quarta-feira, 16 de março de 2016

A magia da cama dos pais.

     Desde recém nascida, a Laura dorme bem. Desde os seus dois meses, ela dormia no seu quarto, no berço. Desde os dois anos, ela dorme na cama. Há uns 2, 3 meses, ela acorda na madrugada, por volta das 4, 5 da manhã, chama por nós ou e vai pro nosso quarto, pedindo pra dormir conosco.

     Antes disso, ela ia até o quarto, ficava sentada ao lado da cama até que algum dos dois acordasse. Numa dessas vezes, usando toda a calma do mundo, depois de me recuperar do susto de ver um vulto me olhando no escuro, disse que ela poderia nos chamar, sem problemas.
- Mas eu não quero atrapalhar o sono de vocês.

     Eu era uma ótima mãe até me tornar uma. Sempre dizia que cada um dormiria no seu quarto e ponto final. Agora, acordo na madrugada com o chamado:
- Mãe!
- Que...
-Vem aqui!
O certo seria me levantar, ir até o quarto da Laura, conversar a fim de persuadir a dormir ali, na sua cama. Mas o sono é maior... mal consigo fazer o chamado de volta:
- Vens tu aqui.

     Tec, tec, tec... escuto os passinhos dela e já tiro a coberta pra deixar ela se aninhar no nosso meio. Ok, ok... podem me julgar ou dizer: "eu avisei". 

     Sabia que a fase de ela vir pra nossa cama chegaria. E tanto eu quanto o Bruno estamos levando numa boa, sem stress. Gostamos quando dormimos junto dela, o problema é que a nossa cama é pequena (por sermos pequenos também e por sempre acharmos que cada um deve dormir na sua cama), sendo assim, falta lugar pra acomodar confortavelmente os três. O que acorda mais torto, leva a Laura de volta pra cama dela.

     Nas noites de trabalho dele, nos divertimos muito na cama, e acabamos dormindo juntas, ou na nossa cama, ou na cama dela. Se eu acordar antes do Bruno chegar, faço as devidas trocas, caso contrário, ele faz a mão antes de descansar (geralmente pouco antes de nós duas levantarmos...)

 5 da matina de segunda feira, o chamado se repetiu:
- Mãe!
- Que...
-Vem aqui!

    Fui. Isso porque estava sem sono, e resolvi ver o que acontecia diante de um diálogo matutino.
- Dorme comigo?
- Por que? Tu estavas dormindo aqui sozinha até agora.
- Eu tive um sonho horrível...
- Mas passou. Agora fecha os olhos e dorme de novo,
- Dorme comigo?
- Filha... a tua cama é pequena demais pra nós duas.
- Então deixa eu dormir lá na cama de vocês?
- Lá também fica apertado.
- Mas eu não quero ficar aqui sozinha... e se eu sonhar de novo?
- Mas é só pensar em coisas boas que os sonhos serão legais também.
E o diálogo matutino estendeu-se por mais um tempo. Divagamos sobre a madrugada, quantas horas faltavam pro sol aparecer, quais eram os sonhos terríveis que ela havia sonhado... até que eu comecei a sentir os olhos pesarem e tive uma ideia:
- A Bella vai dormir aqui contigo.

     Fui, tastaviando de sono, pensando que daquela madrugada em diante, ela dormiria na sua cama, pra sempre. Pensei errado. Tec, tec, tec... ouço os passinhos dela em direção ao nosso quarto:
- Mãe, não consigo pensar em nada, aí não sonho nada e preciso deitar aqui com vocês.
O sono, mais uma vez é maior do que eu. Arredo a coberta pra que ela consiga se aninhar no nosso meio.

     Quanto tempo dura essa fase? Não sei. Sei que a magia da cama dos pais habita a cabeça das crianças, o sono desses pais muitas vezes é maior do que a disciplina e tudo passa, basta dar tempo ao tempo e investir na conversa sobre os pensamentos e os sonhos lindos que eles podem ter nas suas próprias camas.

Caras e bocas na  noite das meninas.


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