quinta-feira, 25 de abril de 2013

Susto, mas que susto.

     Somos uma família moderna, já comentei isso aqui. Por isso planejamos uma viagem pra que todos nós ficassem felizes e contentes. O Bruno se programou pra ir assistir os XGames, em Foz do Iguaçú, de 18 a 21 de abril. Já de largada, pedi encarecidamente que ele me "incluísse fora" do programa. Não é a minha praia, definitivamente. Aí ele convidou a Daniel pra acompanhá-lo na indiada. Os dois adoram esportes radicais.

     Eu optei por ir até Porto Alegre, também na quinta feira, pra resolver questões pendentes por lá: CRO, médico, dentária... e aproveitar pra me despedir da Carol, minha amigona que vai morar em Paris por 1 ano. Na segunda, dia 22 tive aula da pós, aí fechou todas. Coloquei as malas no carro e passei em Santo Ângelo pra pegar a mãe pra seguirmos viagem até a Capital.

     Chegando na casa dela, demos comida pra Laura, água pra Bella e colocamos as malas da mãe no carro.  Na hora de sairmos, coloquei a Laura no cadeirão, afivelei o cinto, a Bella subiu no banco e se acomodou ao lado dela. Bati a porta e disse pra mãe que eu iria dirigindo. 

     Ok, e a chave do carro? Ficou dentro do carro, ao lado do cadeirão da Laura. E o carro se trancou. Se tem coisa que eu sempre cuidei foi essa história de carro e chave com criança. Mas dessa vez, "caguei na lata furada e resguei o cu na beirada", como diz o velho ditado. 

     O relato a seguir se passou em no máximo, no máximo 5 minutos.

     Entrei em pânico. Pedi pra mãe ligar pro chaveiro de confiança dela. O cara pelo jeito fez pouco caso da situação e não deu muita bola. Só disse que tínhamos que quebrar o vidro do carro, porque ele não tinha como abrir a porta e além disso ele não estava na loja. "Inútil desgraçado", pensei cá com meus botões. Chaveiros abrem até cofre, porque cargas d'água não abririam uma porta de um carro???!!! Enquanto isso abanávamos pra Laura como se estivesse tudo na mais santa paz. E ela tranquila, nos abanava de volta.

     Saí correndo em busca de uma pedra e a mãe correu pra dentro de casa pra buscar um arame. Não sei onde ela pretendia enfiar o arame, já que o carro estava totalmente fechado (vidros e todas as portas, porta malas...).  Tentei quebrar o vidro com todas as minhas forças, mas só fiz enchê-lo de marcas. Nessa hora a Laura se assustou e começou a chorar dentro do carro. Meu pânico só aumentava. 

     Gritei pra um cara que estava escorado no depósito do mercado, ao lado da casa dos meus pais. Disse que minha filha pequena tinha ficado presa dentro do carro. Em questão de milésimos de segundos, esse cidadão  correu em direção ao carro e começou a forçar a porta do caroneiro pra fora, entortando-a cada vez mais. Vendo que não conseguiria muito sucesso sozinho, pediu ajuda a dois outros anjos que estavam saindo de um caminhão, perto de onde estávamos. Os três entortaram ainda mais a porta, até que o primeiro aletrou que a criança já conseguia respirar lá dentro, e que agora eles teriam que pensar num jeito de destrancar a porta.  O que tinha o braço mais fino, tentou abrir a porta no puxador. Nada. Enquanto isso escutávamos o choro da Laura. Eles arregaçaram ainda mais a porta e este mesmo cara, o do braço mais fino, se contorceu até conseguir puxar o pino da porta traseira.

     A porta se destrancou e eu consegui abri-la por fora. Tirei a Laura do cadeirão, toda suada, chorando. A Bella permaneceu sentada no banco traseiro, ao lado do cadeirão como se nada fosse. Acalmando a pequena, agradeci emocionada aos três homens que me ajudaram. O do braço mais fino, abraçava nós duas, aliviado e dizendo que tinha um filho pequeno e que imaginava o meu desespero. Retribuí o abraço e agradeci não sei quantas vezes aos caras.

     A Laura em seguida parou de chorar e saiu brincando pela grama. Eu fiquei com as pernas bambas e a mãe com uma cara indecifrável. Trocamos as malas para a caminhoneta do pai e seguimos viagem até Porto Alegre, não sem antes rezar e agradecer a Deus por ter colocado aqueles cidadãos no nosso caminho.

     Me odeio quando consigo fazer unas proezas dessas. Não sei como consigo ser tão irresponsável. Graças a Deus que não aconteceu nada com a pequena, já o carro... Mas é como se diz: vão-se os anéis e ficam os dedos. Nesse caso, vão-se porta e vidro do carro e fica a Laurinha, sã, e salva, feliz e contente.

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