sábado, 7 de maio de 2016

Os dias das mães

Homenagem  do dia das mães 2016.

     Há 4 anos recebo homenagens do dia das mães da escolinha da Laura. Junto das homenagens, inevitavelmente vêm as lágrimas. Além delas, me divirto cada ano mais, pois conheço melhor os colegas dela, as outras crianças que frequentam a escola e seus pais e mães. 

     Todos os anos o pessoal da escola se esmera pra fazer uma festa legal em eventos desse tipo. E o legal é que todos entram no clima. Esse ano, a profe Cassi, do ballet, fez todas as mães dançarem. Foi muito divertido.  Ano passado, as mães participaram de uma mini gincana. Confesso que meu desempenho não foi dos melhores, devido a minha primeira (e única, até agora...) crise de sinusite. Passei o dia da apresentação de cama, até pensei em continuar ali, mas mãe é mãe, e mesmo troncha, com dor até no "grão do olho" (como diz meu pai...), com a cabeça latejando, me levantei do leito e fui prestigiar a filhota na apresentação.

     Os números artísticos das crianças se resumem nas apresentações dos meninos (capoeira), das meninas (ballet) e de todos juntos, onde eles cantam uma música linda e fazem todos chorar de emoção. Ocorrem algumas variações de ano pra ano, mas basicamente o esquema é este.

     Me lembro da tia Miti dizendo:
- Agora, nós convidamos as mamães pra se aproximarem do palco. E vocês, crianças, olhem bem nos olhos das mamães de vocês e cantem bem lindo pra elas. Ok?
- Siiiiiiim !!!!  Gritou o coro enquanto as mães de acomodavam nas primeiras fileiras de cadeiras ou no chão.

     Eu fui pro chão,  com dor na cabeça, na face... mas com o celular na mão pra filmar a performance da crespa. Ela me viu, nos abanamos e a música começou. Ergui o braço e deixei o celular filmar a cantoria. Obviamente, comecei a chorar. Chorava de emoção, de culpa (por ousar pensar em ficar em casa por causa da sinusite e perder de vê-la ali, toda linda, cantando pra mim) e de dor, já que me entupi mais ainda com tanta lágrima e secreção (ranho, no bom e velho português coloquial). Disfarcei um pouco olhando pra tela do celular. Quando voltei a olhar pro palco, recebia uma "chamada" da Laura, que com os dedinhos apontado pros olhos dela, dizia de longe:

- Mãe, é pra olhar pros olhos dos filhos!

     Depois dessa, comecei a rir e chorar ao mesmo tempo e obedeci; deixei o celular filmando e olhei o tempo todo nos olhos dela. No final da apresentação, cada criança foi se sentar com seus pais e assistimos um vídeo deles na creche (mais uma parte das homenagens). A Laura ficou em pé numa cadeira ao meu lado, acompanhando o vídeo a narrando as partes onde a turma dela aparecia.  Obviamente, mais uma vez, caí no choro. Ela me olhou "de ladial" e me perguntou, não compreendendo o porquê das lágrimas.
- Tá chorando, mãe?
- Não, não!! A mãe tá só limpando um cisco que caiu no olho... 
E de dez em dez segundos ela se virava e me olhava, desconfiada.
- Ai, mãe! Tá chorando??
- Não foi nada, filha!
- Mas então não chora! Não é pra ficar chorando, chorando...!!
- Tá bom.

     Os olhares "de ladial" seguiram até as palmas finais do vídeo. Me coloquei no lugar dela e lembro de também não gostar de ver a minha mãe chorando, em qualquer situação, mesmo que de emoção. Esse ano, pude derramar minhas lágrimas sem fiscalização, sem ter que inventar cisco no olho.




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