terça-feira, 18 de novembro de 2014

Durante e depois do Atacama

     Dez dias longe do pai geraram várias perguntas da Laura: "Cadê o papai, mãe?", " Ele tá no boliche ainda?", "O papai vai demorar?", "Mas eu tô com saudade dele!".
Resolvi mostrar a localização do Bruno num mapa pra crespa, no computador.
 
     Assim que viu onde o pai estava, me perguntou onde ficava "Santalegue". Mostrei a distância (enorme) que existe entre Porto Alegre e Santa Rosa. Mais do que depressa, ela me olha e exclama:
Fazendo alusão á música que muita gente do interior do Estado conhece. Comparando, é como se um toco de gente do tamanho da Laura falasse o refrão da Garota de Ipanema ao ver uma moça bonita passando na calçada.
Ri tanto que até ela começou a gargalhar junto.
 
 
     Como boa parte dos Bruns viajou ao mesmo tempo, os "abandonados" resolveram se juntar. Numa noite a junção foi na Greici e no Rafa. Ele tem adoração pela Laura, e brinca com ela até cansar. Durante a noite, rolaram várias brincadeiras divers com ele, e lá pelas tantas a Laura quis assistir desenho. O Rafa, todo solícito, foi explicar pra crespa como se aumentava e baixava o volume do notebook e (acredito eu, que sem perceber) começou a repetir pra ela durante a explicação:
- Tá ligada, Laura? Tá ligada? Mas tá ligada, Laurinha?
A Laurinha, revirando os olhos "a lá" Camila Turra e dando uma bufada que denunciava sua perda de paciência com o primo:
- Sim, Rafa!!!! Eu tô ligada sim!!!!!
Certamente o pensamento do Rafa pela cara que ele fez depois da exclamação da Laura foi: "Ok, não se fala mais nisso!"

No domingo ao meio dia, a junção aconteceu aqui em casa. O Rafa teve apoio no revezamento das brincadeiras com a Laura. O tio Nola e a Cacá desempenharam bem o papel de recreacionistas. Uma das brincadeiras que a Laura mais curtiu foi pular a cobrinha que eu e o tio Nola fizemos com a corda no chão. Quando a crespa pulava, todos vibravam, batiam palmas e gritavam: "Laura, Laura, Laura!!!"  Numa das vezes, nós esquecemos de ovacioná-la. Mais que depressa, ela pediu:
- Agora vocês falam: Laura, Laura, Laura!!!!

Tive que trabalhar no sábado que o Bruno voltou do Atacama, por isso a Laura foi dormir na casa da Vó Lulu e do vô Bruno. Deixei a neninha lá logo após a aula e voltei pra casa pra buscar calcinha, fralda e outras coisa que havia esquecido. Quando voltei, encontrei uma verdadeira casa montada na sala. A cozinha tinha até uma torradeira de brinquedo. Os legumes de plástico estavam dispostos em pratos e tijelas que pareciam de verdade! A cabana continha bonecas que dormiam no carrinho. Cadeirinhas e outros utensílios completavam a brincadeira.
Essa vó Lulu vale ouro! Montou tudo e estava toda faceira brincando com a Laura, que se empolgou tanto que quis jantar nos pratinhos de brinquedo.
 

A casa que a vó Lulu fez pra brincar com a Laura. Mereceu registro!
      Na tarde que o Bruno retornou ao conforto do lar, ele nos pegou no meio da sessão de manicure. Chegou com a roupa pesada de motociclista, com os cabelos super sujos, barbudo, com a segunda pele grudada ao corpo, de tanto calor. Dei um selinho rápido no viajante, que logo entendeu que pra ganhar um abraço caloroso e um beijo de verdade, era necessário um bom e eficiente banho. Ao ver o pai, a Laura correu na sua direção e deu-lhe um abraço cheio de saudades! Aí, fez uma cara de nojo, que misturado ao sorriso pela alegria de ver o Bruno deixou a expressão dela muito engraçada. Ele, por sua vez, continuou afofando a crespa, enchendo ela de beijos, fazendo cócegas... até que ela espalmou a mãozinha entre ela e o pai, desvencilhando-se das demonstrações de carinho dele  e disse, sem rodeios:
 
- Tá, tá, pai! Tu tá muito fedido. Vai tomar um banho e depois a gente conversa. Tá bom?
 
     Depois de nós dois rirmos muito da sinceridade da neninha, ele acatou o pedido dela, voltando cheiroso e limpinho, a fim de contar as aventuras da viagem.
 
 
 
A Laura ganhou um bodoque made in Chile do Bruno. E não sabendo a utilidade do presente, foi perguntar pro Vô G. Ele, com sua delicadeza e sinceridade de sempre, respondeu:
- É pra matar passarinho.
- Mas não tem nenhum passarinho aqui, vô!
Ah, mas tu tens que chamar que ele vem!
E assim a Laura foi em direção a horta da Nona, cantarolando:
- Passarinho!! Vem aqui que eu quero matar vocêêê!!

Acho que os passarinhos fugiram de tanto que gargalhamos com o chamado da Laura...
 
 
 
 

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