segunda-feira, 14 de março de 2016

Os filhos sobrevivem aos pais

     Os filhos sobrevivem a nós, pais. Erramos por excesso de zelo, descuido e por outros tantos motivos que me fogem agora. Aconteceu comigo (o maldito amendoim que eu dei pra Laura comer e que deu aquele susto todo, a vez que eu deixei o bebê conforto cair com ela dentro, de cara no chão...), tudo está aqui no blog, escrito como forma de registrar que por melhor que sejam as nossas intenções, falhamos.

     Minha falha hoje atingiu em cheio a cabeça da Laura. Estávamos eu e o Bruno, deixando-a na escola. SEMPRE deixo a "muchi" no banco de trás, ao lado do cadeirão da crespa. Pois hoje, não sei porque cargas d'água, colocamos as coisas dela no porta malas do carro. Estacionei do outro lado da rua, desci e fui em direção ao porta malas, abri o mesmo, peguei a muchi,  o Bruno desceu, foi cumprimentar um pai conhecido, combinar o chimarrão na patinação mais tarde, Quando eu pulei pra pegar a tampa do porta malas (sim, pulei porque não alcanço), ela veio com força e só escutei um "tuc" seco.

     Quando olhei pra baixo, vi a Laura agaicha, chorando alto, com as mãozinhas na cabeça. Só consegui me abaixar e abraçá-la, pedindo desculpas, mil desculpas. O Bruno veio correndo, olhamos a cabeça e constatamos que o galo já estava formado, sem cortes nem nada de mais. Mas o remorso de não ter olhado ao redor antes de saltar e pegar a tampa me corroeu por dentro.

     Os demais pais que estavam deixando as crianças na escola, acompanharam a cena e nos olhavam com uma expressão de "Putz!!! Mas que baita azar!!".  E foi mesmo. Entrei na escola com a cara mais envergonhada do mundo, as profes acalmaram a Laura, a levaram pra sala, longe dos meus olhos, quando a tia Elaine me disse:
- Calma... isso acontece nas melhores famílias. 

     Depois de tudo voltar ao normal (eu parar de me culpar tanto, a Laura se acalmar...), voltamos ao carro e o Bruno me alertou:
-Sempre, sempre a gente tem que olhar ao redor. A Laura desce do carro e fica ao nosso lado, nunca vai pra longe de onde a gente está.
Pois é. Eu sempre, sempre olho. Sei que ele também faz isso. Mas hoje... não olhei.

     Na saída da escola, fomos munidos de lanche e chimarrão (segundas feiras, ás 18:30, é a hora da patinação). A Laura saiu sorridente, feliz com o programa de logo mais.
- E a cabeça, filha... melhorou?
- Não. Foi tua culpa, mãe.
- Eu sei, amor! Desculpa! Não vi que tu estavas tão perto.
(Bruno) - A mãe ficou triste em ter te machucado. Foi sem querer mesmo, filha.
- É, eu sei.
(Bruno) - Quando casar, sara!

     Caí na gargalhada. Uma porque fazia um tempão que eu não escutava mais essa expressão, outra porque vi, pela cara da Laura, que ela não entendeu o que o pai acabara de dizer. Explicamos a ela e eu segui rindo.
- Agora a mãe ficou feliz, com a história do "quando casar, sara"!

     E sara mesmo. Só espero que os próximos deslises maternos sejam menos dolorosos.

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