Demorei pra escrever sobre o assunto que abaixo se desenrolará porque preferi deixar a poeira e as emoções baixarem. Vou resumir o máximo que der, pois a história é longa e quero tornar a leitura agradável.
Dia 3 de agosto, sábado emburrado no Estado. Estávamos em Tuparendi e eu dei amendoim pra Laura, pouco antes do almoço. Ela estava brincando com a Martina, correndo e comendo. O resultado foi que ela sufocou. A cena foi horrível. Vê-la sem poder respirar, forçando o vômito e a tosse a fim de poder conseguir ar... Quando conseguia um pouco de ar chorava, pedindo ajuda. Fiz o que pude, então gritei e o Bruno e mais alguémm veio ao meu socorro. O Matheus, namorado da Giulia, nos levou ao hospital. No caminho ela continuou sufocando e nós fazíamos de tudo para ajudá-la. chegando lá, achei por bem deixar o médico agir, já que eu estava transtornada, chorando, desesperada e sabia que pouco poderia ajudar. Liguei pra Dra. Maria Antonia e não consegui falar direito, tamanho o meu desespero. Só me lembro de ela ter dito que se algo estivesse ido pros pulmões da Laura, havia um procedimento que poderia removê-lo. Logo ela estava pedindo pela dupla infalível: bico e nana. O médico achou por bem levá-la ao hospital em Santa Rosa. A dra. Maria Antönia foi até o hospital ver a Laura. Falar com ela me tranquilizou bastante.
Lá chegando, foi tirado um Raio X dos pulmões onde nada apareceu e ela foi examinada pelo Dr. Altino, o pediatra de plantão. Ele chamou o Dr. Alexandre Magalhães, pneumologista. Ambos nos disseram o seguinte: certamente algo estava no pulmão direito da Laura, pois ele estava sibilando, e ela estava com uma tosse que antes do incidente ela não apresentava. O procedimento que deveria ser feito era como uma endoscopia, com a diferença que i instrumento entre nos pulmões. Chama-se fibrobroncoscopia, e só é realizado em Porto Alegre. Então tínhamos que ir até Porto Alegre o quanto antes. Detalhe: de ambulância.
Minhas pernas falsearam. Porque de ambulância? Ela corre algum risco? Os médicos explicaram que por mais que ela estivesse estável, o acompanhamento de um médico e de um técnico de enfermagem se fazia indispensável, caso ocorresse alguma intercorrência.
Passaram-se 4 horas e meia até que se conseguisse uma ambulância (obrigada á Fundação de Saúde de Santa Rosa) um leito no Hospital da Criança Santo Antônio, na Santa Casa (muitíssimo obrigada ao Dr. Tiago Bortolini, o nosso Tiago velho de guerra, por ter conseguido a vaga pra Laurinha) e o contato com a equipe médica que realizaria o procedimento (mais um obrigada ao Dr. Tiago). Durante essas 4 horas, a Laura tomou leite, brincou e correu pelo hospital. Sempre com o peito chiando e com aquela tosse, mas bem. Como ela tinha uma certa dificuldade em respirar, cansava rápido e dormia no nosso colo.
Chegamos em Porto Alegre á 1:30 de domingo e fomos direto ao Hospital Santo Antônio. A Laura foi examinada rapidamente pela pediatra de plantão, que pediu outro Raio X dos pulmões. Enquanto aguardávamos para fazer a radiografia, chegou um pai com sua filha de 14 anos, bêbada, inconsciente, de shorts, bota de cano curto e uma blusa de mangas compridas. As médicas foram correndo atendê-la. O pai não soube dizer o que ela tinha bebido e se havia consumido algum tipo de droga. "Que merda..", pensei, e me lembrei que a Luiza tá com 13 anos. Aí o pai disse que ela estava de meia calça e absorvente e não estava mais e que não sabia qual a conduta do hospital diante de um quadro assim, mas que eles fizessem o possível pra descobrir o que mais havia acontecido com a filha dele. Só olhei pro Bruno e pensei de novo: "Que merda...". Abracei a Laura e fiquei feliz em saber o que estava acontecendo com ela. Era só um amendoim.
Não há quarto privativo no Santo Antônio, e sim duplos. Então entramos no quarto já ocupado e fomos dormir. No domingo pela manhã, conhecemos a Nadine, uma menina da idade da Laura que nasceu com hidrocefalia e problemas no fígado. A pequena já passou por várias cirurgias, e só na Santa Casa está internada desde 20 de junho. Passamos o domingo brincando com a Laura. Ela se divertiu bastante, corria pelos corredores e adorou a sala de brinquedo do sétimo andar (o nosso andar). Falamos com o Dr. Armando, pediatra, que nos disse que como a Laura estava bem, estável, com boa saturação, a fibro seria feita na segunda feira. Durante todo o tempo falávamos com a Laura, pneumopediatra prima da D. Lurdinha, que nos deu alta mão e nos esclareceu muita coisa.
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A vista da sala de brinquedos do sétimo andar. |
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Cozinhando |
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Ganhamos esse cartão assim que entramos no quarto do hospital. |
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Fazendo suco pra mamãe. |
Dormi sozinha com ela de domingo pra segunda feira, dia em que seria realizada a fibro. Na segunda feira, as 10 da manhã, a Laura entrou em NPO (jejum). A pior parte de tudo. Isso me devastou. Vê-la me pedir mamá, água, suco e não poder dar... acabou comigo. O Bruno ficou com ela e eu fui pra rua pra comer longe dela e chorar. Sem sombra de dúvidas a pior parte foi o jejum. Na hora da fibro, o Bruno entrou junto pra anestesiarem a pequena, pois eu não tive coragem. a Léia, mãe da Nadine me disse que é difícil essa parte, e isso que ela já passou por isso várias vezes. Fiquei com o coração na mão na sala de espera, chorava, rezava... mas sentia que tudo acabaria bem. Isso eram 15:00.
Me distraí com uma guria de uns 9 anos que iria retirar um duplo Jota não sei das quantas dos rins. Ela estava com fome e xaropiava a mãe dela pra comer um X tudo. Mal conversei com o Bruno e me lembrei que precisava fazer xixi. Na saída do banheiro, a enfermeira me chamou e eu fui pra sala de recuperação, devidamente vestida. A Laura estava anestesiada, toda molenga. A médica me disse que retiraram tudo o que tinha no pulmão direito e que o esquerdo estava limpo. Ao todo sete pedaços de amendoim.
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Os pedaços de amendoim que estavam no pulmão direito da Laura. |
Disse que eu poderia chamar por ela, dizer que a mamãe estava ali e tal. Logo ela acordou, com uma tosse seca e rouca. Tudo dentro do esperado segundo a médica, pois ela foi entubava pra fazer a fibro. Dei água, mamá, gelatina... ela tomou tudo e comeu metadoedo potinho da gelatina. Fiz nebulização várias vezes durante o tempo que fiquei com ela lá. Ela dormia e acordava. Tossia, chorava um pouco e dormia novamente. Fez um pouco de febre e foi tirada uma nova radiografia dos pulmões. Brincou com as bonecas que a enfermeira trouxe e as 21:00 voltamos pro quarto. Nos trocaram de quarto e dividimos ele com o Augusto de 1 ano e 11 meses, que estava fazendo exames pra constatar alguma alteração na medula, pois ele perdia o equilíbrio do nada.
O Bruno foi pra São Paulo de madrugada buscar a Luiza, pois como correu tudo bem, terça feira provavelmente teríamos alta.
Provavelmente não significa certamente. Acordamos animadas e fomos brincar. A Laura se encantou por um técnico de enfermagem que estava fazendo estágio lá, o Sandro. Também se apaixonou pelo fisioterapeuta, o Daniel. Brincou com a Manuela, pequena que estava se recuperando de uma infecção que jã tinha sido tratada com mais de um antibiótico. Quando a médica que fez a fibro veio vë-la, disse que precisávamos repetir a radiografia dos pulmões pra ter certeza que tudo estava bem. Do nada, logo depois do almoço, a enfermeira me disse que a partir daquela hora a Laura entraria em NPO porque ela teria que repetir a fibro. Minhas pernas falsearam. Repetir?? Porque??? Dei uma mamadeira de leite frio que tinha no quarto, pois ela estava chorando de fome e consegui falar com a médica. Resumindo: o pulmão direito estava com uma parte murcha (atelectasia), e provavelmente havia uma secreção ou um farelinho de amendoim trancando a entrada de ar. O pulmão poderia "desentupir" com fisioterapia, mas não era garantido, por isso o certo seria repetir a fibro.
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Passeio pelo corredor com a Manuela. |
Murchei. Tudo de novo?? E eu sozinha com a Laura! Pedi pra tia Ete ir até o hospital me dar uma mão na hora do jejum. Enquanto ela ficava com a Laura, fui até o banco pegar grana pra pagar a outra anestesia e comprar algo pra comer depois que voltasse da sala de recuperação.
Dessa vez foi tudo mais rápido. Vi ela sendo anestesiada e achei o jejum muito pior. De fato, só havia secreção trancando a entrada de ar, tanto que ela não precisou fazer nebulização e tossiu bem menos na segunda vez. A radiografia foi feita novamente. Comeu tri bem, brincou mais ainda e logo estávamos no quarto. Antes de dormir, o enfermeiro tirou o acesso do soro, ela tomou uma mamadeira cheia de leite e se atracou a comer a cuca que a tia Ete deixou pra ela.
Na quarta feira acordamos e a Laura foi brincar com o Sandro na sala de brinquedos, enquanto eu comia alguma coisa e tomava um banho. Ao meio dia, depois de comer uma pratada de comida, o Dr. Armando veio nos dar alta e ganhou um abraço apertado da Laura. A Dra. Marina (que fez a fibro) nos encontrou passeando pelo corredor. Nos deu a boa notícia que o pulmão estava totalmente desobstruído e que poderíamos ir pra casa. Chamei a tia Ete pra me ajudar a carregar as malas até o taxi e fomos em direção á casa da Camila e do Dani.
O comportamento da Laura foi exemplar. Ela logo se acostumou com a rotina do hospital, choramingava um pouco quando colocavam o aparelhinho pra medir a saturação, mas entregava o dedinho, resignada. Não mexia muito a mãozinha que tinha o acesso do soro e fez amizade com todos no hospital. O croc verde e a calça jeans que ela usava fez sucesso. Ficou conhecida como a Laurinha dos amendoins.O "Sexy Ladie" ficou liberado pelo período que ela ficou internada, assim como as várias horas na frente da televisão e do computador, pois eram as maneiras que tínhamos de distraí-la.
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Brincadeiras com o Augusto, o colega de quarto, pouco antes de irmos embora. |
Foi um baita susto. E o que eu tirei de lição de tudo isso?
Primeiro que criança tem o poder de se recuperar muito rápido de um procedimento cirúrgico. Vi várias que fizeram cirurgia de fimose, hernia e outras encrencas se levantarem, colocarem sua roupinha e rumarem pra casa, com as mães e suas olheiras marcadas, porém com um semblante de alívio.
Segundo que mãe é mãe, que diga a Léia, mãe da Nadine, mas que tem uns pais que merecem o nosso total carinho e respeito. O pai da Laura e da Luiza foi de um companheirismo e de um amor de tirar o chapéu. Obrigada pelo apoio. Te amo, marido!
E terceiro e mais importante: Que a gente arranja problemas na vida, faz drama por pouca coisa. Acho que de todas as crianças que estavam no hospital, a mais saudável ela a nossa filha. Sejamos felizes, pois temos saúde. Oro pra que todas aquelas crianças que eu conheci melhorem logo.
A Laura está 100% recuperada. Eu ainda estou meio baquiada. Cansada, bem cansada, com sono atrasado e alguns quilos mais magra (tudo tem seu lado bom!!). Ando bem emotiva, choro por qualquer coisa. Mas acho que logo eu também volto ao normal.
PS: ALIMENTOS QUE CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS DEVEM EVITAR
-PIPOCA
-AMENDOIM
-PISTACHE
-TOMATE CEREJA
-SALSICHA CORTADA EM RODELAS
-AMËNDOAS
-CASTANHAS
-MM'S, CONFETES E ASSEMELHADOS
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Quarta, depois que deixamos o hospital, fomos passear e fazer compras. A Laura ajudou a carregar as sacolas. |
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Rotina normal de criança, sem amendoins agora. |
Déia, chorei ao ler o post. Só sendo mãe pra sentir o que vc sente... se cuidem e apareçam!!! saudades, bjs.
ResponderExcluirOi deia
ResponderExcluirQual foi o hospital e qual medico?
Estou passando a mesma coisa
48 96239395 fernando e michele