sexta-feira, 1 de julho de 2016

Histórias do frio

    Como todos os que moram aqui no Estado sabem, o outono e o início do nverno aqui foram extremamente gelados. O programa da família TurraSala, de noite, resume-se basicamente a ficar com o split da sala ligado nos 30º, debaixo do edredom, comendo e bebendo as gostosuras de inverno: cremes, caldos, pinhão, quentão...

    Durante os dias de sol, o programa predileto segue sendo o piquenique da bergamota, entre outras variáveis: passeio de bicicleta com a Bella, andadas e manobras de patins no parque de exposições e brincadeira na casa das amigas.

     No mês passado, levamos a Laura pra prestigiar um campeonato de hipismo. Ela achou o máximo, e enfatizou que tinha o sonho de andar a cavalo. Conseguimos realizar o sonho da crespa, num ensolarada e fria tarde de outono, graças ao tio Jefe e a tia Milena, que nos convidaram pra passar uma tarde legal numa propriedade que eles têm no interior. A Laura montou na Griselda, uma petiça que só anda se alguém andar na frente dela puxando uma corda. Passeio devagarinho, não é um cavalo grande e guapo... mas a crespa não teve o menor receio, adorou e tá valendo.

Griselda e a destemida Laura.
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   Semana passada, fomos até Santa Maria pra dar uma força pro Amarildo, meu concunhado, que sofreu um acidente feio de moto e ficará hospitalizado por um bom tempo.O Bruno ficou com o Ama uma noite, e eu e a Laura dormimos na casa da Cláudia, no quarto com a Mariana (sobrinha mais velha).  E lá em Santa Maria também fazia aquele frio medonho. Ligamos o split do quarto e nos ajeitamos pra dormir, eu e a Crespa na cama de casal e a Mariana na cama de solteiro. Nos despedimos (boa noite, boa noite), fizemos a oração costumeira... e após alguns minutos, a Laura disse, baixinho, pra não atrapalhar o sono da Mariana:
- Mãe, sabe o que...
- O que, Laura?
- Esse ventinho quente... tá me cozinhando.

    Huahuahuahua!!!! Ri tanto que contagiei as outras duas, mas não consegui explicar a razão das gargalhadas pra Mariana. Depois que o ataque de riso coletivo passou, percebemos que o "ventinho quente" ia diretamente na Laura, por isso o cozimento. Consegui contar pra Mariana o que tinha acontecido, então desligamos o split e dormimos, sem ninguém cozida ou assada.
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     A Laura é uma criança super independente: se veste sozinha, vai ao banheiro sozinha... enfim, se vira. Nesses dias gelados, enchíamos ela de roupa: camiseta tipo segunda pele, blusão grosso, moletom, casaco mais grosso ainda, meia calça de lã, calça grossa... parecia uma cebola.
Uma das tantas noites geladas que se seguiram (todos os splits, aquecedores, cobertas e bolsas de água quentes á postos, na hora do banho, ela disse, indo pro quarto, dona de si:
- Deixa que eu tiro a roupa.

    Eu e o Bruno ficamos na sala, devidamente aquecidos pelo edredom e pela Bella, que se encontrava deitada nos nossos colos.  Passados alguns instantes, só escutávamos os grunhidos e bufadas da Laura.
- Grrrr!!!! Mas que coisa chata!!!!!!

     Comecei a rir porque sabia do motivo da brabeza: o moletom que ela estava usando é tri justinho, e certamente ela estava tomando um suador tentando tirá-lo. 

- O que foi, Laura?
- Nada!!! Eu me viro sozinha!
- Queres ajuda pra tirar a roupa?
- Não!!!!!!
Passado mais alguns instantes:
- Mas que sacooooo!!! Que roupa chata!!!!!

     Me vi nela nesse momento e não contive o riso. Ofereci ajuda mais uma vez, mas diante de mais uma negativa enérgica, deixei que ela aparecesse na sala vermelha, escabelada, suada... mas sem o moletom. 
- Aeeee!!! Conseguiu!
Ela respondeu, não achando muita graça:
- Tá... vamos tomar banho agora.