quinta-feira, 21 de maio de 2015

"Carai...

     Não me orgulho nada disso, mas sou desbocada, não adianta. Tento me controlar pra não falar palavrão, mas quando me dou por conta, já era. O Bruno é mais comedido, mas inevitavelmente solta uns "que merda" e afins. Depois que a Laura nasceu, não nos tocamos muito de que esse hábito tinha que ser abandonado e deu no que deu: o "puta merda" vem desde cedo no vocabulário da neninha,  controlado com uma ideia genial do Bruno, de substituir o baita palavrão por "que beleza!!!". Ele consegue fazer a substituição com maestria, já eu... diminuí o índice desse e de outros palavrões consideravelmente, mas escapa quando eu me vejo em situações "limítrofes".

     Essa semana, levando a Laura pra escolinha, me deparei com uma dessas situações: um motorista, que ocupava toda a largura da rua, andando há não mais que 20 Km/h (Santa Rosa é uma cidade repleta de tais motoristas vagarosos e sem desconfiômetro: quer passear, vai mais pra direita e deixa a pista livre pra quem quiser ultrapassar, tchê!!!). Pacientemente, esperei por alguns metros que o cara se tocasse. Não obtendo exito, dei uma buzinadinha e esperei uma atitude inteligente. Ainda sem êxito, e constatando que o motorista em questão estava olhando o céu ensolarado e os passarinhos que voavam na redondeza, larguei um sonoro "CARAI..." e abortei o resto da palavra, olhando a Laura pelo retrovisor.

     No mesmo instante ela perguntou:
- Que foi, mãe?
     Tive que dar uma explicação:
- É que tem um pessoal que não sabe dirigir direito, filha. E acaba atrapalhando todo o trânsito.
- É feio atrapalhar o trânsito, né, mãe?
- Pois é.

     Depois de uns 15 segundos ela disse:
- Tu tá falando muito "caraio", mãe.

     Será??? Não contive o riso, pois foi bem isso que eu pensei: Será que ando falando muito "caralho" mesmo? Me vendo rir, ela começou a rir também e repetir "caraio, caraio, caralho, caralho..." entre as gargalhadas.

     Depois de parar de rir, expliquei que aquele era um nome feio, que a gente não pode falar, blá, blá, blá... prometi que não direi mais isso... e pedi encarecidamente que aquele episódio ficasse só entre nós.
- Tá, mãe, vai ser o nosso segredo.  Mas eu posso contar só pro papai? Foi engraçado!!
- Só pro papai!

     Ela entrou na escola toda risonha, com a mãozinha em frente a boca, como quem acabou de saber um segredo, me olhando com um olhar cúmplice. Diante daquela reação, contei pra Miti e pra tia Elaine o ocorrido e concluí que realmente devo controlar minha boca suja.



terça-feira, 19 de maio de 2015

Professor Ubiratã, o Bira.

     Todos que conhecem um pouco da minha trajetória sabem que eu fiz faculdade na Ulbra, em Torres. Sempre digo que era feliz e sabia, pois foi um privilégio morar e estudar na praia. Mas se engana redondamente quem acha que tudo o que eu aprendi na graduação entrou na minha cabeça via maresia. Me esforcei pra "carai" (procuro não pronunciar o caralho com todos os lhs e em sua total sonoridade pro causa da Laura - aliás, o próximo post será sobre o "carai"), varava madrugadas estudando e, pra completar a vida universitária, tínhamos certos professores que eram por demasia temidos pelos alunos, pela brabeza, pela cara feia com que éramos olhados, pelas mijadas (altas mijadas...) e pelas notas baixas nas aulas práticas. 
     A turma da periodontia (leia-se Sabrina, Festugatto e Daudh) causavam pesadelos. Do trio da Dentística só se escapava o Maurício, que sempre foi gente boa conosco. O Rinaldo e o Ubiratã... pelo amor da vaca jésey! Morríamos de medo deles. Tínhamos aula de Dentística pela manhã e de Perio no turno da tarde, tudo na segunda feira. Por vezes já começávamos a sofrer no domingo de manhã.  Me lembro de achar tudo mamão com açúcar na faculdade depois de ter passado por essas duas disciplinas. 

     Bueno,  o tempo passou e veio o Facebook pra gente saber por onde anda o pessoal das antigas. Da turma da Perio não sei nada (e acho que eles me mijariam por algum motivo se encontrasse com algum deles). Da Dentística mantenho contato com o Maurício, com o Rinaldo e com o Ubiratã.

     Ano passado, andava numas que não sabia que rumo tomar na vida, e fui procurar o Bira. Ele e a Carol receberam eu e o Bruno com caipirinha em casa. Ali deu pra ver que não era o Professor Ubiratã que estava batendo um papo comigo, era o meu colega Bira.   Conversamos bastante e eu resolvi fazer outra especialização. Gostei demais de trocar uma idéia com ele e com a Carol, me clareou muito as idéias.

     Recentemente, me matriculei num curso de Coroas, Facetas de Porcelana e Lentes de Contato (viva a estética odontológica!!) organizado pela Carol, tendo o Bira como professor. Pelo contato que tive com ele há alguns meses atrás, sabia que ele não iria nos tirar o couro como na graduação. E não errei. O que me deixou mais feliz foi perceber que quem estava nos dando aula, não era o Professor Ubiratã, e sim o nosso colega Bira, que sim, tem uma bagagem maior, é mestre na coisa e é um baita cara, mas que não nos escondeu o jogo. Nos mostrou coisas lindas que podemos fazer nos nossos consultórios, de uma jeito tri descontraído, engraçado e profissional ao mesmo tempo.

    Fui mostrar um preparo que fiz num dente pra ele e recebi um baita elogio!!! Brinquei que ele poderia ter me dado um elogio daqueles na Dentística I, e um ex colega completou pedindo uma nota maior do que 6,5 na prática.  Nos divertimos horrores relembrando o lado carrasco do Bira. Vários colegas da Odonto de torres fizeram esse curso, e tenho certeza que todos gostam mais dele agora do que na época que ele era o Professor Ubiratã. Até ele mesmo confessou que era meio ruinzinho conosco, entre as lembranças que inevitavelmente rolaram daqueles velhos tempos.

     Como eu sei que ele volta e meia lê o blog, quero deixar registrada aqui a minha admiração à esse cara e à Carol, a esposa dele (como diz o ditado: Por trás de um grande homem, sempre tem uma baita mulher).  Obrigada pelos conselhos e por partilhar os conhecimentos comigo. Espero poder encontrá-los em breve e poder colocar as pequenas (Gabi e Laura)  pra brincar.
... e fala essa Andrea...
A Carol, que tornou esse encontro tri bom!

Com a mão na massa.


Aprendendo sem ter que se preocupar com a nota da prática. 

Ah, se essa assopradinha acontecesse há uns 15 anos atrás, era ZERO! Hahaha!!


Casal parceria, nota 10!
O teacher Bira, eu e o certificado.


quinta-feira, 14 de maio de 2015

10 anos de namoro

     Uma crise de enxaqueca fortíssima me fez ser internada no hospital da Caridade ontem de noite. Depois de ser medicada e da dor ter me deixado em paz, me lembrei que há exatos 10 anos o Bruno se tornou oficialmente meu namorado.

     Dia 13 de maio de 2004 embarquei rumo aos EUA pra visitar o Bruninho. Essa história é muito legal, daria um baita filme. Nos conhecemos desde 1994 (!!) e depois de muitos encontros e desencontros o namoro engrenou, mesmo morando em hemisférios diferentes.  Naquela época, eu era fã das novelas da Globo, e estava passando América (pra quem não lembra, a Sol (Deborah Secco) tinha o sonho de ir aos EUA pra trabalhar, e fez "de um tudo" pra poder entrar e depois permanecer na terra do tio Sam.

     A minha história começa meses antes, quando o Bruno pediu que eu fosse visitá-lo. Pedido feito, pedido atendido. Fiz meu passaporte Italiano (a cidadania tinha saído um ano antes), parcelei a passagem em 10 vezes no cartão de crédito (paguei RS 3,15 o dólar aquela vez), juntei uma graninha e me mandei pra lá, com a cara e a coragem.

     Nunca tinha andado de avião, me perdi no aeroporto  de Guarulhos, (fiquei umas 3 horas vagando por lá), viajei mais 10 horas e segui o fluxo na chegada a Newark (achava que o aeroporto de lá era um pouco maior que a rodoviária de Porto Alegre...). O primeiro momento de aflição foi a espera interminável pela minha mala na esteira. Meu pai, quando ficou sabendo da minha "trip", disse que minha mala seria extraviada e que nunca mais eu a veria. Como estava debutando nos aeroportos da vida, fiquei tri feliz ao ver minha mala vindo na minha direção na esteira. Me deu vontade de ligar pra ele e contar a boa nova na hora!

     Fiquei 40 minutos na Imigração, só me lembrando da Sol da novela e pensando: "agora sim... vão me mandar de volta pra casa.". Após um baita chá de banco (eu sem falar quase nada de inglês), o fiscal me perguntou um monte de coisas (entre elas: como eu, com passaporte italiano, vinha de um vôo do Brasil e meu passaporte estava sem nenhum carimbo?; qual era minha ocupação no Brasil?; se eu tinha como comprovar que era dentista...) e finalmente carimbou meu passaporte.

     Quando vi o Bruno abrindo um sorriso pra mim e dizendo um "finalmente!!" todo feliz, esqueci do perrengue da imigração e do cansaço.

     E lá se vão 10 anos de namoro. Como ontem fiquei um tempo deitada, curtindo as primeiras horas sem dor depois de um dia inteiro sentindo minha cabeça latejar sem parar, pude me lembrar dos detalhes daqueles dias. Não foi um jeito tradicional de se comemorar 10 anos de namoro, ambos dividindo uma cama de hospital, cuidando pra não esbarrar no soro no meu braço. O que importa é que estivemos juntos e que eu me lembrei desse dia, já que faz anos que só nos lembramos do aniversário de casamento.