terça-feira, 30 de junho de 2020

O último dia da metade do ano mais louco das nossas vidas (até agora).

     30/06/20 Situação atual: a vizinha que mora no apartamento abaixo do nosso, positivou pro Covid-19. Por conta disso, eu e a Laura estamos mais reclusas do que nunca, o único que sai de casa é o Bruno, e com os cuidados redobrados.

     A Bella fez sua primeira raspagem odontológica com anestesia (antes eu fazia o serviço, com algumas curetas periodontais antigas). O bafão estava insuportável, e mesmo sabendo dos riscos por ser uma senhora canina, arriscamos. Voltou pra casa meio tonta, mas se recuperando bem,

     O tempo em SC deu uma virada desde o final de semana e hoje fomos agraciados com um tornado. Era umas 16:30 da tarde, a Laura estava brincando depois de assistir a aula online e fazer as tarefas, eu, terminando de assistir um curso. Olho pra janela da área de serviço e chamei a crespa correndo, pra ver a tempestade que se aproximava. As janelas de dois dos quartos não venceu o volume d´água com o vento (muito forte) e tivemos que correr com panos pra estancar as cachoeiras que vertiam nas paredes abaixo das janelas.  Correria, medo, consegui puxar o que estava na sacada pra dentro do apartamento, pra que não voasse nada pra fora e machucasse alguém. Vimos o telhado do pavilhão aqui ao lado perder o zinco, telhas das casas vizinhas voarem, o barulho do vento muito alto nas nossas janelas e portas. Os dois portões ds garagens aqui do prédio se desmancharam e voaram longe.Um estouro forte nos deixou sem energia elétrica.

     Vi que a Laura ficou assustada. Disse que estava tudo bem, agradeci a ajuda dela na hora de secar os quartos e, depois de tudo em ordem, como ainda tinha luz natural, fomos jogar dominó. Algumas partidas depois, ela foi lanchar, eu me deitei no sofá e cochilei. Quando acordei, já estava escuro, e a Laura sem saber o que fazer. Ela pegou uma lanterna de quando era bebê (que ainda funciona) e brincou por um tempo. Quando percebi que estávamos nos encaminhando pro breu total, me obriguei a descer pra comprar algumas velas no mercadinho.

     De volta, acendemos as velas (consegui 3 velas de 7 dias), a Laura jantou e se sentou comigo no sofá, junto com o Clóvis e a Bella (que está dormindo mais do que o normal por causa da anestesia de hoje). Ficamos olhando a chama das velas, conversando e esperando o Bruno ar notícias. 

     Passada uma meia hora, ela me lerguntou:
- Tem água na descarga do banheiro?
- Sim! Não tem luz, mas água tem, filha.
- Ah, que bom, porque eu tô "me cagando".

     Tive que rir... 

     Ela pegou uma das velas e foi em direção ao banheiro. Como tem pouca (ou nenhuma) experiência com vela, começou a pingar cera quente nos dedos dela.
- Ai, ai, ai!!!!!

     Colocou a vela de volta na mesa, e eu dando risada.

- Como é que eu faço?
Dei toda uma explicação de como segurar a vela e cuidar pra cera não cair nas mãos. 
Nova tentativa. Caiu mais cera ainda.
- Ai, ai!!!! Mas que coisa!

     Ela largou a vela e começou a rir, junto comigo. Sabes quanto tu não tens força de se levantar de tanto que ri? Pois eu estava assim. Quando recuperei as forças e nós paramos de rir (um pouco), levei a vela até o banheiro pra ela.

     O Bruno voltou pra casa quase 20:00, ficou ajudando a colocar tapumes na Imobiliária, pois vários vidros de lá quebraram com o temporal. Ficamos sem luz mais um tempo, Graças a Deus vamos terminando o dia de hoje em casa, protegidos.


     Segundo a previsão do tempo, vem mais mais temporal nessa madrugada. E pensar que estamos na metade desse ano. 



Como será o segundo semestre?

Sem mais.
As velas e o término das tarefas escolares.

sábado, 13 de junho de 2020

Relatos de um jantar em família

     Nosso jantar do dia dos namorados, independente de estarmos em isolamento social, seria em casa de qualquer jeito. Isso por estarmos em um lugar novo, sem a rede de apoio de avós, tias, etc pra deixar a Laura e curtir um jantar a dois. 

     Então, o Bruno se encarregou do cardápio e lá fomos nós três em direção á mesa. A Laura achou que comeria algo diferente, mas ele explicou  o porquê da escolha desse prato:
- Foi com essa massa que eu conquistei a tua mãe, filha. E esse queijo é o nosso preferido...

     O queijo em questão é um grana padano, uma coisa de louco de tão bom. E, entre uma garfada e outra, contamos pra ela um pouco da nossa história envolvendo a massa e o queijo.  Aí me lembrei de um fato e contei pra crespa:
- Dizem que mulher grávida tem desejos, né?
- É...
E percebi que ela ficou com um ar pensativo.

- Sabia que quando eu estava grávida, eu tive desejo de comer essa massa com esse queijo aí? Só que, naquela época não tinha ele pra vender em Santa Rosa. Quando fomos pra Porto Alegre, compramos o queijo e o pai fez essa massa pra mim. Nossa... comi feliz da vida!

- Sabem... eu li uma história que tinha essa coisa de desejo de grávida. Espera aí que eu vou buscar o livro.

     E lá se foi ela pro quarto. Voltou correndo com um livro da Rapunzel, de uma coleção da Turma da Mônica, que ela ganhou do vô Bruno quando ainda era um bebê.

- Tá aqui!
 E leu o trecho do livro em que a mulher grávida espiava a plantação de rabanetes da bruxa, e ficou com desejo de comer uma salada de rabanetes...

     Nessa hora, sorri pro Bruno, e ele sorriu de volta. Pensei comigo: "Todas as noites que eu li pra ela quando era bem pequenininha, todas as vezes que ajudei nas palavras novas... valeram á pena."

     A noite transcorreu cheia de carinho, histórias e conversas. Foi muito bom ver a Laura interessada nos livros, o Bruno empenhado em fazer a "nossa massa", os bichos nos nossos pés...

Contentamento. Foi o sentimento desse 12/06.
 
12/06/20 


quarta-feira, 10 de junho de 2020

Diversão "mode on" nos quase 90 dias de isolamento social

     A rotina do isolamento social sofreu algumas alterações nas últimas semanas. Sem motivo aparente, nos último mês a Laura está acordando junto conosco (por volta das 6:30, 7:00). Pela ganho de tempo, decidimos não seguir á risca as aulas online, e sim adiantarmos as matérias e somente tirarmos as dúvidas (caso hajam) durante as aulas.  Com isso, conseguimos qualidade nas brincadeiras e afazeres diários.

     Quando ela acorda após às 8:30, parece que o dia já está acabando:
- Ah, não!! Já são 9:00!! Não vai dar tempo nem de tomar café, porque daqui há pouco já é hora do almoço!!


     Mesmo passando por essa fase nova pra todos, há coisas que seguem o seu curso inerente á nossa vontade: as crianças crescem e com isso, as roupas "encurtam". Fiquei dias procurando calças pra crespa, pois as que ela tem estão pelas canelas, e mesmo que a gente pense: "Mas estamos só em casa... não tem problema ficar com as calças curtas.", quando todas elas apertam nos fundilhos, é sinal de que o guarda roupas precisa de algumas peças novas.

     Procurei nas lojas locais (aqui em Porto Belo) e sem achar nada, fui subindo em direção á Itapema. Nada. Me obriguei á ir até Balneário Camboriú nas lojas Renner, pois sei que lá encontraria exatamente o que precisava pra Laura. Almoçamos por lá e voltamos pra casa em tempo de passar a matéria do dia e brincar.

     Vi que ela pegou a tesoura e levou a sacola com as calças e moletons pro quarto. Fui atrás. Ela estava cortando as etiquetas, dobrando tudo em um montinho pra guardar depois. Com uma cara de "importante", ela me disse:
- Sou uma filha fantástica mesmo...
- É?
- Claro! Olha só o que eu tô fazendo: cortando as etiquetas, dobrando tudo... isso era trabalho pra ti, mas eu faço! Eu arrumo o meu quarto, faço minhas tarefas, dou comida pro peixe, junto os cocôs do Clóvis, lavo a louça... 
Aí ela ficou pensativa e completou:
- ... ás vezes, bem ás vezes eu lavo a louça.

     Mas segue sendo uma filha fantástica, com certeza.



     Os treinos de patinação voltaram ao normal no final de abril. Como o pessoal ficou 2 meses parados, pra recuperar essas aulas, todos os dias a Laura tem treino. Tudo com muita responsabilidade por parte da professora, que dividiu as turmas a fim de evitar aglomerações, os patinadores mantêm distância entre eles|, se higienizam a cada pouco com álcool gel...   Então após o horário norma de aula (em casa), levo ela até a escola para os treinos.

     Teve um dia que os estudos renderam muito, a Laura estava concentrada e a matéria foi vencida e adiantada em umas 2 aulas. Esquecemos de lanchar, de tanto que nos envolvemos com matemática, geografia... Quando olhei no relógio, já estava na hora da aula de patinação. E lá fomos nós. 

     Ao final do treino, encontramos uma amiga nossa, a Rúbia. Obviamente a Laura estava faminta e pediu comida. a Rúbia perguntou, brincando:
- Mas a tua mãe não te deu comida hoje?
Sarcasticamente ela responde pra Rúbia, me fuzilando com os olhos:
- Pouca comida. Hoje eu comi letras, números...

     O jantar naquela noite foi caprichado, pois a estudante mereceu.