contou que o músico não sabia tocar o que ela queria e que havia pedido uma pra mim. 

- Pedi "Boate Azul".

- Por que Boate Azul?

- Porque quando toca essas coisas antigas tu sempre diz: "Essa é das boas!"


Laura, Laura... a cada fase nos surpreendendo e nos divertindo mais. Essa é das boas!



terça-feira, 16 de novembro de 2021

"Calma com o assunto da bolsa."

      A Cissa (minha amiga do último post) prometeu um presente de aniversário pra Laura. No feriadão em que ela e a família estiveram por aqui, não deu tempo de ir atrás do presente, até porque ela não sabia o que a Laura gostaria de ganhar.

     Elas conversaram e decidiram que o presente seria uma bolsa. Nem muito de criancinha, nem muito de adulta. As duas se entenderam. Ao voltar pra Santa Rosa, a Cissa passou dias enviando fotos  das opções  de bolsas de diversos materiais, cores, tamanho de alças diferentes...  e a Laura respondia, às vezes do meu celular, às vezes do dela... sei que por vezes servi de pombo correio no processo.

     Semana passada, na hora do almoço, depois de mais algumas fotos de modelos de bolsas (que encaminhei pro celular do Bruno, pois eu estava trabalhando em Camboriú e a Laura não usa o celular todo o tempo), ela se decidiu por uma e mandou um recado pra tia Cissa.



     Não me aguentei, printei a conversa e mandei pra Cissa. Não sei o que se passou na cabeça dela durante os dias de antecederam a decisão pela bolsa. Provavelmente ela achou que elas iriam atrás do presente na próxima vinda da Cissa pra cá, ou quando ela fosse à Santa Rosa... Pode ser que não esperava tanto empenho assim em busca de um presente... Não sei.


     Só sei que ri muito quando li o recado. 

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Peso nos ombros, jantar com idosas e paz.

   Não me recordo da última vez que postei aqui no blog. Só sei que além da pandemia, vários pandemônios coabitaram comigo e com o pequeno núcleo Turra Sala. Desde coisas pequenas, "DR's" de casal e família, passando por perrengues escolares (totalmente contornados) até tumor cerebral e a passagem do do pai pra outro plano. Se 2020 foi exigente, 2021 veio pra mostrar que temos capacidade de crescer (e muito) em meio às adversidades.


    Me proponho aqui a relatar um episódio da Laura que eu não estava junto, ocorrido no último feriadão (02/11/2021). Ela estava jantando (sem pai nem mãe) com amigos muito queridos de Santa Rosa, que vieram pra cá no feriado. Durante um tempo ,ficou de papo com a Cissa e a Mercedes (situando quem não sabe quem são nossos amigos: A Cissa e o Marcelo são pais do Tomás e do Vicente, a Mercedes é avó dos meninos, mãe da Cissa). Perguntou pra Mercedes se ela conhecia fulana, sicrana... e mais algumas senhoras que fazem arte do Lions Clube de Santa Rosa (parceiras da minha sogra). Ao constatar que a Mercedes conhecia todas elas, a Laura disse:

- Elas são todas minhas amigas, principalmente a Dolores. Adoro elas! E tu faz janta com as tuas amigas ás vezes? Porque tu pode me convidar pra jantar com as tuas amigas idosas - com todo respeito - tu tá muito bem, nem parece idosa! Não tá acabada, toda torta... tá ótima! Aí tu me convida que vou jantar com vocês!


     Segundo a Cissa, a Laura disse ter uma técnica pra aliviar o estresse. Ela não me falou o que era, pois prometeu manter segredo disso. Mas presta atenção no que essa técnica faz:

- Olha, tia Cissa... faz isso que eu te garanto que funciona. Tu tira a casa das costas! E se estiver muito estressada, tira não só a casa o condomínio também.


     Ela falou muito de Santa Rosa, de como gosta de lá e como se sente em Porto Belo:

- Eu AMO Santa Rosa. Amo mesmo. O pai e a mãe nunca me perguntaram se eu queria vir morar aqui, simplesmente vim! Disseram que como eu sou filha, vou onde o eles vão pra morar. Tá certo, mas eu, por mim, queria ter ficado lá. Hoje em tô em paz aqui em Santa Catarina.


"Hoje eu tô em paz em Santa Catarina" foi a frase que mais me tocou desde a vinda dela pra cá. Que bom. Não tenho palavras pra expressar o que essa frase significa pra mim. E aí entram divagações minhas, emoções e sentimentos que me vem com força desde que chegamos aqui e por tudo o que passamos até o momento.


     Que eu tenha a maturidade da Laura em dizer que, apesar de tudo o que aconteceu, eu estou em paz.


Sábia criança.