quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Os vilões da infância merecem o nosso respeito

     Estava eu lendo alguns artigos, textos e coisas afins sobre o episódio de racismo ocorrido na última semana aqui no RS, quando me deparei com o excelente texto da Eliane Brum (segue link abaixo), que acabou por me motivar a escrever sobre o assunto que trata o texto, e deixei a questão do racismo pra depois.


http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI142334-15230,00-SACI+SEM+CACHIMBO+LOBO+SEM+DENTES+E+GENTE+SEM+PENSAMENTO.html

     Não sou expert no assunto, mas como mãe, por vezes me pergunto se deixar de atirar o pau no gato ou transformar o lobo mau em um ser vegetariano irá ajudar a tornar minha filha politicamente correta. E, sinceramente, concluí que fábulas, lendas, histórias da carochinha e musicas fazem parte da infância. Deixem os vilões serem vilões e ponto final!
 
     Me criei vendo o saci pulando num pé só e pitando seu cachimbo, mas nem por isso desmereço deficientes físicos e nem virei fumante  - detalhe: nos meus áureos tempos de infância, meu pai guardava um cachimbo e uma caixinha com fumo, na despensa, bem escondido, que eu adorava cheirar quando me via sozinha, podendo explorar a casa. Nunca taquei fogo no fumo nem nada disso.  E o saci nem é considerado um vilão, mas sim um trickster (vide link acima, vale demais a leitura).
 
     Sou madrasta da Luiza. E qual é o problema em me chamarem assim?? Só porque a madrasta da Cinderela era uma jararaca, mal amada, todas tem que ser também? E não me venham dizer: " Ah, ela é ´boadrasta` e não `má drasta`". Sou gente boa, trato minha enteada com todo amor e carinho, mas sou sua madrasta.
 
     Cresci cantando  "Atirei o pau no gato", e nem por isso saio atirando o pau no gato! Desculpem a redundância, mas não achei melhor maneira de me expressar.
 
 
     Vamos nos ocupar em passar valores sólidos às nossas crianças. Deixem as bruxas fazerem suas maldades, o lobo comer vovozinha e destruir as casas assoprando a plenos pulmões a fim de degustar um porquinho (ou dois, ou três...). Conflitos sempre existirão, e as histórias infantis, fábulas, etc... estão aí pra introduzir os pequenos no mundo, que é bom mas também pode ser bem cruel. 



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