segunda-feira, 29 de abril de 2013

O olhar "de ladial"

     Tenho uma amiga muito querida, a Marília, que se derrete pela Laura. Ela diz que uma das coisas que mais acha "bárbara" (definição da Marília) na neninha  são os olhares que ela lança nas diversas situações. O olhar mais comentado e apreciado pela Marília é aquele de ladial, desconfiado, sem mexer a cabeça, só as bolitas castanhas.

     Pois hoje quase chorei rindo com esse olhar. Foi o mais intenso e duradouro de todos os de ladial. Estávamos almoçando no Quick, restaurante ótimo e tradicional de Santo Ângelo. Depois de cair de boca nos brócolis, milhinhos e tomates, a Laura apreciava um pote de gelatina.

     Avistamos a Lizete, nossa conhecida, se aproximando por trás do cadeirão da Laura. Muito discretamente, sem que a belezinha a avistasse, ela deu uma cheirada no cangote da Laura, que estava com a boca cheia de gelatina. Enquanto ia mastigando, ficou ereta na cadeira e deu aquela olhada pro lado onde estava recebendo o carinho, super desconfiada.  A Lizete se afastou um pouco, e o olhar de ladial desapareceu, a Laura baixou os olhos e  fitou o pratinho com a sobremesa. Ela olhou pra Laura e disse um "oi" bem amistoso. Sem virar a cabeça pro lado, a Laura deu mais uma olhada desconfiada em direção a voz e continuou tentando pegar mais um cubo de gelatina do pratinho.

     Enquanto eu, a mãe e o pai ríamos com as caras (e os olhares) da Laura, a Lizete deu mais uma cafungada no cangote dela. O olhar de ladial veio acompanhado de dois olhos arregalados e a total paralisia de qualquer movimento por parte da Laura. Se desse pra ler os seus pensamentos, certamente leríamos algo do tipo: "Mas o que é que essa tia tá pensando?!!! Não autorizei cafungadas no meu pescoço! Ai, ai, ai!!".

     Fiquei sem ar de tanto rir. Nem me lembrei que estava com o celular junto e poderia ter filmado a cena. A Lizete se afastou, parou do meu lado e riu junto. Só então a Laura olhou nos olhos da tia da cafungada, ainda com o olhar de ladial e com a cara emburrada. Quando ela se afastou, calmamente a neninha voltou a olhar pro cubo de gelatina que tinha nas mãos e colocando ele na boca fez uma cara do tipo: "Mas daí sim...".

     Me lembrei da Marília e no quanto ela iria se divertir presenciando o episódio.

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