quarta-feira, 26 de abril de 2017

História de Páscoa (versão 2017)

     
Mandei essas fotos pro Bruno com a legenda: "O coelho já passou por aqui."
Pegadas por baixo da poltrona... esse coelho (mesmo com sono) fez um caminho especial.
Depois de deixar uns chocos pelo caminho, o coelho deixou o ovo da Laura atrás do sofá.




     Desde que nos mudamos pro nosso apartamento que a Páscoa tem um ritual condizente com a nossa rotina: O Bruno trabalha no sábado e chega em casa entre 7 e 8 horas da manhã (se não mais tarde). Aí ele me acorda e ambos nos revezamos fazendo as patinhas do coelho (com Hipoglós, num trajeto cheio de curvas e mistérios), deixando ovinhos pelo caminho até o esconderijo do ovo mor (feito por mim, com muito amor). 

     Aí deitamos novamente, e por volta das 10 horas, a Laura desperta e encontra as pegadas, me chama, feliz da vida, eu me levanto (fingindo surpresa também), acompanho a caça ao ovo e as surpresas pelo caminho, ela encontra tudo, mais feliz da vida ainda, corre mostrar pro Bruno (que mal abre os olhos, mas esboça um sorrisão pra ela). Ela abre uns chocolates, come e depois de um tempo, pega uma esponja e um pano e limpa as pegadas do coelho, sempre indagando onde ele suja as patas - de branco -  antes de chegar na nossa casa.
 
     Esse ano, a rotina foi um pouco diferente: a Laura começou a ir na aula de manhã e de tarde (por vontade própria), o que a faz acordar cedo (7, 7:30...). A semana da Páscoa foi cheia de afazeres, compromissos e muito trabalho.  O Bruno teve eventos quase todas as noites, viajei no sábado e voltei de noite, fui direto numa festa surpresa... 

     Eu e o Bruno estávamos realmente cansados, e ele ainda teria que virar a noite de sábado pra domingo. Saí da festa surpresa com a Laura perto das 23:00, pois ela estava com sono. Quase dormindo, a Laura indagou:
- Amanhã é Páscoa, mãe?
- Sim. Amanhã.
- E por onde o coelhinho vai entrar?
- Eu deixei a janela do teu quarto um pouco aberta. Acho que ele vai entrar por ali.
- Ah, tá. Boa noite então.

     Minha jornada do dia estava longe do fim. Derreti o chocolate pra terminar de montar o ovo do Bruno (o dela já estava devidamente embalado), bocejei horrores, coloquei o choco na forminha, esperei endurecer, lacrimejei de sono e bocejei mais um tanto, coloquei o ovo na embalagem. Tomei um banho, coloquei meu pijama quentinho, me deitei na cama e pensei: "Missão cumprida! Agora é só esperar o Bruno pra gente fazer as patinhas e esconder o ovo mor".

     Meus olhos estavam se fechando quando me lembrei que a Laura anda acordando cedo, e provavelmente a chegada do Bruno coincidiria com o despertar da Crespa. Me levantei, peguei o Hipoglós e sai, tastaviando de sono pelo quarto dela, corredor, sala... deixando as "pegadas" do coelhinho. Fiz um caminho básico, com poucas curvas, porque estava com receio de dormir no meio da tarefa. Mandei as fotos pro Bruno e capotei o jipe. 

     Vi que o Bruno chegou e logo em seguida a Laura me chamou:
- Mãe!!! O coelho veio!!

     Pulei da cama e olhei no relógio: 7:10. Seguiu-se a caça ao ovo mor com euforia, alegria... e muito sono da minha parte. Tentei levá-la de volta pra cama depois que estava com os chocolates em seu poder, mas  cabeça dela estava a mil, com muitos questionamentos. Quando ela estava limpando o trajeto das patas com a esponja e o pano, as perguntas começaram:

- Porque será que existe pegada de coelho preta, marrom e branca? Onde será que eles andam?
- Não sei, filha. Acho que o coelho que veio aqui e casa andou pela farinha.
- Mas essa meleca branca não parece farinha. Olha só!

     E aí... o que eu ia dizer??
- Pode ser que ele tenha pisado em alguma tinta branca...?
- Mas isso não tem cara de tinta... 

     E aí... o que eu ia dizer???????!!!!! Resolvi sair pela tangente:
- As pegadas marrons acredito que sejam de barro. Tem muito barro aqui quando chove, né...
- É... e as pretas podem ser de tinta! Eles podem ter derrubado uma lata de tinta preta.
- Pode ser mesmo, Laura.
- Posso comer um chocolate?
- Pode.

     Ufa... Ela se sentou no sofá e saboreou um choco. Faltava só um trecho das pegadas pra serem limpas, quando ela se levantou e ficou parada, olhando as marcas das patas no chão:
- Mãe, não tô entendendo uma coisa.

Ai... pensei.

- O que, filha?
- Só tem uma pata do coelho aqui. Parece que ele tá mancando.

     Não aguentei e comecei a rir (muito). Eu estava com tanto sono na noite anterior, que fiz as pegadas que minha coordenação motora do momento me permitia. Não me detive no detalhe do bicho ser quadrúpede.

- Ele deve ter vindo de skate, Laura. Por isso aparece só uma pegada.
- Pode ser mesmo!!
 
     Saída de mestre!!!! Hahahahaha!!!!

     Convenci a investigadora Laura a deitar comigo e com o Bruno pra dormirmos um pouco mais. A mãe aqui precisava descansar a cachola depois de tantas perguntas. Antes de pegar no sono pensei em como será a Páscoa do ano que vem...





domingo, 23 de abril de 2017

Presentes "importados"

     Feriado de 21 de abril, sexta feira. O que fazer? Decidimos na terça de noite que iríamos pra Argentina.  Conseguimos reservar o último quarto num hotel em Possadas, de quinta á sábado. Meus pais ficaram com a Laura e lá fomos nós rumo ao exterior.

     Choveu na quinta e na sexta até a tardinha.  Nos aventuramos até o Paraguai na quinta bem cedo. Programa de índio, com direito a cocar e chocalho (sinceramente, não sei como ainda vamos pra lá...).    Queríamos levar um presente pra Laura, mas como somos anti quinquilharias, ficamos na dúvida do que trazer pra ela.

     Eis que o Bruno se lembrou que prometeu á crespa uma carteira. Lá fomos nós atrás de tal acessório. Não digo que compramos a mais bonita, e sim a menos feia da loja. Made in Paraguay, com certeza.
De volta á Argentina, o Bruno ainda não estava totalmente satisfeito com o presente. Queria presentear a Laurinha com mais alguma coisa. 

    Entramos numa loja estilo 1,99 aqui do Brasil. Mais quinquilharias made in Paraguay, China, Taiwan... Milhares de coisas pra juntar pó. Eis que o Bruno encontrou uma escova de cabelo, dobrável, arredondada, que tem um espelho. Abre como um celular de antigamente. Parece um porco espinho.
Seguiu o diálogo:

- Ah, sim... ela me mostrou uma escova assim na casa da tua mãe esses dias. Disse que era uma escova mágica. 
- Acho que ela vai gostar, né?

     Pensei cá comigo que aquela seri a quarta ou quinta escova de cabelo que a Laura tem, mas respondi:
 - Vai sim. Pega uma azul. Ela adora azul.

     Retornamos ontem e fomos direto á Santo Ângelo, buscar a crespa e a Bella.

     Alegria! Muitos beijos, abraços e histórias dos dias que ela ficou com o vô G e a vó Mari. Quando demos a carteira de presente, ela achou o máximo!

- Agora preciso colocar dinheiro na carteira. Amanhã eu pago o almoço!

     Cada um contribuiu com uma nota de 2 reais, mais uma de 10 pesos argentinos, mais algumas moedas... e a carteira ficou recheada. Andou com o acessório pra cima e pra baixo, até a hora do banho. 

     Aí lembramos que tinha o outro presente dentro da nossa mala. A mãe estava arrumando as nossas camas, e o Bruno, todo feliz, deu a escovinha pra Laura.

Ela olhou, olhou... e nós ao redor:
- Olha! Que legal essa escova!
- E tem espelho!!
- E é azul!

     Ela abriu a escova, deu um sorriso e disse:
- Eu nunca quis isso.

Hahahahaha!!!!!

- Então eu posso pegar pra mim?
- Pode sim, mãe. Nunca quis isso.

Hahahahaha!!!!!

     Hoje, fomos passear no Brique da praça e ela, toda feliz, comprou uma garrafinha d'água com o dinheiro da carteira. 

     Até queríamos fazer almoço em casa, mas ganhamos a refeição da Laura, que foi correndo até o caixa parar a comanda com os pesos argentinos. Pagamos a diferença com reais (todo o almoço, na verdade, mas o que vale é a intenção!).

     A escova? Vai rolar de um lado pra outro em casa, ou até pare na minha bolsa, por causa do espelho.


O presente que agradou: a carteira made in Paraguay.


quinta-feira, 20 de abril de 2017

9 verdades, 1 mentira

A febre dos últimos dias no Facebook é achar 1 mentira no meio de verdades.
Como não me contento só com tópicos, resolvi escrever um pouco além, a fim de relembrar fatos marcantes da minha vida e saber quem me conhece. Dá pra fazer um post com cada afirmativa dessas, com certeza.

Achem a mentira no meio de tanta verdade verdadeira:

1. Adoro dançar, mesmo sofrendo bulling do meu tio quando criança (me chamava de bailarina de cabaré, bailarina da coxa grossa...). Fui professora de dança de salão na adolescência e no meu casamento dancei um tango (valsa é coisa pros fracos... hehehe!!!). Ultimamente me dedico com afinco á dança flamenca e ano passado me realizei dançando um lindo passo doble.

2. Sou levemente desastrada: já bati, torci e rompi os ligamentos de ambos os pés. Cheguei a colecionar as botas de gessos em casa (uns 4, 6 pares ao todo). Mas o budum era tanto que a mãe resolveu colocá-los fora. Caí num buraco e rompi vários feixes musculares da coxa, tive que colocar dreno, fazer fisioterapia... Quebrei o dente com 12 anos quando fui entregar uma arte da minha irmã (na época com 5). Minha última proeza foi quebrar o dedo do pé, no início do mês.

3. Não sou nada tímida. Já dei entrevista pra Zero Hora (na época da faculdade, sobre como era morar na praia) e pro RBS notícias (há uns 2 anos atrás, sobre o aumento do ICMS). Na época dos vestibulares, perdi a conta de quantas entrevistas dei a emissoras de rádio. Subir num palco é comigo mesma! Ajudo mágicos, danço e até dou uma de cantora quando a melodia e o tom me favorece.

4. Fui eleita "Garota Simpatia" na pré escola. Além da faixa amarela (que foi colocada virada na passarela...) ganhei um cachorrinho de pelúcia que a minha filha adora, e deu o nome de Xixa. Ele se parece muito com a nossa cachorrinha, a Bella.

5. Conheci meu marido aos 15 anos, e sempre tive uma queda (tombo) por ele. Muita água passou embaixo da ponte até começarmos a namorar e a casarmos, mas a verdade é que a nossa história começou há muitos e muitos anos atrás. Ah! Quebrei o protocolo e pedi a mão dele em casamento pros meus sogros.

6. Quando criança, comia cebola como se come maçã: com dentadas generosas. E adoro comer melancia com pão.

7. Dei uma pedrada na cabeça de uma amiga. Na beira de um rio, com o teor alcoólico elevado, obviamente que. Ela riu quando percebeu o que tinha acontecido, Eu chorei. Ela ficou com um baita galo na cabeça, mas ficou tudo na santa paz.

8. Adoro som alto, principalmente no carro e na televisão. Quanto mais alto, mas eufórica e energizada eu fico. O barulho do sugador e da caneta de alta rotação do consultório são como mantras, me levam pra outra dimensão.

9. Fiz permanente no meu cabelo aos 6 e aos 36 anos. Sucesso na primeira e fracasso total na segunda vez (fiquei "crespa" menos de 48 horas). É aquela velha história: quem tem cabelo liso quer crespo e quem tem crespo quer liso.

10. Me fantasiei de nega maluca numa festa e ninguém me reconheceu. Na época da faculdade, me puxava nas fantasias. Ganhei prêmios (uma mandioca e uma bicicleta sem rodas) e reconhecimento.

terça-feira, 18 de abril de 2017

A música do Centro

     Há cerca de um ano e meio, a Laura frequenta a Evangelização do Centro Espírita Caminho de Damasco. Ás vezes ela vai comigo nas palestras, e em todas as situações, tem o pessoal que canta lindamente promovendo a harmonização para os trabalhos.

     Todas as músicas lá cantadas são lindas, com melodias que acalmam e letras que emocionam. Só no silêncio é uma canção que a crespa gosta bastante, e nem eu sabia disso até um tempo atrás.

     Numa sexta feira, depois da aula, a caminho de casa, ela me contou um dos vários "causos" do dia:
- Mãe, ensinei os meus colegas a cantar uma música. E eles gostaram bastante!
- É mesmo? E que música é essa?
- "Agora é hora... de silêncio interior...". Todos gostaram da música e aprenderam a cantar.

     Umas duas semanas depois, estava ajeitando a Laura pra patinação (colocando a malha, meia, capa dos patins...) quando chegaram duas coleguinhas de aula dela (Isadora e Laura Fim) juntas, cantando:

-  "Agora é hora... de silêncio interior..."

     Arregalei os olhos e percebi a expressão de alegria no rosto da crespa, que disse, com o dedinho pra cima, prestando atenção na cantoria das amigas:
- Eu falei que elas tinham gostado!

     Perguntei pras gurias de onde elas conheciam aquela música, e a resposta veio em meio a sorrisos:
- A Laura Turra ensinou pra turma num dia que tava todo mundo nervoso lá na aula.

     Tempo depois, amanheci num mau humor tenebroso. Não me lembro da razão, mas nem eu estava me aguentando naquele dia. No carro com a Laura, e por alguma razão, esbravejei, reclamei...  e me senti culpada em seguida, porque o mal humor era meu, ela não tinha nada a ver com aquilo. 
a minha culpa ainda estava no subconsciente quando escuto a vozinha da crespa entre os bancos, cantando:
-  "Agora é hora... de silêncio interior..."

     Meus olhos se encheram de lágrimas, e aí sim me senti culpada. Pedi desculpas por estar tão mal humorada e brigando por nada. 
- Não faz mal, mãe. Faz o que a música tá dizendo que tudo vai dar certo.

     Se alguém tem dúvidas de que essas crianças vieram nos preparar pra um mundo melhor, aí está uma prova do poder que elas têm.