Recentemente a Laura completou 5 anos (!!!) e, definitivamente, seus gostos e interesses mudaram de uns tempos pra cá. Pula corda com uma desenvoltura invejável, patina lindamente e anda evoluindo bem na bicicleta. Desenhos, letras, números, lápis de cor e canetinhas são a bola da vez. Respeitando o tempo limitado de assistir desenho, filmes e afins, a novela infantil Carrossel e de vez em quando as Chiquititas também tornaram-se parte da rotina. Assim como todas as músicas das trilhas sonoras são cantaroladas na hora do banho, pela sala...
Há uns dois meses, a crespa estava cantando pra minha mãe uma dessas músicas (não sei de do Carrossel ou das Chiquititas...), e seguiu-se o diálogo:
- Mas e as músicas da Galinha Pintadinha... tu não escutas mais, Laura?
- Claro que não, né Vó!!
E fazendo cara de desdém ela complementou:
- Galinha Pintadinha é coisa de bebezinho!
- E tu não és mais bebezinho?
- Não! Sou menina grande já!
- Mas menina grande não pode querer dormir na cama dos pais. Só quem dorme na cama dos pais é bebezinho.
Silêncio. Se fosse possível ver aquela nuvenzinha de pensamento por cima da cabeça da Laura, certamente ela estaria ali, inflada.
Suspiro, ombros encolhidos e revirada de olhos = resignação e comentário final:
- Tá bom, tá bom. Sou bebezinho mesmo. Não tô nem aí.
Semana retrasada, já na finaleira dos 4 anos, a Laura fez menção de dormir na nossa cama e eu comecei a brincar com ela:
- Então tá! Nosso bebezinho vai dormir aqui essa noite. Né bebezinho da mamãe??!! Mas aí tu tens que voltar a fazer tudo o que um bebê faz.
- Tudo o que?
E fui enumerando cada item, nos dedos, enquanto ela arregalava os olhos e ria alto:
- 1: Chupar bico
2: Tomar leite do "titi" da mãe e na mamadeira
3: Fazer cocô e xixi na fralda
Os olhos se arregalavam cada vez mais...
4: Escutar SÓ Galinha Pintadinha
Gargalhadas da crespa. Aí comecei a pegar pesado: falei das coisas que ela não come de jeito nenhum.
5: Comer frutinha raspadinha com colher, principalmente MAMÃO.
6: Comer BATATA amassadinha, purê de BATATA, BATATA assada...
Aí ela ria e gritava:
- Não, isso não!
Continuei com a brincadeira por um bom tempo, e ela se divertindo. Até que realmente chegou a hora de dormir. Tranquilamente, ela deu boa noite pro Bruno e pediu que eu fosse até o quarto dela pra nossa leitura de rotina. Fui, li o livro, dei o beijo de boa noite e perguntei se, realmente, ela iria dormir na cama dela. Ela me respondeu quase dormindo:
- Sim, mãe, vou dormir aqui na minha cama. Não quero voltar a ser bebê de novo.
A obrigatoriedade de comer batata e mamão, mesmo que por brincadeira, fez nossa guria tomar uma atitude de menina grande.