quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Menina grande X Bebezinho

     Recentemente a Laura completou 5 anos (!!!) e, definitivamente, seus gostos e interesses mudaram de uns tempos pra cá. Pula corda com uma desenvoltura invejável, patina lindamente e anda evoluindo bem na bicicleta. Desenhos, letras, números, lápis de cor e canetinhas são a bola da vez.  Respeitando o tempo limitado de assistir desenho, filmes e afins, a novela infantil Carrossel e de vez em quando as Chiquititas também tornaram-se parte da rotina. Assim como todas as músicas das trilhas sonoras são cantaroladas na hora do banho, pela sala... 

     Há uns dois meses, a crespa estava cantando pra minha mãe uma dessas músicas (não sei de do Carrossel ou das Chiquititas...), e seguiu-se o diálogo:
- Mas e as músicas da Galinha Pintadinha... tu não escutas mais, Laura?
- Claro que não, né Vó!! 
E fazendo cara de desdém ela complementou:
- Galinha Pintadinha é coisa de bebezinho!
- E tu não és mais bebezinho?
- Não! Sou menina grande já!
- Mas menina grande não pode querer dormir na cama dos pais. Só quem dorme na cama dos pais é bebezinho.

     Silêncio. Se fosse possível ver aquela nuvenzinha de pensamento por cima da cabeça da Laura, certamente ela estaria ali, inflada. 

     Suspiro, ombros encolhidos e revirada de olhos = resignação e comentário final:
- Tá bom, tá bom. Sou bebezinho mesmo. Não tô nem aí.

    
     
     
      Semana retrasada, já na finaleira dos 4 anos, a Laura fez menção de dormir na nossa cama e eu comecei a brincar com ela:
- Então tá! Nosso bebezinho vai dormir aqui essa noite. Né bebezinho da mamãe??!! Mas aí tu tens que voltar a fazer tudo o que um bebê faz.
- Tudo o que?

E fui enumerando cada item, nos dedos, enquanto ela arregalava os olhos e ria alto:
- 1: Chupar bico
2: Tomar leite do "titi" da mãe e na mamadeira
3: Fazer cocô e xixi na fralda

Os olhos se arregalavam cada vez mais...

4: Escutar SÓ Galinha Pintadinha

Gargalhadas da crespa. Aí comecei a pegar pesado: falei das coisas que ela não come de jeito nenhum.

5: Comer frutinha raspadinha com colher, principalmente MAMÃO.
6: Comer BATATA amassadinha, purê de BATATA, BATATA assada...

Aí ela ria e gritava:
- Não, isso não! 

     Continuei com a brincadeira por um bom tempo, e ela se divertindo. Até que realmente chegou a hora de dormir. Tranquilamente, ela deu boa noite pro Bruno e pediu que eu fosse até o quarto dela pra nossa leitura de rotina. Fui, li o livro, dei o beijo de boa noite e perguntei se, realmente, ela iria dormir na cama dela. Ela me respondeu quase dormindo:

- Sim, mãe, vou dormir aqui na minha cama. Não quero voltar a ser bebê de novo.

     A obrigatoriedade de comer batata e mamão, mesmo que por brincadeira, fez nossa guria tomar uma atitude de menina grande.



terça-feira, 1 de novembro de 2016

Mini yogini

     Uma das coisas mais certas na vida é que as crianças aprendem com os exemplos. Discursos sem ações não servem pra nada: não adianta falar pros filhos comerem alimentos saudáveis se os pais se entopem de bolacha recheada e coca cola, por exemplo.

     Eu e o Bruno temos filosofias e estilos de vida bem distintos. Ele adora motos, carros, motores, graxa, música alta... eu gosto de yoga, danço flamenco... a Laura absorve e curte um pouco (ou muito) de cada coisa. Logo que coloca o cinto de segurança no carro, ela diz:
- Coloca um som aí, pai!
E vai pelo caminho cantando e dançando rock n roll em um ritmo alucinante (TNT, Bidê ou Balde...).
 Quando estamos em casa, várias vezes ela puxa o tapetão e sugere:
- Vamos fazer uma yoga, mãe?
E lá vamos nós! Isso quando eu não estou fazendo a minha prática e ela se enfia no meio das minhas pernas,sobe na minha barriga...

     Há algum tempo atrás, fui até a padaria próxima da escola numa tardinha a fim de pegar um lanche pra crespa antes da patinação. A padaria é propriedade da família do Miguel, coleguinha da Laura. Quando a mãe dele me viu, veio sorrindo me contar uma história dele. Ela contou que eles estavam andando de carro, quando o Miguel cruzou as pernas como índio (padmassana, na linguagem da yoga), juntou os dedos indicadores e polegares (Gyan mudra, no yoga) e disse, fechando os olhos:
- Mãe, baixa o volume do som agora que eu vou meditar.
A Carmine, segurando o riso diante da atitude do filho,perguntou:
- Meditar? E quem te ensinou a meditar?
- A Laura Turra.

      Como fiquei feliz em saber que estou passando alguma coisa de bom pra Laurinha! E que ela também compartilha com os colegas o que fazemos em casa!

     Tá certo que a nossa meditação é breve, mas aos poucos vamos praticando e nos aprofundando mais e mais.

     Quando chegamos em casa, depois que fiquei sabendo da história do Miguel, perguntei pra sobre a meditação que ela havia ensinado pros colegas e ela demonstrou como tinha ensinado a eles o jeito de ficarem sentados, o gesto das mãozinhas... e logo pegou um livro de yoga, estendeu o tapete no chão e começou a fazer as posições (asanas).
- Yoga tem a ver com a meditação, né mãe?
     
     Como não amar mais e mais uma criaturinha iluminada dessas, que escuta Cachorro Louco com o pai e faz yoga e medita com a mãe??


 


Concentração...

Virabhadrasana (postura do guerreiro)


Vrksasana (postura da árvore).

Kakasana (postura do corvo)