segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O pai

     Depois das festas de final de ano, que pra família TurraSala resumem-se em muito cansaço, saímos do país. Que chique!!! Quem mora perto da Argentina tem que aproveitar. Passamos o primeiro final de semana do ano de 2013 em Posadas. Objetivo: descansar, comer bem e descansar mais um pouco. 

     Conto neste post um história que merece toda a atenção dos meus queridos leitores:
     Estávamos eu, o Bruno e a Laura num restaurante na Costaneira, jantando, quando na mesa ao nosso lado acomodaram-se um homem e uma menina. Calculo que ele deva ter a idade do Bruno mais ou menos. Presumimos que se tratava de pai e filha. Ela, muito comportada, linda, olhando desenho no celular dele e tomando um suco de laranja. Ele, jantando e tomando uma garrafa de vinho (como todos os argentinos que lá estavam).

     Mesmo enquanto jantava e bebericava seu vinho, o cara brincava com a guriazinha, conversava com ela e trocava o desenho do celular de vez em quando. Pensei comigo: deve ser separado da mãe dela e é o final de semana do pai ficar com a pequena...

     Então o Bruno começou a puxar papo com o cara, e a guriazinha a brincar com a Laura. Conversamos por um bom tempo sobre os mais diversos assuntos, inclusive como resolvemos aumentar a família e ter a Laura e ele nos contou um pouco da sua história.

     Ele se chama Lucas, mora em Posadas e estava tri bem com a mãe da Victoria (que hoje tem dois anos e meio e é a cara dele), se davam muitíssimo bem. Conheceram boa parte do mundo juntos, ele era "muy enamorado" dela, tudo certo, e a Victoria nasceu. Quando a pequena tinha vinte dias, sua mãe sumiu. Nunca mais se soube notícias dela. Nem ao menos os pais e irmãos dela sabem onde a mulher se meteu. Depressão pós parto é a explicação mais plausível pro que aconteceu, segundo o Lucas. Ele ficou sem saber o que fazer, com uma criança recém nascida nos braços e sozinho.  Nos contou que levava a filha até o hospital local onde tem banco de leite materno, pois a Victoria ainda mamava no peito. Lá ela era amamentada pelo leite do estoque e por outras mães. A Victoria convive com os avós, tios e tias maternos, é rodeada por muito amor de ambas as famílias e mora com ele. O único temor do Lucas, segundo ele próprio, será o dia que ela irá pedir pela mãe. 

     Eu e o Bruno ficamos estarrecidos com a história. Vá saber o que se passa na cabeça de uma mulher pra abandonar uma filha com menos de um mês. E pior, não dar notícias nunca mais. Será que ainda está viva ou pulou de uma ponte? E os pais dela, como devem estar? E quando a Victória querer saber da mãe, o que o Lucas vai dizer a ela?

     Depois de saber da história desse cara, fiquei pensando em todo o sofrimento que ele passou, que a família da mãe que sumiu passou, do que isso vai acarretar na vida da Victoria no futuro... e desejo pra esses dois toda a felicidade possível.

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