sábado, 13 de setembro de 2014

Socializar agora é assim?

     Acabei de chegar do show do Suricato, na TAO.  Dos caras só tenho a dizer que são artistas de primeira qualidade. Excelente trabalho. De cair o queixo os arranjos e o repertório. Do público, tenho umas considerações à fazer. 

     Não frequento mais festas, baladas e afins como antes. E a última que eu fui, esses dias, tratava-se de uma festa dos anos 80, então só tinha pessoal mais velho que eu ou no máximo da mesma idade. Os smart phones até eram vistos nas mãos de alguns quarentões (ou quase), mas com dois objetivos principais: tirar fotos para a posteridade e checar a existência de alguma chamada perdida, já que os filhos ficaram com os avós, as dindas e por aí vai. Hoje, passei boa parte do show com um pessoal que beira os quarenta também, e os celulares foram utilizados com as mesmas finalidades acima citadas, inclusive por mim.

     Antes do show começar percebi que a maioria da gurizada estava mexendo no celular. Não conversavam entre si, pensei cá comigo que deviam estar se falando via whatsapp, mesmo estando uns em frente aos outros. Durante o show, eles filmaram tudo, sem se mexerem muito, pois em seguida já postavam os vídeos nas redes sociais. Fotos? Montoeiras, compartilhadas no exato momento em que o flash disparava. Um casal de namorados que estava perto de mim, mal se olhou a noite toda, cada um mexendo no seu respectivo telefone.

     O que é mais importante? Curtir um baita show como esse, sentir os pelinhos do braço se arrepiarem quando uma música te toca e te emociona. No outro dia contar aos amigos (ao vivo, à cores e "se mexendo", de preferência) como foi legal ter presenciado um momento desses. Lembrar das sensações de ter presenciado tudo aquilo... 

     Ou

      Filmar tudo, tirar fotos (selfies, que estão em alta, com direito à beicinho e cabeleira jogada ao leo...), ficar postando tudo o que se passa e conferindo cada notificação que chega pra ver quantos amigos "curtiram" ou comentaram o que foi publicado. Consequentemente deixar de curtir a noite com os amigos, nem saber o que os músicos estão cantando ou tocando e ficar o tempo todo com o celular a tira colo, postando até o churrasquinho de gato que se come no final da festa.

     E aí?

     Posso estar parecendo ultrapassada (e acho que sim, ando meio por fora do que acontece na vida noturna), mas desde que me conheço por gente, o modo que as pessoas socializam quando saem de noite é por meio de conversa, risos, dança, tomando uma gelada . Desse jeito, parecendo um bando de robôs, sem largar o celular... nunca tinha visto.

     Sim, tirei foto com os bonitões, mas com o celular do Bruno. E amanhã, ou segunda ou terça... vou ver como ficou. Pode ser que poste a foto, mas na hora, preferi elogiar o trabalho da banda e deixar meu marido fazer o seu trabalho do que ficar xaropiando pra ele me mandar a foto na hora, porque eu preciso que o mundo saiba o que eu fiz na noite de sábado.

     Sou chegada num computador, adoro fuçar no telefone, mas tudo tem hora. A não ser que as coisas tenham mudado tanto e eu não tô sabendo. 

     Será...? 

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